Capítulo 99
Bruna estava sendo embalada por uma sensação boa de descanso, numa cama perfeita, e provavelmente nunca terá a chance de experimentar.
Sentindo uma linha fina atrapalhando o alcance do nirvana, que somente o corpo físico pode proporcionar, e batalhando para retornar a essa plenitude, a necessidade de esvaziar a bexiga é maior.
“Não… droga, não quero levantar.”
Lutando consigo mesma, por uma função necessária, alucinou que estava em casa, e que a distância até o único banheiro fosse uma tortura.
O som da melodia, que passou despercebido durante a fase do sono profundo, soava em sua mente, preenchendo por completo todas as sensações que só essa causa.
Desespero, tristeza e solidão.
Tudo, em uma bela composição feita exclusivamente na obra que ama, mas odeia o segundo livro, desagradando a personagem principal.
Portanto, prefere o terceiro e o quarto, pelo menos essa parte, quando exibida para as telas, foi melhor.
A vontade fraca intensificou, notando que não tem volta, precisava esvaziar, e depois voltar ao conforto.
E, como quisesse eliminar esse mal, reagiu primeiro que seus olhos e levantou de supetão, surpreendendo as figuras que não fazem parte do seu círculo familiar.
Mesmo assim, a necessidade primitiva era maior que a de sobrevivência.
Ao sair contragosto, sendo recepcionada por um ar gelado, rastejou como uma lagarta que sobe em uma folha para concluir o processo de metamorfose.
Carregando o telefone que não lhe pertence, vai em direção ao banheiro que jura achar que é de sua casa.
A melodia tocava apenas de um lado, pois o outro fone sumiu enquanto saía do ponto de origem.
“Quero fazer xixi, quero fazer xixi…. Tô tão cansada.”
De rosto ocultado, revelou sua natureza para os ocupados até então com a pilha de tarefas de assuntos importantes, e seguindo a reta que seu cérebro gravou, entra, fechando logo em seguida.
Estranhava o fato dessa não ser a costumeira sanfonada, e mesmo num lugar magnífico, o sonho de qualquer ser humano — principalmente de sua irmã — foi diretamente ao vaso.
Sentindo falta da pequena vira-lata.
“Cadê Belinha? Beatriz saiu com ela, ou tá na laje com a Nina?”
Enquanto tira o short de malha, a calcinha de ontem foi mostrada, do mesmo modelo que trouxe consigo.
Chegando a ser mais fofa de fundo branco, e nas bordas um azul-turquesa, e para decorar, vários desenhos de flores bem coloridos e distribuídos na parte externa.
Apesar disso, na verdade, são as únicas acessíveis ao seu bolso.
Cada peça custa no máximo R$ 6,99, capitalizando sete por 49 reais, e isso é um baita desconto mesmo que a qualidade seja ruim e não duraria por seis meses.
Porém, esses modelos estão durando pelo uso contínuo do sabonete íntimo que amou a primeira vez.
Não senti o cheiro característico de urina misturada com odor natural vaginal, o que faz tão bem, e imaginou como ficou sem saber desse produto milagroso que só custava 10 reais.
“Isso é o paraíso… paraíso.”
Usado em pouca quantidade, a durabilidade subiu no requisito financeiro, recebendo o selo BBB, significando: Bom, Bonito e Barato.
Enquanto o líquido era derramado em um vaso sanitário caro, toda sonolência foi sumindo, e lentamente nota que aqui não é sua casa, muito menos o seu lar.
Que saiu de casa para passar o dia com um certo cara, que tem todos os privilégios de um nepo baby.
“Caramba, esqueci que to no quarto do Mohammad, acho que não dormi e sim apaguei.”
Passa a mão nos olhos para entender de fato o seu local de origem, investigando se havia algo errado, ou até, expeliu inconscientemente lubrificante.
“Ufa!”
Não, não tinha nada, do mesmo jeito que deitou foi o mesmo que acordou, tirando o fato de que estava usando uma camisa enorme.
“Caralho, até fiquei sem top na casa de um estranho, às vezes acho que não raciocino bem das bolas não.”
E, todos os detalhes, acabou enxugando com um papel higiênico, eliminando qualquer prova de urina e jogou no cesto.
Indo diretamente ao enorme espelho, visualizou seu cabelo bagunçado, pedindo socorro, um espírito em frangalhos por mostrar um lado nada feminino para um cara fabuloso.
É a primeira coisa que lhe acontece, nenhum que não seja do seu convívio viu assim, bem, brasileiros são conhecidos pela simpatia e não pela intimidade.
Instantaneamente, soltou a juba e prendeu firmemente com um pouco de água frontal para diminuir o frizz, avisando para lavar, se não, não será somente a aparecer.
“Tá… hum… ok, tá tudo bem, só preciso voltar e deitar na cama novamente e fingir que nada aconteceu. Você consegue, ok?”
Ao confirmar com toda segurança sobre o futuro incerto, o celular em cima da pia de mármore mostra uma passagem onde não tem controle.
A foto, irrelevante durante a semana inteira, agora é visível como um dia claro, são eles quando foram ao Parque Lage.
O ato simbólico da despedida para a mãe é mostrado alegremente, num rosto sorridente, fazendo com os dedos o símbolo tradicional, revelando o traço que imaginou ter perdido.
Logo, um rapaz tão feliz quanto ela, carregando-a nas costas.
Qualquer cidadão interpretaria como um passeio romântico de um casal que se ama e se completa.
Contudo, não tem algum laço vermelho, observando com estranhamento e até um certo pavor.
Questionando se precisava se preocupar com essa prova explícita diante de sua face.
Mas logo alegou que nunca a tratou mal ou a forçou a uma coisa que não queria, assim dava para tolerar a emoção que não deveria cruzar seu caminho.
“Que emocionado da porra!”
Portanto, ocultando-se e pronta para encarar esse que adotou como um lobo em fase de treinamento.
Respirando fundo, abriu a porta e saiu como se fosse nada.
Fingindo que ainda estava cansada para correr diretamente ao único ponto seguro.
“Ignore, ignore e, se der errado, finge desmaio.”
A lei básica vale para qualquer um em situação similar.
Entretanto, ao contrário da soma 0+1, na verdade, é 1+1, o que piorou o teatro.
Dois homens em um mesmo ambiente, teclando nos notebooks, e o sem-vergonha do Mohammad fazendo cosplay de Jacob.
Vendo essa cena casual, nunca viu o quão perfeito era.
Queria acreditar de fato se essa divindade estava afim dela, porque, até o momento, fica difícil engolir.
Já o outro, não tinha as mesmas qualidades desse deus e, por incrível que pareça, é seu biótipo favorito, trajando um terno caro e usando um óculos semelhante ao da sua irmã.
O estranho é que se assemelhava a um animal acuado.
Como se estivesse de frente a um predador feroz pronto para atacar, e suas bochechas estão coloridas de um roxo intenso, fora o inchaço.
Despertando o seu lado protetor.
“Meu Deus! Seu rosto, menino, tá muito feio!”
Ignorando Mohammad, foi até o secretário que observava a atitude benfeitora como algo ruim.
Caso toque, mesmo que seja a unha, a tortura será pior.
Quando pisou, o suficiente para saber a dimensão, o empregado agiu por instinto, pulando da cadeira, deixando-a confusa.
“O que tá acontecendo? Por que tá fugindo assim? Só queria ver, caramba, tá muito inchado, por que não foi ao médico?”
Nesse momento, ninguém responde à pergunta, e a linguagem comportamental da vítima era para manter distância.
Ligando os fatos, foi direcionada para outra, aquele que deveria temer, mas que de alguma forma não sente isso.
“O que está acontecendo aqui, Mohammad?”
O doce tom de preocupação trocou por um poderoso e forte, em explícita repreensão ao verdadeiro culpado.
Mas, diferente de tudo que sabe, esperando o presidente levantar e corrigir, fazendo entender que quem manda é ele, na verdade, foi o oposto.
Serenamente, como uma criança travessa, mas fingi inocência, pergunta.
“O quê?”
Bruna não gostou do deboche, sorrindo raivosamente como se estivesse pronta para agredir esse Adônis.
O pior era saber que esse cara deixaria essas pequenas mãos o atacar enquanto faz carinho.
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Capítulo 99
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Dizem que o amor é a chave para o sucesso, capaz de unir mãos e garantir um felizes para sempre.
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