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Garland Jujin Omegaverse

Capítulo 18

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🟡 Em breve

 

 

Na semana seguinte, Jill acompanhou Diego a uma pequena vila rural onde ele costumava ir para ajudar o irmão. Fui uma viagem bem tranquila, mas acabou levando três dias para chegar. O pequeno povoado ao qual entraram pertencia a uma região famosa pela produção de uva. O número um daquela região! Todas as casas por ali eram pintadas de branco e tinham telhados azuis. O pavimento, de pedra arredondada, era branco e parecia brilhar sob o sol. Fora do pequeno povoado, ao sul, havia uma infinidade de vinhedos. O ar estava seco e quente, mas também era agradável.
O aristocrata que os convidou para celebrar a conclusão de um importante contrato, patrocinou um jantar simples mas incrivelmente agradável, que terminou com Jill servindo e apreciando de um delicioso vinho. No dia seguinte, saíram para ver um charmoso lago ali perto. Almoçaram tranquilamente e logo se foram do povoado. Neste momento, o céu ainda estava azul e bonito. Porém, depois de duas horas, nuvens começaram a aparecer e começou a chover antes de que pudessem alcançar o próximo povoado. A chuva se transformou rapidamente em um aguaceiro, tornando impossível ver o exterior desde a janela da carruagem. O veículo, mesmo que fosse lento, não teve outra opção a não ser parar depois de um tempo. O cocheiro foi até a porta e teve que levantar a voz para que esta não fosse abafada pelo barulho da chuva:
“Desculpe! Tive que parar pois se soltaram as ferraduras dos cavalos”.
“Não tem problema. É um povoado pequeno, então não precisaremos caminhar muito. Logo encontraremos uma pousada”.
“Não, não meu senhor. Vou procurar algum lugar aqui perto”.
O cocheiro, já ensopado, inclinou a cabeça temendo que seu patrão se enfadasse. O homem subiu a carruagem outra vez, segurou as rédeas dos cavalos e avançou lentamente para não haver imprevistos. A chuva, em vez de suavizar aumentou a intensidade e batia violentamente contra o teto da carruagem. Essa era a primeira tempestade que Jill presenciava, pois a chuva sempre caia de forma suave nos arredores da mansão Müller. Ao olhar através da janela, pode observar como a chuva se acumulava até adquirir a aparência de um rio. Se a chuva continuasse caindo naquela intensidade, era provável que em uma hora os cavalos e o cocheiro corressem perigo.
“É seguro continuar?”
Jill perguntou ansioso, apertando inconscientemente a roupa em frente ao peito. Diego respondeu: “Não se preocupe. Logo chegaremos a pousada. Se houver alguma emergência, eu posso te carregar até a margem”.
“Consigo caminhar sozinho. Não sou nenhum fracote”.
Diego riu.
“Esse é o espírito. Essa expressão combina mais com você do que uma cara preocupada”.
“Pois me desculpe por ter medo de morrer afogado”.
Entretanto, falar com Diego fez seu coração aquecer e ficar mais leve. Mas pensando que era um sentimento sem sentido, Jill pressionou a testa contra a janela para deixar de reparar tanto nele. A paisagem que havia visto pela primeira vez e também as comidas e bebidas que havia experimentado pela primeira vez foram, com toda certeza, inusuais e extremamente interessantes. Até mesmo essa saída da Capital, foi divertido observar a paisagem mudar aos pouco enquanto escutava o som das rodas ecoando. Foi revigorante ver Diego com um semblante sério enquanto trabalhava e assombroso ter permissão para ver os peixes do lago. Jill estava emocionado com tudo isso, feliz e bem animado… Porém não conseguia estar totalmente tranquilo, pois pensava em Albert. Geralmente, não era do tipo de pessoa que se deixava arrastar por coisas negativas. Bem, constantemente se sentia frustrado, receoso ou preocupado por sua condição de ômega, mas em poucos dias conseguia recuperar a sua calma e sorrir. Entretanto manteve Albert em seu pensamento durante a semana anterior. Não importava o quão preciosa fosse a experiência nem a alegria que experimentava na companhia do lobo, não poderia contar a Albert mesmo que fossem melhores amigos. Albert, acreditava que Jill estava realizando um curso, por isso imaginou que não tinha outra opção a não ser guardar silêncio sobre os momentos triviais que passava com Diego. Isso era uma enorme carga para Jill! Esconder coisas de uma pessoa que sempre foi tão importante. Quanto mais aproveitava sua vida agora, menos vontade sentia de viver como um ômega comum na casa de Albert. Pensar em casa o fazia sentir um estranho e insatisfatório aperto no peito. Jill não gostava nada disso. Não queria ser egoísta com Albert que sempre esteve ao seu lado desde pequeno e tampouco queria pensar e não regressar para ele. Não tinha a intenção de traí-lo…
Por fim, a carruagem conseguiu chegar a uma vila. Jill e Diego decidiram ficar em uma pousada. Lamentavelmente, os quartos estavam todos ocupados e aparentavam ter apenas o mínimo de conforto que buscavam. Mesmo estando ao lado da estrada, era apenas uma pequena pousada de vila, então o lugar era bem pequeno. Apesar disso, havia muitos clientes que vinham se refugiar da chuva. Dessa forma, Diego precisou implorar por um quarto, mesmo que fosse pequeno. O cocheiro poderia ficar no cômodo usado pelo camareiro, por enquanto.
O quarto onde ficariam Jill e Diego era extremamente apertado. Apesar de receber um dos melhores quartos do local, ele ainda era um pouco menor do que o quarto dos empregados da mansão Müller. Mesmo descendo da carruagem apenas tempo suficiente para entrar na pousada, ficaram ensopados. Então, não viram alternativa a não ser ficar com o quarto. Enquanto se secavam com as toalhas fornecidas na recepção, Diego inclinou a cabeça como forma de desculpa.
“Eu sinto muito que tenha que ficar preso em um lugar como este. Quem dera tivéssemos saído um pouco antes”.
“Não é sua culpa, Diego. Não há nada que se possa fazer em relação ao clima”.
“Mas foi ideia minha passar pelo lago”.
“Eu gostei muito de ver o lago”.
Jill se sentou em uma cadeira em frente a uma pequena mesa redonda. Havia apenas uma jarra com água e copos, porém, devido a chuva o quarto estava quente então se sentiu agradecido por ter ao menos algo para beber.
“Parece que ainda vai demorar um pouco o jantar, por que não se senta um pouco, Diego?”
Diego se sentou e olhou fixamente para Jill. Imaginou que estava agindo normalmente, porém o lobo notou algo diferente nele. Quando olhou para janela, apenas conseguiu ver como a chuva cobria toda a vila como uma cortina transparente.
“Vamos, Diego. Não me olhe assim. Eu realmente não quero que fique preocupado por mim. Hoje foi divertido”.
“É sério?”
“Sim. E mesmo estando em uma pousada como esta, estou feliz porque nunca me hospedei em outro lugar antes. As primeiras vezes são sempre divertidas”.
Metade era verdade e a outra metade estava dizendo a si mesmo, como se tentasse gravar na lembrança. Uma memória que poderia guardar como um presente. Mesmo que talvez seu futuro seria muito pior, ao menos sabia o que era viver de verdade. Se pudesse voltar atrás e começar de novo, diria SIM quando Diego o convidasse para ir até a cidade. Ainda que isso aumentasse sua agonia.
“Escutei que uma chuva assim é como ver uma cachoeira. As cachoeiras são mesmo assim?”
“Eu não vi uma cachoeira ao vivo, mas acredito que sim”.
Jill sorriu, Diego suavizou a expressão que levava no rosto.
“Você sempre está olhando através da janela”.
“Mesmo?”
“Sim, até mesmo no dia em que viajamos para a mansão pela primeira vez, lembro que você ficou o tempo todo olhando para fora”.
“Eu não queria ter ido para a mansão, por isso fiquei olhando pela janela. Estava evitando olhar pra você pra não te socar”.
Diego deu uma gargalhada ao escutar.
“Entendi”.
“Bem, de fato foi inesperado mas, normalmente me sento perto da janela, então já adquiri este hábito. Até mesmo na mansão”.
“Mas tudo bem, certo? A mesa fica perto da janela pra que você sempre possa olhar para fora. Eu gosto que você se sinta livre”.
Jill ficou vermelho por um instante e voltou a olhar para a janela. Parecia que suas ações mostravam constantemente seu carinho pelo mundo exterior, mesmo que tentasse evitar.
“Obrigado, Diego”.
A chuva não dava sinais de acalmar. O som das gotas caindo tomaram conta do quarto e mesmo assim parecia que os dois sozinhos naquele lugar estavam presos em um mundo estranho e silencioso. Era como se, ao redor, apenas existia este quarto quente e úmido e nada mais. Somente duas pessoas, Jill e Diego.
“Sabe, por eu ser ômega, nunca cheguei a pensar que poderia sair pelo mundo por conta própria. Acreditava que meu único objetivo neste mundo era me sentir miserável e que não conseguiria me sentir ainda pior do que já me sentia. Mas…”
“Mas?”
Jill olhou para Diego.
“Mas agora, eu penso com mais calma. Talvez eu não possa ir a lugar nenhum sozinho, mas acho que nem por isso devo deixar de ter vontade de conhecer o mundo. Acho… Que preciso perdoar. As outras pessoas e eu mesmo, por ter me dado como vencido”. Sorriu ao ver o rosto de Diego, que era excessivamente expressivo ao ouvir aquelas palavras. “Porque o mundo é muito maior do que eu esperava. E se eu soubesse disso antes, nunca teria me dado por vencido pra começar. Até mesmo você tem desejo de navegar algum dia, Diego. Então acho que está tudo bem ter um sonho”.
“Eu entendo perfeitamente”
Diego parecia ter muitos sentimentos complicados dentro dele. Ele mexeu as orelhas, o nariz e o rabo, mas, mesmo assim, permaneceu calado porque não encontrava as palavras adequadas. Jill tinha começado a se sentir tranquilo com sua atitude porque sempre parecia que o lobo estava cuidando dele. Diego nunca havia dito palavras vazias sobre libertá-lo. Em lugar disso, mostrou a Jill mais “liberdade” do que qualquer outra pessoa. Mostrou a ele o mundo exterior. Ações, lugares, paisagens e comidas de várias formas e tamanhos. Doces que só conseguiu provar graças a Diego. Jill pegou a jarra com água e encheu um copo. O calor que sentia em seu peito era suportável mas, o calor e a umidade do quarto não. Esse calor também era uma experiência valiosa, mas se sentia incomodado com o cabelo grudando em seu pescoço devido ao suor. Depois de servir água para Diego, bebeu a sua em um grande gole. O lobo, olhando para ele, voltou a falar:
“Eu te trouxe dessa vez porque achei que você iria gostar. Mesmo quando fomos ver a estrelas, achei que estaria tudo bem, mesmo que fosse de última hora. O importante era você desfrutar a experiência”.
“Eu certamente desfrutei”.
“Não se sentiu incômodo? Havia a possibilidade de você interpretar como invasão ao seu espaço…”
“Não, foi justamente o contrário”.
Diego parecia estar mais preocupado do que aparentava, então Jill sorriu ao lembrar de tudo o que haviam passado desde o começo.
“É verdade que eu tenho estado um pouco deprimido desde a semana passada, mas não se preocupe porque a culpa não é sua, de maneira alguma”.
“Mas ainda sim me incomoda, porque eu não queria que você estivesse deprimido por nada”.
“Bem, isso começou depois que eu falei com o seu irmão”.
“Toneria?”
“Sim”.
Jill apartou o cabelo do pescoço. O suor estava escorrendo de seu corpo em gotas exageradas.
“No dia seguinte ao que vimos as estrelas, eu queria ler um livro sobre constelações, então fui até a biblioteca. Por coincidência, Toneria estava lá e me recomendou um livro bom para iniciantes. Já que eu havia entrado na biblioteca sem permissão, achei que ele ficaria bravo, mas, na verdade, foi muito amável. Ele me convidou para tomar chá”.
“É estranho o meu irmão se comportar assim. Ele não é nem um pouco sociável, exceto no trabalho”.
“Ele foi mesmo muito gentil. Disse que não estava acostumado com a companhia de um ômega e parecia um pouco nervoso”.
Diego continuava a mostrar uma expressão desconfiada.
“Sobre o que conversaram?”
“Sobre várias coisas. Disse que estava feliz por eu e você estarmos nos dando bem. Ele parecia sentir que não era bom o bastante para a família Siegfried, então tentei animá-lo dizendo que acontecia o mesmo comigo na família Müller. Contei a ele tudo o que eu não conseguia fazer e também falei sobre meu amigo de infância”.
“Você contou que Albert era seu amigo de infância?”
Diego se inclinou para frente extremamente alarmado.
“Não se preocupe, não disse nada desnecessário. Não contei que você não quer ter um filho porque isso é um segredo nosso. Porém, eu contei que a princípio eu estava noivo do Albert. Toneria pareceu pensar que era algo normal”.
“Está bem”.
Diego parecia ter um semblante menos “inquieto”. Bebeu toda a água de seu copo, então Jill o encheu novamente. A Jarra já havia se esvaziado. O empregado da pousada não havia regressado após deixar aquelas coisas ali. Jill queria tomar chá, mas pensou que seria incômodo devido ao calor que sentia. Olhou para a janela e falou:
“Quando falei com Toneria sobre Albert, lembrei dele”.
“Você pensa em voltar para casa?”
“Não… É que desde a última vez que o vi… Me dei conta de que não pensava nele nenhum pouco. Ah, sinto que sou horrível! Apesar dele ser o amigo mais importante que eu tenho. O Albert é insubstituível para mim. Sempre fomos só eu e ele. Ele sempre estava lá para mim, me cuidando e me amando e agora sinto que estou traindo ele”.
A chuva continuava correndo constantemente pela janela. Quando disse tudo aquilo, Jill se sentiu tão triste que começou a ficar enjoado. Diego estava quieto, em completo silêncio.
“Quando você me conheceu, disse que eu deveria mandar um empregado pegar o frango para mim. Na verdade, já faziam anos que eu vivia como um empregado daquela mansão”.
“Você?”
“Sim. Eu não conseguia entender o que… O que a minha mãe ou os outros ômegas diziam. O que deveria fazer e o que não fazer e… Eu queria entender, mas era impossível. Sentia que era tudo bobagem. Todos pensavam que eu era um encrenqueiro que não poderia ser enviado para a mansão de algum aristocrata”.
“A senhora Müller não queria que você viesse comigo por isso”.
“Exatamente. É por isso que aceitei me unir a família Reinhardt. Mas, ainda assim, a única vez que me senti realmente aliviado foi quando eu ia me enturmando com os empregados”. Jill se lembrou do cheiro de terra dos campos atrás da mansão. O cheiro das ervas e o som das galinhas. O rosto rechonchudo de Stella e as empregadas conversando. “E ainda assim, nunca deixou de ser doloroso para mim. Casar com o Albert era uma oportunidade de sair da mansão e… Estava ansioso por isso. Quando eu era pequeno, costumava me esconder e brincar em um riacho. Albert conhecia o meu coração e a minha personalidade, sabia o que eu desejava… Eu não podia sair livremente, então ele me deu um passarinho de presente. É uma pessoa realmente gentil. A mais amável do mundo”.
“Você deve gostar muito dele”.
“Eu gosto”.
Jill sorriu entre lágrimas diante da voz complicada de Diego e depois tocou o peito. A sensação de asfixia que sentia deveria ser pela culpa que sentida devido a Albert. Era doloroso ter os sentimentos bagunçados, ainda mais em se tratando de uma pessoa que tanto gostava.
“Eu realmente gosto do Albert. Queria retribuir ao homem que me ajudou. Mas, isso de me juntar a família Reinhardt e ter um filho de Albert, tão perto da casa onde eu nasci e cresci… Eu não consigo. Sinto que, se eu não sair daquele lugar, se não deixo de agir somente como um ômega que só pode dar a luz a filhos, então nunca terei paz. Ah, eu sou um ômega. Esse fato não pode ser mudado no fim das contas, mas já me cansei da sensação de estar preso em uma caixa”.
Era estranhamente doloroso continuar falando. Seria pelo fato do quarto estar quente e úmido? Jill esfregou os braços, se sentindo inquieto. Queria se livrar da sensação de asfixia, então se esforçou para manter a voz mais calma.
“Albert sempre estava me animando. As coisas podiam ser difícil na mansão, mas ele sempre tinha a paciência de vir me consolar. No entanto, a liberdade que ele quer me oferecer não é o que eu quero. Um ômega não pode ser livre de verdade! Toda vez que o Albert me dizia que me salvaria, era como se eu estivesse me dando conta de que, na verdade, não havia liberdade”.
“Jill, está tudo bem? Você está pálido. Está com alguma dor?”
“Estou bem. Eu só, me sinto… sobrecarregado por tantas lembranças ruins”.
A chuva também podia contribuir para o sentimentalismo que Jill sentia. Se forçou a dar um enorme sorriso:
“Isso é algo infantil. Eu sei que não se pode mudar o gênero com qual nasci. As rãs não podem ser pássaros, mesmo que tivessem nascido com asas. Uma galinha não pode viver no mundo exterior. Mas depois de me divertir tanto com você, de te ajudar e de estar com você, pensei… Pensei que estaria tudo bem ficar ao seu lado e não voltar para o Albert. Desta vez eu… Realmente quero escolher a forma que vou viver”.
Doía, realmente doía e isso era muito estranho. Não importava o quão quente estivesse o quarto, nem o tanto de lembranças complicadas que tinha, por que raios doía tanto? Notou que suas mãos começaram a tremer. Se sentia terrivelmente quente, mas suas mãos estavam frias. Começou a ter calafrios, como se estivesse resfriado. O suor começou a escorrer e Jill cambaleou.
“Posso… abrir a janela um pouco? Este quarto está muito quente”.
“Jill!”
Porém, quando sua mão alcançou a janela, Jill caiu no chão com cadeira e tudo.
“Você está bem?”
Diego olhou para o rosto de Jill. Seu peito subia e descia tão rápido que não conseguia entender o que estava acontecendo ao seu redor. Por que infernos doía tanto?
“Jill, me diga onde está o seu remédio!”
“Remédio?”
“Onde você guarda?”
“Não estou doente. Não tenho nenhum remédio”.
“Não, eu me refiro ao supressor de cio. Onde você guarda?”
Diego se virou para não sentir seu cheiro. Depois de entender o que estava acontecendo, Jill se ruborizou. Ele estava perguntando se tinha um medicamento para suprimir seu cio!
“Eu… Nunca entrei no cio antes”.
Então finamente percebeu. Conseguia escutar os rosnados de Diego que pareciam raivosos e famintos. Ele tinha os punhos tão fortemente fechados que chegavam a tremer. Apesar da condição de Jill, Diego não olhava para ele de forma alguma. Nem ao menos tentou ajudar Jill quando ele caiu no chão. Era evidente que estava evitando tocá-lo para não perder o controle para o cio de Jill.
“Eu estou no cio, verdade?”
Murmurou Jill, como se estivesse se questionando sobre o quão doloroso aquilo era. Diego assentiu:
“Consegue levantar? Você deveria se seitar”.
Jill apoiou as mãos no chão para se levantar. Sentia dor e muito calor, mas se sentiu capaz de levantar se o fizesse com calma. Diego deu um passo para trás.
“Não posso te tocar. Desculpe por não poder ajudar”.
A razão pela qual o lobo cobria o focinho com as mãos era para evitar sentir seu cheiro. Jill não entendia completamente a situação, mas ao parecer, estava liberando feromônios de cio. Tinha ciência de que Diego estava experimentando um cheiro que deveria ser irresistível para ele e não conseguiu evitar se emocionar. Era incrível que ele estivesse resistindo! Afinal, Jill sabia que o desejo dos Alfas aumentava quando um ômega liberava feromônios. Era seu instinto e sem ele um homem-fera não conseguia gerar um descendente. Mas Diego disse:
“Talvez se perguntamos ao dono da pousada ele tenha algum medicamento”.
Diego saiu do quarto após dizer aquelas palavras. Jill, que havia conseguido se levantar e ir até a cama, começou a rir vigorosamente.
“Ele realmente é um alfa muito estranho”.
A poltrona estreita era particularmente dura. Mesmo que Jill sentasse de forma cuidadosa, parecia haver muito rangido. Quando se deitou, voltou a sentir como o suor escorria por seu pescoço, então afrouxou as roupas sem pensar demais. Sabia que não podia tirar tudo estando com Diego, mas sentiu que se usasse aquelas roupas por mais tempo ficaria louco. Todo seu corpo queimava como se estivesse derretendo. A sensação de formigamento no peito era algo que nunca havia experimentado antes. Cios são sempre assim? Suas mãos perderam a força e começaram a tremer. Desejava não se sentir daquela forma, mas era algo sobre o qual não tinha controle. Jill não queria se sentir daquele jeito, mas não conseguia controlar seu corpo nem seus pensamentos. A primeira coisa que pensou foi que tudo aquilo era assustador. E enquanto respirava e tentava aplacar aquele calor, a porta do quarto abriu novamente. Contudo, Diego não entrou:
“Eles não tinham nenhum remédio. Me disseram que há um médico na vila vizinha, mas não tinham certeza de que ele teria supressores. Também parece que não conseguirei ir até o médico com esta chuva. Me desculpe. Eu deveria ter tido mais cuidado. Se eu tivesse trazido os supressores de forma adequada você não estaria se sentindo assim. Realmente sinto muito”.
“Não é culpa sua, Diego”. Jill levantou lentamente com um pequeno sorriso enquanto olhava para o rosto de Diego que levava uma expressão severa. “Nunca pensei que entraria no cio de forma tão repentina”.
“Essa foi sua primeira vez, também não é culpa sua”. Diego respirou fundo antes de entrar no quarto. Se aproximou da cama e entregou a Jill uma toalha que havia trazido. “Pedi emprestado algo para que você possa se limpar. Está suando muito. Mas talvez seria melhor usar uma toalha fria. Deveria ser um pouco mais suportável se eu colocar algo refrescante na sua testa”.
Quando Jill viu que o focinho do lobo tinha vária marcas causadas pelas presas, sentiu uma dor na alma. Era ele que o afligia no fim das contas.
“Está tudo bem. Você não precisa fazer nada disso”.
“Bom, então vou ficar lá fora. Eu não deveria estar do seu lado”.
“Mas a pousada está cheia”.
“Vou estar no corredor”.
Diego tentou sair rapidamente do quarto, mas Jill estendeu a mão e o agarrou.
“Diego!”
O lobo olhou para trás com um olhar intensamente feroz.
“O que foi? Precisa de algo?”
“Você pode ficar aqui”.
“Mas… eu não…”
“Sei que você está sofrendo, mas é a minha primeira vez e não sei o que fazer. Nem ao menos sei o que vai acontecer depois”. Estava tão quente que Jill não conseguia respirar. Seus lábios estavam secos e rachados. Ele soltou sua roupa e espichou as articulações onde sentia um formigamento. “Desculpe, o que disse foi egoísta. Você pode sair, só me diga o que fazer depois disso”.
Quando Jill apertou a mão junto ao peito, Diego se aproximou, ainda que estivesse completamente desconcertado.
“Está tudo bem, eu estou aqui. Você está ansioso e é normal, mas não tenha medo”.
“Diego…”
“Não se preocupe. Será difícil de suportar durante a noite, mas pela manhã… Não, assim que parar a chuva eu vou até o povoado vizinho em busca do supressor. Vou fazer tudo que estiver ao meu alcance para consegui-lo, então seja paciente”.
Diego cambaleou e se afastou da cama. Quando virou de costas, sua cauda caída se moveu de um lado a outro. Jill havia pensado que Diego era estranho, mas não poderia estar mais errado. Ele era muito honesto e gentil. Ele mantinha suas promessas e resistia ao seus instintos mesmo que fosse muito doloroso. Ele estava conseguindo se segurar para não machucar Jill.
Sentindo um aperto na garganta, o ômega voltou a apertar as mãos com força. Todo seu corpo tremia de forma violenta. Mesmo sentindo muito calor teve um calafrio que percorreu sua espinha. Era como se o seu estômago tivesse derretido e caído sem forças.
“Ah, é tão difícil…”
Murmurou Jill com os lábios trêmulos e uma voz tão penosa que Diego não hesitou em dar a volta. Ao vê-lo tremer, se apressou em cobri-lo com um cobertor. Franziu a testa ansioso ao olhar para Jill que não deixava de tremer a ponto de bater os dentes.
“Você está muito pálido. Está sofrendo tanto e eu só estou aqui parado como um idiota”.
“Ei, não fale assim”. Diego mexia a cauda de forma inquieta. Jill sorriu tentando tranquilizá-lo: “É como um resfriado forte. Sinto calor, mas logo tenho frio. Isso me faz ter inveja de seu pelo fofinho”.
Diego baixou as orelhas com um olhar de cachorrinho.
“Quem me dera eu pudesse te empresta o meu pelo. Arrancaria cada fio se fosse preciso… Nem ao menos tem lenha para lareira! Quem sabe me emprestam outro cobertor, vou verificar!”
“Não”.
Jill negou com a cabeça. Tudo era incômodo, desde o interior do seu corpo até a ponta dos dedos. De alguma forma, o lobo entendeu que cobertores não ajudariam.
“Desculpe”. Apertando a mão junto ao peito, Jill se desculpou novamente com Diego que tinha uma expressão triste: “Desculpe. Sinto muito pelo que vou dizer, já que é egoísmo da minha parte. Sei que você está sofrendo por minha causa, mas não quero que você me deixe”.
“Não é egoísmo confiar em mim”.
Diego parecia hesitante em segurar a mão de Jill. Suspirou e logo lhe apertou os dedos para animá-lo.
“Neste caso, o que um ômega deveria fazer?”
“Você realmente quer uma resposta?”
“Seria certo dizer pra você fazer amor comigo?”
“Jill….”
“Eu realmente não consigo suportar sozinho…”
“Jill”.
Mesmo que Diego lhe tenha chamado pelo nome para tentar detê-lo, Jill não conseguiu parar.
“O que devo fazer?”
“Não tenho uma resposta certa para isso. Tenho tanta vontade de te tocar que é até difícil me controlar”. A voz de Diego estava frustrada. Envergonhado ele tentou se retratar. “Não. Me desculpe. Não sou eu falando, são os instintos”.
“Para ser sincero, eu também quero te tocar, mesmo que essa não seja a resposta certa”.
Jill tinha uma voz baixa e ambiciosa… As mãos de Diego estavam tão quentes que o fez recordar da noite em que ele o jogou na cama. Jill estremeceu. A tensão que sentia desde a boca do estômago era a mesma daquele dia mas, ao contrário daquela noite, agora não tinha nenhum sentimento desagradável. Na verdade, Jill não queria soltar a mão de Diego por nada no mundo. Queria ficar junto dele, encoberto por aquele pelo quentinho. Se eles se abraçasse, como no dia que viram as estrelas, certamente se sentiria aliviado. Era o cio que o fazia pensar daquela forma? Jill continuou segurando a mão de Diego sem vacilar.
“Claro, eu quero te tocar porque essa é a minha vontade. Você não está me obrigando a nada, ok?”
“Entendido”.
“Não posso negar que estou no cio… Mas, também estou pedindo isso porque gosto de você”.
Diego, gradualmente, ficou vermelho. A influência dos feromônios de Jill deviam ser realmente fortes, já que o lobo estava ofegante e repetia coisas como: “Não diga coisas assim em um momento como este”. “Você faz meus sentimentos virarem uma bagunça”. “Minha cabeça está dando voltas”. Logo, a mão esquerda de Diego, que não segurava a de Jill, abriu e fechou muitas vezes. “Além disso, eu comecei a gostar de você primeiro”.
Quando escutou isso, Jill sentiu vontade de chorar e rir ao mesmo tempo.
“O que é isso? Estamos confessando nossos sentimentos tão rápido”.
“Eu sei, parece bobeira, não é?”
“Não importa, eu sinto vontade de te tocar já faz muito tempo, Diego. Isso é novidade para mim… Sentir vontade de ser mimado e de ter alguém me apoiando”.
“Está tudo bem. Tudo bem porque, eu sinto exatamente o mesmo. E já não quero ficar me reprimindo”.
Sussurro o lobo entre ofegações curtas e quentes. Jill continuava segurando a mão de Diego contra seu rosto. Tinha tido um pouco de dificuldade de se aproximar dele porque tremia muito. Entretanto, uma vez que se abraçaram, seus sentimentos transbordaram mutuamente.
“Diego, não me deixe ir…”
“Nunca!”

FIM DO VOLUME 01
Obrigada por nos acompanhar até aqui! Em breve, publicaremos um Extra.

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A família Müller treina Ômegas de alta qualidade para dar a luz a filhos de aristocratas. Ao crescer ali, Jill não consegue aceitar o cruel destino que todas as pessoas da sua condição...

Chapters

  • Capítulo 20 Vol. 02
  • Capítulo 19 Extra
  • Capítulo 18
  • Capítulo 17
  • Capítulo 16
  • Capítulo 15
  • Capítulo 14
  • Capítulo 13
  • Capítulo 12
  • Capítulo 11
  • Capítulo 10
  • Capítulo 09
  • Capítulo 08
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  • Capítulo 06
  • Capítulo 05
  • Capítulo 04
  • Capítulo 03
  • Capítulo 02
  • Capítulo 01
  • Capítulo 00 Prologo - Informações

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