Capítulo 19
“UM DIA EM QUE MEUS PLANOS NÃO FUNCIONARAM”
Jill estava contente desde o momento em que Diego disse que montariam a cavalo.
A verdade era que, mesmo quando estavam apenas os dois conversando com uma xícara de chá no quarto, não era nada tedioso. Contudo, Jill sempre preferia sair em vez de ficar em casa. “Aposto que vai ser tão bom quanto olhar as estrelas no jardim”. E com isso em mente, Diego levou Jill até um grande terreno da família Siegfried.
Os olhos de Jill brilharam como se neles tivessem milhares de vaga-lumes. Havia um cavalo baio preto e um marrom esperando por eles! Jill imediatamente se aproximou deles, sem medo algum, e começou a fazer carinho no focinho.
“Qual vai ser o meu? Qual eu vou montar?”
Disse Jill extremamente empolgado. Diego respondeu:
“Esse baio escuro, mas…”
“Obrigado! Muito obrigado mesmo!”
Diego tentou dizer que se Jill não soubesse montar ele ficaria feliz em ajudá-lo. No entanto, o ômega já havia colocado o pé no estribo e pegado as rédeas. Quando sentou na sela, a posição dos joelhos ficou mais baixa e pareceu que os músculos das costas se alongaram. Depois, quando Jill acariciou o pescoço do cavalo, este já estava tão à vontade que Diego piscou incrédulo antes de segurar as rédeas de seu próprio animal.
Jill que cavalgava acelerando gradualmente, com o cabelo ondulando ao vento, tinha uma aparência cheia de vida. Sua expressão deslumbrante fez Diego sentir que poderia morrer de amores apenas por olhá-lo.
Jill deu algumas voltas no campo de equitação antes de parar o cavalo em frente a Diego. O animal era obediente e Jill demonstrou destreza em sua montaria.
“Você parece estar acostumado a montar. Aprendeu na casa dos Müller?”
“Não, nenhum ômega tem permissão de andar a cavalo”.
“Uau, talvez você aprenda rápido”.
Jill sorriu negando com a cabeça.
“Eu sei montar porque me ensinaram em segredo. Não era tão empolgante porque eu só andava pelas colinas perto da mansão, para que ninguém descobrisse. Não sou tão bom nisso”.
“Pelo contrário, você é muito bom. Além disso, o cavalo parece gostar muito de você”.
Diego escolheu o cavalo marrom para Jill porque ele era o mais manso, mais ainda assim se surpreendeu pelo quanto o animal foi receptivo. Até mesmo o cavalo de Diego, que costumava ser mais difícil, parecia muito interessado em Jill.
“Fico feliz. Afinal, eu gosto muito de cavalos”. Jill fez muitas carícias e logo abraçou a cabeça do cavalo do lobo. “Este cavalo é o mais mansinho do mundo”.
“Ele não tem uma personalidade tão doce quanto você pensa”.
“Não? Mas olha como ele é bonzinho”.
Jill estendeu a mão para acariciar as orelhas do cavalo. Diego, enquanto olhava para Jill e os cavalos, pensou que aquele encontro era diferendo do que havia imaginado. Na verdade, Diego planejava montar junto com Jill para ensiná-lo. Mas no fim, também não foi ruim ver Jill montando sozinho. Vê-lo tocar os cavalos tão relaxado e feliz era reconfortante.
“Você gosta mesmo de animais”.
“Eu adoro. Sinto que eles conseguem se comunicar muito bem comigo e quando os abraço é tão quentinho. Alguns não são tão agradáveis, eu sei. Mas, mesmo assim, todos são lindas criaturas. Eu gosto muito de pássaros com lindas penas verdes e vermelhas. São muito inteligentes e até conseguem falar”.
Apesar de Diego pensar que era lindo Jill falar daquele modo, sua sobrancelha se arqueou de repente fazendo sua expressão mudar por um segundo.
“E pra que servem? São inúteis”.
Aquelas palavras soaram com um tom rude e quase repugnante. Portanto, Diego sacudiu a cabeça e se desculpou imediatamente.
“Me desculpe. De verdade. Eu não quis ser tão pessimista, mas…”
“Está tudo bem… Você não precisa ter pensamentos positivos o tempo todo. Que bom que você goste de cavalos e está tudo bem se você achar que pássaros são inúteis. Não se preocupe”.
Mas Jill continuava tendo alguns pensamentos muito desagradáveis. Ele gostava de galinhas, mas ainda havia um pouco de rancor no fundo do seu peito. Essa fúria era canalizada em outras coisas. Diego colocou a mão sobre o ombro de Jill.
“Por que não vamos até a pradaria montar a cavalo ali?”
“Parece divertido”.
O rosto de Jill, com um novo sorriso, já estava reluzente de novo, mas a mente de Diego remoía: A um segundo atrás, quando disse “E pra que servem?” a expressão de Jill era ardente. Acho que Jill guarda muitas coisas para si que não compartilha comigo. Ainda há muitas coisas sobre ele que eu não conheço. Eu e mais ninguém. A verdade era que Jill não era muito de falar sobre os seus sentimentos.
Jill inclinou a cabeça de forma misteriosa:
“Diego, o que foi?”
“Não é nada. Você quer montar fora da pista de equitação, não é? Vamos!”
O rosto de Jill voltou a se iluminar.
“Sim!”
“Vamos pelo jardim?”
“Vamos!”
Jill era como um menino.
Diego montou em seu cavalo e viu Jill se afastar a galope. Até mesmo os cavalos pareciam estar felizes com a ideia.
“Posso te ajudar a escová-los mais tarde?”
“Claro!”
“Obrigado!”
Jill parecia muito animado em poder ajudar a cuidar dos cavalos. Na verdade, Jill e Diego tinham passado tanto tempo juntos que pareciam estar mais próximos. Era possível afirmar que conheciam muito um do outro. Quem dera Diego conseguisse saber mais coisas sobre Jill, mas ainda sentia que conversar e tomar chá juntos não era o suficiente. Todo ser humano tinha a sensação de que não podia dizer tudo para outro quando se tratava de seu passado, por isso Diego não queria forçá-lo. Entretanto, desejava que ele se abrisse. Queria ser mais íntimo de Jill. Tanto, mas tanto, que não conseguia tirar os olhos dele. Desejava algum dia escutar sobre o passado de Jill e sobre seus sentimentos.
“Quero te conhecer. Quero saber tudo sobre você”.
Continua no volume 2.
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Capítulo 19
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Garland Jujin Omegaverse
A família Müller treina Ômegas de alta qualidade para dar a luz a filhos de aristocratas. Ao crescer ali, Jill não consegue aceitar o cruel destino que todas as pessoas da sua condição...