Fragmentos De Nós S2

Fragmentos de Nós

Capítulo 14

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Meses depois

A luz da manhã filtrava-se suavemente pelas cortinas entreabertas, tingindo o quarto com um brilho dourado e preguiçoso. Cas despertou aos poucos, sem pressa, sentindo o corpo ainda aquecido pela proximidade com Ellin durante a noite.

O ar carregava o perfume íntimo do ômega — não algo que se espalhava pelo ambiente, mas que se revelava de perto, quase em segredo. Havia nele o frescor aveludado do pêssego, doce e macio, como uma ternura que nascia da própria pele; o jasmim surgia em seguida, floral e envolvente, um convite discreto que se gravava na memória; e, por fim, o calor suave do mel, adocicado e acolhedor, trazendo consigo um magnetismo sutil, daqueles que despertam a necessidade de se aproximar ainda mais. Era um cheiro feito para ser sentido de perto, nunca à distância — e, para Cas, era o próprio significado de lar.

Ele abriu os olhos devagar e, ao virar-se ligeiramente para o lado, encontrou Ellin já acordado, deitado de bruços sobre a cama, com o tablet apoiado em um dos travesseiros.

A caneta digital deslizava com leveza pelos dedos dele, e Cas soube imediatamente que ele estava trabalhando em algum projeto. Os olhos azuis de Ellin estavam concentrados na tela, as sobrancelhas ligeiramente franzidas enquanto ele dava atenção aos mínimos detalhes do desenho.

Cas ficou ali por um momento, apenas observando. Havia algo hipnótico na concentração de Ellin, nos movimentos precisos de suas mãos e na serenidade que emanava dele.

— Você já está acordado há muito tempo? — murmurou, a voz rouca pelo sono.

Ellin ergueu os olhos, e um pequeno sorriso despontou em seus lábios.

— Desde cedo… Não consegui voltar a dormir — respondeu em tom baixo, antes de voltar os olhos ao tablet. — Pensei que podia adiantar algumas coisas.

Cas suspirou, rolando de costas para encarar o teto por um instante, mas logo seus olhos se prenderam de novo ao marido. Havia nele uma beleza quase displicente: o cabelo ainda desalinhado pelo travesseiro, a pele levemente marcada pela pressão do tecido, e aquela expressão atenta que parecia sempre carregar mais do que deixava transparecer.

Ellin finalmente suspirou e deixou a caneta repousar sobre a mesa de cabeceira. Como quem se rende ao óbvio, afastou também o tablet e, sem dizer nada, deslizou pelo colchão até se deitar por cima de Cas. O peso suave do corpo sobre o dele arrancou-lhe um sorriso discreto.

— E eu tenho que ir trabalhar. — Ellin fez um biquinho infantil, apoiando o queixo no peito dele, como se esperasse que a expressão fosse suficiente para convencê-lo. Cas desviou os olhos por um instante, tentando manter a seriedade, mas o gesto arrancou-lhe um sorriso inevitável.

— Não adianta — murmurou, tocando de leve o queixo dele para desfazer a expressão emburrada. — Você sabe que, se eu ceder, não vou sair daqui hoje.

O silêncio que se seguiu foi breve, mas denso. Foi então que Cas percebeu algo distinto no ar — o cheiro de Ellin estava mais intenso, mais próximo da pele, como se cada nuance tivesse ganhado corpo. O pêssego parecia mais maduro, o jasmim mais penetrante, e o mel mais denso, trazendo uma nota que mexia com seus instintos de alfa de forma imediata. Uma pontada de alerta percorreu sua mente, uma sensação de que havia algo diferente acontecendo.

Mas não comentou. Apenas fechou os olhos por um instante, respirando fundo para controlar a reação natural de seu corpo.

Com cuidado, afastou Ellin, deslizando-o para o lado, antes de se levantar da cama.

— Vai me atrasar de propósito? — disse em tom quase divertido, pegando a toalha pendurada na cadeira.

Ellin o seguiu com os olhos até a porta do banheiro, os lábios ainda curvados no mesmo sorriso provocador de antes.

— Talvez essa seja a ideia… — retrucou, deitando de costas na cama, como se o simples ato de tê-lo perturbado já fosse uma pequena vitória.

Cas balançou a cabeça, mas não conseguiu evitar o riso baixo que escapou de seus lábios enquanto desaparecia pelo vão da porta.

—–

Cas trabalhava como chefe de cozinha em um hotel e, naquela manhã, seguia pela estrada em silêncio, o rádio ligado apenas como um fundo distante, sem conseguir prender sua atenção. Sua mente voltava insistentemente ao instante antes de sair de casa — Ellin.

Cas estava acostumado com as demonstrações carinhosas dele, especialmente nas manhãs preguiçosas em que o ômega se agarrava a ele na cama, sem pressa de começar o dia. Mas, não foi isso que o intrigou.

Ele ajustou a postura ao volante, apertando o couro macio entre os dedos enquanto um calor familiar subia de forma lenta e silenciosa.

O perfume natural do ômega — normalmente suave, íntimo, feito para ser percebido de perto — havia mudado. Ainda havia nele o frescor adocicado do pêssego e a delicadeza do jasmim, mas, naquela manhã, tudo parecia mais encorpado, mais intenso, como se uma nota oculta tivesse despertado de repente. Cas não precisava de muito para reconhecer: era a forma como os feromônios de Ellin se alteravam em momentos raros, indício de que o cio podia estar à espreita.

Ao estacionar o carro no hotel e desligar o motor, Cas respirou fundo. Aquela sensação de calor parecia permanecer impregnada na pele dele, mesmo após o banho que tomara antes de sair. Nada incomum, considerando que eles viviam juntos e eram alfa e ômega marcados. Seus corpos reconheciam um ao outro de forma instintiva, como parceiros fixos. O vínculo entre eles tornava os rastros do cheiro algo inevitável, especialmente depois de um contato mais íntimo — por mais breve que fosse.

Cas desceu do carro e seguiu para a entrada do hotel. Enquanto cruzava o saguão, notou que alguns funcionários pareciam olhá-lo com atenção maior do que o habitual. Não era algo explícito, mas havia pequenos gestos que ele aprendera a reconhecer com o tempo — um ajuste de postura aqui, um olhar fugidio ali. E então, captou o motivo: o cheiro.

Embora não fosse algo forte ou invasivo, quem tivesse um olfato apurado — alfa, beta ou até mesmo ômega — provavelmente notaria as nuances do aroma de Ellin ainda presentes em Cas. Normalmente, isso não seria nada demais, mas, considerando o comportamento de Ellin naquela manhã, Cas começou a suspeitar que algo maior estava acontecendo.

Ao chegar à cozinha, o ambiente já começava a se movimentar com o ritmo característico do início do dia. Cas cumprimentou rapidamente os colegas e iniciou suas tarefas, mas sua concentração permanecia fragmentada.

Ellin raramente entrava em cio. Seu ciclo hormonal era instável devido à hiperprolactinemia e ao uso de supressores. Ainda assim, Cas não podia ignorar a possibilidade de que Ellin estivesse entrando em um cio inesperado.

Enquanto preparava alguns pratos, Cas sentia sua inquietação crescer. A imagem de Ellin o encarando com olhos febris naquela manhã agora fazia muito mais sentido. Se Ellin realmente estivesse entrando em cio, e se não tivesse percebido o que estava acontecendo com seu próprio corpo, aquilo poderia rapidamente se tornar uma experiência desconfortável para ele — especialmente estando sozinho em casa e sem entender a origem daquela sensação crescente de necessidade.

Cas não voltou para casa imediatamente. Decidiu continuar trabalhando, ao menos até garantir que seus receios fossem infundados.

Ainda que sua intuição lhe dissesse que Ellin estava apenas no início do ciclo, e que talvez o cio completo nem chegasse a se manifestar, ele não conseguiu evitar aquela sensação de inquietação que vibrava em sua mente desde que havia deixado o apartamento.

Já passava algum tempo desde que estacionara o carro e entrara na cozinha do hotel, ajustando o avental em um movimento automático, enquanto seus pensamentos vagavam em outra direção. O ambiente ao seu redor seguia a rotina de sempre — panelas fervendo, aromas inebriantes no ar e o som ritmado das facas cortando ingredientes sobre tábuas de madeira.

Cas, no entanto, não conseguia imergir completamente no trabalho. Sua concentração deslizava a cada pausa, atraída como um ímã pela lembrança da expressão levemente inquieta de Ellin naquela manhã.

Decidiu que precisava ouvi-lo. Não ver, mas ouvir. A voz de Ellin sempre fora um alívio para ele, um som suave e familiar que o ajudava a manter os pés no chão. Talvez, se fizesse uma ligação rápida, pudesse confirmar que estava tudo sob controle e, assim, permitir que sua mente descansasse.

Tirando o celular do bolso, Cas afastou-se para uma área menos movimentada da cozinha e discou o número de Ellin. A chamada não demorou a ser atendida.

— Cas? — A voz de Ellin surgiu do outro lado da linha, levemente surpresa, mas sem sinais de ansiedade ou desconforto.

— Oi — respondeu Cas, num tom que soava casual, mas que escondia a tensão velada que ele ainda não tinha certeza se deveria revelar —, tudo bem por aí?

Houve uma breve pausa. Cas ouviu o som de páginas sendo folheadas e deduziu que Ellin provavelmente estava revisando algum dos textos em que trabalhava. Isso o tranquilizou um pouco. Se estivesse concentrado em seu trabalho, então talvez realmente não houvesse motivo para preocupação.

— Sim, tudo tranquilo — respondeu Ellin, com a naturalidade de quem não percebeu qualquer mudança significativa no próprio corpo —, por quê? Você acabou de sair de casa.

Cas hesitou por um momento, ponderando como abordar o assunto sem soar alarmista. Ele não queria assustá-lo ou sugerir que algo grave estava acontecendo. No entanto, também não podia ignorar os sinais que percebera.

— É, eu sei — começou ele, mantendo o tom baixo e ponderado —, Ellin, eu acho que você pode estar entrando no cio.

Do outro lado da linha, Ellin não respondeu de imediato. Cas imaginou que ele estava processando a informação, e isso não era surpresa.

Cios naturais eram raros para Ellin, algo que acontecia tão esporadicamente que, às vezes, ele não reconhecia os primeiros sinais. Sua condição hormonal instável, somada ao fato de ser um ômega marcado, fazia com que seus ciclos férteis fossem irregulares e, em muitos casos, quase imperceptíveis.

— Agora que você mencionou… faz sentido — disse Ellin, após alguns segundos. Sua voz soava calma, mas havia um toque sutil de curiosidade, como se ele estivesse mentalmente revisando os próprios sinais e sintomas.

Aquela confirmação reforçava o que ele já suspeitava, mas a atitude tranquila de Ellin ajudou a dissipar parte de sua preocupação.

— Pode ser só o estágio inicial — disse ele, com um suspiro baixo —, mas é melhor não arriscar. Fique em casa, tudo bem? Pelo menos até termos certeza do que está acontecendo.

A preocupação genuína na voz de Cas era inconfundível, e Ellin não precisou ver sua expressão para entender que ele falava sério.

Sabia que Cas tinha suas razões. Ainda que fosse um ômega marcado e, portanto, protegido por essa ligação biológica que afastava outros alfas, havia sempre uma margem de risco. Especialmente em uma sociedade onde alfas mal-intencionados não eram tão raros quanto deveriam ser.

— Não se preocupe — respondeu Ellin, com um tom leve que buscava tranquilizá-lo —, eu não vou sair. Vou ficar aqui, trabalhando.

Cas esboçou um meio sorriso, sentindo-se um pouco mais relaxado.

— Melhor assim — disse ele, permitindo-se um toque de brincadeira para aliviar o clima —, não quero ter que ficar te monitorando pelas câmeras de segurança.

Ellin riu, um som suave e musical que fez Cas sentir o peito aquecer.

— Não vai precisar — respondeu Ellin, com um ar divertido.

Cas riu baixinho, sacudindo a cabeça, e então houve um momento de silêncio confortável entre eles. Não era um silêncio vazio, mas sim aquele tipo de pausa que só acontece entre pessoas que se conhecem profundamente, onde palavras não são necessárias para manter a conexão.

— Eu acredito em você. Volto para casa mais cedo, se puder — disse Cas, depois de um tempo —, só pra garantir.

Ellin não protestou. Sabia que Cas ficaria mais tranquilo assim, e, para ser honesto, ele também gostava de tê-lo por perto, especialmente em momentos como aquele, onde as coisas poderiam ficar imprevisíveis.

— Vou estar esperando — respondeu Ellin, com um sorriso na voz.

Depois que encerraram a chamada, Cas permaneceu por alguns instantes parado no mesmo lugar, segurando o celular na mão e refletindo sobre o que havia acabado de acontecer. Não era comum que ele deixasse suas preocupações transparecerem daquela forma, mas com Ellin era diferente. Sempre fora.

Respirando fundo, ele guardou o celular no bolso e voltou à cozinha, determinado a finalizar o trabalho o mais rápido possível para poder voltar para casa e garantir que tudo continuasse bem. Mesmo com a tranquilidade aparente de Ellin, uma parte de Cas ainda permanecia alerta — e ele sabia que não conseguiria relaxar completamente até estar ao lado dele novamente.

—–

O dia transcorrera sem grandes sobressaltos. Entre as batidas precisas da faca sobre a tábua e o aroma dos pratos que preparava, Cas monitorava o celular em intervalos regulares. Ellin respondia a cada mensagem com a mesma leveza habitual, sem sinais de incômodo ou algo que indicasse qualquer piora. Ele parecia bem.

Cas, então, conseguiu terminar o expediente com uma sensação de alívio discreto. Embora o pensamento de Ellin não lhe saísse da mente, a certeza de que ele estava em casa, seguro, permitiu que Cas conduzisse o restante do dia sem grandes distrações.

Quando finalmente saiu do hotel, o sol já havia começado a descer no horizonte, tingindo o céu com tons de âmbar e púrpura. Ele entrou no carro e dirigiu em silêncio, apreciando o som suave do motor e a familiaridade das ruas que o levavam de volta ao lar. Não via a hora de chegar. Não apenas para garantir que tudo estava sob controle, mas também porque, no fundo, queria apenas estar perto de Ellin. Aquela preocupação silenciosa — um fio constante em sua mente — só desapareceria completamente quando pudesse vê-lo com seus próprios olhos.

Assim que abriu a porta do apartamento, foi recebido por algo que o fez parar imediatamente. Um cheiro. Forte, quente, denso.

O aroma característico de Ellin sempre fora um detalhe sutil, quase doce, que Cas conhecia tão bem quanto o próprio cheiro. Mas, desta vez, havia algo diferente. Era pungente, sobrecarregado, e preenchia cada canto do ambiente. Cas sentiu a tensão imediatamente percorrer sua espinha. Algo estava errado.

Ele fechou a porta com mais força do que pretendia e avançou pelo corredor, o corpo inteiro em alerta.

Chamou por Ellin uma vez, e depois outra, mas a única resposta foi o silêncio opressivo que dominava o apartamento. O cheiro parecia mais forte conforme se aproximava do quarto, como se emanasse dali, uma onda pesada e opressiva que fazia o coração de Cas acelerar.

Quando entrou no quarto, a visão que encontrou o deixou imóvel por um segundo, como se o ar tivesse sido arrancado de seus pulmões.

Ellin estava na cama, seu corpo se contorcia de uma forma vulnerável e desesperada. Seus quadris arqueavam para fora do colchão, enquanto uma mão segurava a base de um vibrador, empurrando-o freneticamente para dentro de si.

Seus longos cabelos estavam presos de qualquer jeito em um coque frouxo, com fios soltos grudando em sua testa úmida. As bombas zumbiam contra seus seios carregados de leite, suas ventosas puxando ritmicamente, mas sem resultado.

Sua respiração era curta e irregular, e suas mãos tremiam levemente enquanto pressionavam o peitoral. Ele precisava de alívio, seu corpo estremecia a cada pulsação do vibrador, a cada puxão das bombas.

— Ellin. — A voz de Cas saiu baixa, mas carregada de preocupação, e ele se ajoelhou ao lado dele em um único movimento, os olhos percorrendo rapidamente cada detalhe de sua expressão contorcida.

Ellin congelou, sua respiração presa em um soluço. Seus olhos, vermelhos e cheios de lágrimas, encontraram os de Cas, e a visão de seu ômega em tal angústia destruiu algo dentro dele.

— Cas… — ele respirou, sua voz tremendo —, eu não consegui esperar até você chegar… — Ellin levantou o olhar, e havia um brilho opaco e febril em seus olhos azuis, um sinal claro de que a dor estava começando a dominá-lo. — Eu… eu tentei — murmurou ele, num fio de voz trêmulo —, tentei drenar, mas não adianta. Não sai o suficiente, e está… está doendo muito. Eu pensei que se eu… se eu… — Ele parou, seu corpo tremendo quando ele tirou o vibrador de dentro de seu corpo; uma nova onda de lágrimas descia por suas bochechas.

Cas sentiu o peito apertar ao ouvir aquilo. Não era comum Ellin admitir dor com tanta facilidade. Ele sempre tentava suportar em silêncio, sempre minimizava o próprio desconforto. Se estava dizendo isso, era porque a situação tinha atingido um ponto crítico.

— Droga… Ellin, por que você não me ligou? — perguntou Cas, a voz carregada de uma frustração que não era direcionada a ele, mas à sensação de impotência que crescia dentro de si.

Ellin desviou o olhar, mordendo o lábio inferior em silêncio.

Talvez tivesse pensado que conseguiria lidar sozinho. Talvez não quisesse preocupá-lo. Mas agora, com o peitoral todo inchado e dolorido, cada músculo tenso pela tentativa de aliviar a pressão que não cedia, estava óbvio que isso estava fora de seu controle.

Cas não perdeu tempo. Tirou as bombas e pegou Ellin nos braços com um gesto firme, mas cuidadoso. O corpo dele estava quente demais, como se estivesse febril, e Cas pôde sentir o tremor sutil que percorria sua pele.

— Cas… — Ellin começou a protestar, mas o som saiu fraco, quase suplicante.

Seu rosto estava escondido contra o ombro de Cas, e ele cruzou os braços sobre o próprio peitoral em uma tentativa instintiva de aliviar a dor.

— Não — interrompeu Cas, a voz baixa, mas intransigente —, nós vamos ao hospital. Agora.

Ellin não respondeu. Talvez porque soubesse que discutir seria inútil, ou talvez porque não tivesse mais forças para protestar.

Ele apenas suspirou contra o pescoço de Cas, o peso de seu corpo relaxando levemente nos braços firmes que o carregavam.

Cas sentiu aquele suspiro quente contra a pele e apertou o abraço de leve, como se quisesse transmitir, de alguma forma silenciosa, que estava ali. Que o seguraria firme, não importava o que viesse a seguir.

Levou-o até o carro e o acomodou no banco do passageiro com o máximo de cuidado possível, ajustando o cinto de segurança e verificando rapidamente se Ellin estava confortável. O silêncio entre eles era denso, carregado de palavras não ditas, mas Cas sabia que não era o momento para perguntas ou explicações. Tudo o que importava, naquele momento, era levá-lo para o hospital e garantir que ele recebesse a ajuda necessária antes que a situação piorasse.

Quando entrou no carro e deu a partida, lançou um último olhar para Ellin. Ele estava com os olhos fechados, os braços ainda cruzados contra o peito, e a respiração parecia um pouco mais controlada, embora ainda estivesse longe de estar normal.

Cas apertou o volante com força e acelerou. A imagem de Ellin na cama, tremendo e lutando contra a dor, continuava gravada em sua mente, e ele sabia que não conseguiria apagar aquilo tão cedo.

Mas, por enquanto, havia apenas uma coisa em que ele precisava focar: levá-lo em segurança até onde pudesse ser cuidado e garantir que, acontecesse o que acontecesse, ele nunca mais precisasse enfrentar aquilo sozinho.

—–

O hospital estava silencioso quando Cas empurrou as portas automáticas, carregando Ellin cuidadosamente nos braços. O cheiro estéril de desinfetante e o brilho frio das luzes fluorescentes caíram sobre eles, criando um contraste desconfortável com o calor febril que Cas ainda sentia emanando do corpo de Ellin.

Mesmo em meio à sua preocupação crescente, ele notou como o rosto de Ellin parecia pálido sob aquela luz impiedosa, os traços normalmente delicados agora marcados pelo desconforto e pelo cansaço.

A recepcionista olhou para eles com surpresa por um instante, mas logo assumiu um ar profissional e se levantou de sua cadeira.

— Ele precisa de atendimento imediato — disse Cas, a voz baixa, mas carregada com uma urgência que não deixava espaço para objeções.

Ellin manteve o rosto escondido contra o ombro de Cas, como se não quisesse encarar o ambiente à sua volta. A dor ainda estava ali, Cas sabia, mas havia algo mais misturado a ela: uma ponta de vergonha. E isso o incomodava mais do que gostaria de admitir.

A recepcionista assentiu e pegou o telefone rapidamente, chamando um médico. Em menos de dois minutos, uma enfermeira apareceu e os guiou até uma das salas de atendimento. Cas seguiu sem hesitar, mantendo Ellin firme em seus braços, mesmo quando ele tentou, debilmente, protestar.

— Cas, eu consigo andar… — Murmurou Ellin, a voz abafada.

— Não vou te soltar. — Respondeu Cas, simplesmente, e o tom firme deixou claro que não era uma questão aberta à discussão.

Quando chegaram à sala, Cas o colocou cuidadosamente sobre a maca, ajustando o travesseiro sob sua cabeça e certificando-se de que ele estava confortável antes de recuar apenas o suficiente para que a enfermeira pudesse examinar Ellin.

— Qual é a situação? — Perguntou o médico que havia entrado logo atrás deles, observando Ellin com um olhar clínico.

Ellin pareceu hesitar, desviando o olhar para o lado, e Cas percebeu o desconforto evidente em seus olhos.

Ele sabia que Ellin detestava falar sobre sua condição, especialmente em público, onde o peso do julgamento parecia sempre presente. Então, antes que Ellin precisasse responder, Cas assumiu a palavra.

— Ele tem hiperprolactinemia — disse Cas, direto —, não conseguiu drenar hoje, e o acúmulo está causando dor e pressão excessiva.

O médico assentiu com um olhar compreensivo.

— Certo, vamos verificar isso. Pode deixar que cuidaremos dele. — Disse, dirigindo-se tanto a Cas quanto a Ellin, e começou a examinar o peitoral do ômega com cuidado.

Ellin fechou os olhos durante o exame, o maxilar tensionado, e Cas permaneceu ali, ao lado da maca, observando em silêncio e resistindo ao impulso de segurar sua mão.

A enfermeira limpou a pele de Ellin e preparou os equipamentos. O médico explicou que fariam uma drenagem manual assistida, seguida de aplicação de compressas frias e, possivelmente, um analgésico para aliviar a dor residual. Ellin assentiu em silêncio, ainda evitando o olhar de Cas.

Um nó se formou no peito de Cas e odiava vê-lo daquele jeito. Ellin sempre fora forte, resiliente, mas sua condição era uma vulnerabilidade que ele mantinha escondida do mundo. Cas queria dizer algo, qualquer coisa, que o fizesse relaxar, mas não sabia como encontrar as palavras certas sem parecer condescendente.

Quando a drenagem começou, Ellin estremeceu levemente, apertando os lábios para conter qualquer som de dor. Cas não aguentou mais ficar parado e deu um passo à frente, colocando a mão sobre a dele com cuidado. Ellin abriu os olhos e olhou para ele, surpreso, e por um momento, o brilho azul de seus olhos parecia mais suave, menos carregado de tensão.

— Estou aqui. — Disse Cas, baixinho, quase num sussurro.

Ellin não respondeu, mas a maneira como seus dedos relaxaram sob os de Cas foi resposta suficiente.

A drenagem levou alguns minutos, e Cas permaneceu ali o tempo todo, atento a cada reação de Ellin. Quando o procedimento terminou, o médico aplicou as compressas frias e fez algumas recomendações sobre o manejo da condição.

— Se a dor voltar ou houver sinais de infecção, voltem imediatamente. — Disse o médico, com um tom profissional, mas gentil.

Ellin assentiu e agradeceu em voz baixa, ainda evitando contato visual prolongado com qualquer pessoa além de Cas.

Quando o médico e a enfermeira saíram, deixando-os sozinhos na sala, o silêncio que se seguiu foi diferente. Não era mais tenso, mas carregado de algo mais suave, quase palpável.

Cas olhou para Ellin por um momento antes de se sentar ao lado dele na maca.

— Está se sentindo melhor? — perguntou, com um cuidado evidente na voz.

Ellin respirou fundo e soltou o ar lentamente.

— Sim… muito melhor. Obrigado por me trazer aqui. — Respondeu, finalmente olhando para Cas com um pequeno sorriso cansado.

Cas deu de ombros, tentando parecer despreocupado, mas havia uma intensidade em seu olhar que ele não conseguia esconder.

— Você não precisa agradecer.

Ellin o encarou por um longo momento, antes de fechar os olhos e encostar levemente a cabeça no ombro de Cas.

— Eu sei. — Murmurou ele, e havia uma sinceridade tão tranquila em sua voz que Cas sentiu o coração apertar levemente.

Eles permaneceram assim por alguns minutos, em silêncio, mas sem a necessidade de dizer mais nada. Cas aguardou até que Ellin estivesse mais relaxado antes de se levantar.

— Eu já volto, preciso falar com o médico. — Ellin acenou com a cabeça, aliviando o aperto em sua mão, permitindo que Cas saísse do quarto.

Ele avistou o médico no corredor, revisando alguns prontuários, e aproveitou a oportunidade para esclarecer o que o preocupava.

— Doutor — chamou, aproximando-se com o cenho franzido —, posso fazer uma pergunta?

O médico ergueu os olhos e assentiu com um gesto tranquilo, fechando o prontuário. Havia uma postura profissional em sua expressão, mas também uma dose de compreensão, como se já estivesse acostumado com aquele tipo de preocupação de familiares ou parceiros.

— Claro. O que deseja saber?

Cas cruzou os braços, parecendo ponderar por um momento antes de finalmente falar:

— Meu marido está começando a entrar no cio. Pensei que isso pudesse ter algo a ver com o que aconteceu hoje. A dor e o acúmulo… — sua voz era grave, mas havia uma inquietação evidente em seu olhar —, pode ter sido isso que causou o problema?

O médico arqueou ligeiramente uma sobrancelha e balançou a cabeça de forma enfática.

— Não, não exatamente — respondeu ele —, o cio pode ter intensificado a sensibilidade. Ele também aumenta a produção de leite em ômegas com hiperprolactinemia, mas o que seu marido enfrentou hoje não foi desencadeado por isso.

Cas assentiu levemente, como quem já antecipava a resposta.

— Então foi a obstrução. — Não era uma pergunta.

— Exato. — O médico confirmou com um gesto breve. — O problema que ele enfrentou hoje foi causado por uma obstrução nos ductos lactíferos. Se os ductos ficam bloqueados, o leite começa a se acumular atrás da obstrução, causando dor, inchaço e pressão. Às vezes, o bloqueio pode ser causado por um tampão de leite ou até mesmo por inflamação nos ductos ou até mesmo por inflamação nos ductos.

Cas respirou fundo, o olhar firme, processando as informações sem surpresa. Já conhecia o quadro, mas ouvir a explicação em detalhes trazia a confirmação de que não havia deixado escapar nada.

Ele sabia o que precisava ser feito. Ellin devia continuar com a drenagem regular, como já fazia, mas havia pequenas medidas que ajudavam a evitar novas obstruções: compressas mornas antes da drenagem, para dilatar os ductos; massagens suaves nos pontos doloridos, caso sentisse algum endurecimento; e atenção redobrada a sinais de inflamação — vermelhidão, calor excessivo, dor persistente — que poderiam indicar mastite, uma complicação muito mais grave.

A ideia de Ellin passando por aquilo sozinho o incomodava profundamente, e ele estava determinado a garantir que não acontecesse novamente.

— E quanto ao cio? — Cas perguntou depois de um momento, voltando ao ponto que ainda o preocupava. — Quero dizer… ele ainda pode passar pelo cio normalmente durante os próximos dias? Nós estamos… tentando engravidar. — Ele hesitou levemente, mas decidiu não se desviar.

O médico esboçou um sorriso compreensivo e assentiu.

— Sim, não há nada que impeça Ellington de passar pelo cio normalmente — assegurou —, esse episódio de dor e acúmulo foi desconfortável, mas não causará impacto em sua fertilidade ou no ciclo. Entretanto, eu recomendaria que vocês ficassem atentos. Se o cio começar nos próximos dias, talvez ele venha acompanhado de um pouco mais de sensibilidade no peitoral devido ao que aconteceu hoje.

Cas concordou com um breve aceno, agradecendo internamente pela explicação detalhada. Era um alívio saber que o episódio não comprometera o cio de Ellin, especialmente considerando os planos que eles tinham.

Cas agradeceu com um aceno curto e apertou os lábios antes de soltar um suspiro longo. A preocupação ainda não desaparecera completamente, mas pelo menos agora ele tinha uma direção clara.

— Vou cuidar para que ele siga essas orientações — disse, com a firmeza de alguém que já decidira seu próximo passo.

— Tenho certeza de que ele está em boas mãos — disse, antes de se afastar para continuar seu trabalho.

Cas ficou parado ali por um momento, refletindo sobre a conversa. Não gostava da sensação de impotência que surgia sempre que Ellin enfrentava algo assim. Mas, ao menos agora, entendia melhor o que havia acontecido — e o que poderia ser feito para evitar outro episódio.

Com essa decisão firmemente estabelecida, ele voltou para o quarto, onde Ellin ainda estava descansando na maca. Ao ver Cas entrar, Ellin levantou os olhos e sorriu, embora o cansaço ainda estivesse evidente em seus traços.

— Conversou com o médico? — perguntou Ellin, com a voz suave.

Cas assentiu e se aproximou, sentando-se novamente ao lado dele.

— Sim, eu só queria saber mais sobre o que aconteceu — disse, antes de compartilhar com Ellin as recomendações do médico. Enquanto falava, Ellin ouvia atentamente, o olhar azul fixo em Cas, como se o som da voz dele fosse, por si só, reconfortante.

Quando Cas terminou de falar, Ellin suspirou e assentiu.

— Parece que vou ter que adotar uma rotina ainda mais cuidadosa — comentou, com um meio sorriso.

Cas estreitou os olhos levemente, mas não de irritação — era mais como se estivesse avaliando a situação com seriedade.

— Você não vai fazer isso sozinho — disse ele, com um tom simples, mas carregado de significado.

Ellin piscou, e por um momento uma série de emoções passou por seus olhos: espanto, gratidão e algo mais profundo e íntimo, que ele não conseguiu colocar em palavras.

— Obrigado, Cas — murmurou, a voz quase inaudível, mas carregada de sinceridade.

Cas apenas inclinou a cabeça em silêncio, sem precisar dizer mais nada.

—–

A noite já havia caído quando Cas estacionou o carro na garagem. O prédio parecia envolto em um silêncio acolhedor, contrastando com o tumulto interno que ainda ressoava dentro dele.

Ellin estava ao seu lado, exausto, mas menos abatido do que estivera horas antes no hospital.

Cas esperou que ele saísse do carro, mantendo—se próximo caso precisasse de apoio, mas Ellin caminhou sem dificuldades, mesmo que o cansaço estivesse evidente na forma como ele abraçava o próprio corpo, como se ainda tentasse se proteger.

Ao entrar na casa, Cas deixou a chave sobre o balcão e voltou-se para Ellin com um olhar firme, porém gentil.

— Você precisa descansar — declarou, sem espaço para objeções, mas com um tom mais suave do que o usual.

Ellin ergueu o olhar para ele, os olhos azuis brilhando com uma mistura de gratidão e resignação. Ele sabia que Cas estava preocupado e que insistir em qualquer coisa diferente não faria sentido.

— Vou descansar. Obrigado… por hoje. E também por… — Ele puxou o blazer que ainda envolvia seus ombros, a peça de roupa era grande demais para seu corpo esguio —, por isso.

Cas ergueu levemente as sobrancelhas, em um gesto despreocupado que lhe era característico, mas havia uma suavidade inesperada no canto de seus lábios.

— Não podia deixar você sair de lá sem vestir alguma coisa, está frio.

Ellin sorriu, um sorriso tímido, quase envergonhado, mas genuíno.

— Foi gentil da sua parte — disse, antes de seguir para o quarto —, eu vou tomar um banho, volto já.

Cas acenou com a cabeça e o observou até que ele desaparecesse no corredor, só então, suspirou profundamente.

Toda a tensão acumulada desde o início daquele dia começava a se dissipar, mas ainda havia um resquício de preocupação em seu peito. Ele sabia que Ellin estava melhor, mas queria garantir que ele continuasse assim.

Sem perder tempo, foi para a cozinha e começou a preparar algo para os dois. Movia-se com eficiência, mas sem pressa, permitindo que o silêncio tranquilo da casa fosse preenchido apenas pelo som rítmico dos utensílios e pelo leve crepitar da panela no fogão.

Escolheu algo simples e reconfortante, algo que Ellin gostava. Enquanto cozinhava, pensava em tudo o que o médico dissera e na conversa que ainda precisavam ter.

Quando ouviu o som distante do chuveiro sendo desligado, soube que Ellin estava quase pronto para voltar. Cas arrumou a mesa, colocando as refeições já servidas e acendendo a luz amarelada da sala de jantar, que criava uma atmosfera morna e acolhedora.

Ellin surgiu momentos depois, o cabelo ainda úmido caindo em fios escuros e brilhantes, grudados de leve à gola da camiseta de mangas longas que vestia. Ele usava roupas confortáveis, uma camiseta de mangas longas e uma calça macia, mas mesmo naquele estado casual, havia algo graciosamente delicado em sua presença. Ao ver a mesa posta, ele parou na entrada da cozinha, surpreso.

— Você fez o jantar? — perguntou, a voz soando quase incrédula.

Cas deu de ombros novamente, aquele gesto despreocupado que era tão característico dele.

— Achei que seria bom comer algo antes de você ir descansar de verdade — respondeu —, venha, já está pronto.

Ellin sorriu novamente, dessa vez com mais intensidade, e se aproximou para sentar-se à mesa. Cas sentou-se à frente dele, e durante alguns minutos eles comeram em silêncio, apreciando a tranquilidade que finalmente parecia reinar após o caos do dia.

Foi Cas quem quebrou o silêncio primeiro.

— Conversei com o médico sobre seu cio — disse, com a mesma objetividade calma de sempre —, ele disse que o que aconteceu hoje não vai impedir você de passar pelo cio normalmente.

Ellin quase deixou o garfo cair no prato e levantou os olhos rapidamente, o rosto corando instantaneamente.

— O quê? — perguntou, a voz um pouco mais alta do que pretendia. — Você… perguntou isso?

Cas reprimiu um sorriso, mas o brilho divertido em seus olhos deixava claro que ele achava a reação de Ellin levemente cômica.

— Claro que perguntei — respondeu, como se fosse a coisa mais natural do mundo —, precisávamos saber. Estamos falando sobre tentar engravidar, afinal.

Ellin cobriu o rosto com as mãos por um momento, tentando conter a onda de embaraço que o tomou. Ele sabia que Cas não via problemas em ser direto, especialmente em assuntos importantes, mas ainda assim era estranho imaginar aquela conversa acontecendo com o médico.

— Ele disse mais alguma coisa? — perguntou finalmente, espiando entre os dedos.

Cas recostou-se na cadeira e cruzou os braços, o semblante ficando levemente mais sério.

— Disse que a hiperprolactinemia pode tornar as coisas um pouco mais sensíveis, mas não afeta a capacidade de conceber.

Ellin assentiu, processando as informações, mas havia uma nova cor em suas bochechas que denunciava seu desconforto.

— Então… você perguntou isso porque… — começou Ellin, hesitante.

Cas arqueou uma sobrancelha.

— Porque queremos um filho. Eu só queria ter certeza de que sua condição não mudaria nada nesse sentido. Mas você quer passar por isso?

Ellin ficou em silêncio por um momento, olhando para Cas com uma expressão que misturava surpresa e algo mais profundo, algo que parecia se enraizar em todas as memórias que compartilhavam.

— Sim — respondeu finalmente, a voz baixa, mas firme —, claro que eu quero.

Cas não disse nada, mas o olhar intenso que ele lançou para Ellin falava mais do que qualquer palavra poderia dizer. Havia uma promessa silenciosa ali, uma força tranquila que dizia que ele estaria ao lado de Ellin em cada passo do caminho.

Quando Ellin voltou a sorrir, havia uma mistura de alegria e nervosismo em seus olhos, mas a certeza que sentia era inegável. Cas pegou a mão dele sobre a mesa e apertou-a suavemente, um gesto simples, mas significativo.

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Capítulo 14
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Fragmentos de Nós

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Ellington sempre foi uma presença discreta nos corredores da escola - um ômega reservado, de fala suave e olhar sempre atento. Sua vida era marcada por silêncios: o...							

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      • Fragmentos De Nós S2
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      • Fragmentos De Nós S2
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        Capítulo 11 O Capítulo Que Escrevemos Juntos
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        Capítulo 10 Fim de Ciclo, Começo de Nós
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