Capítulo 1.2

O hotel, que fora construído há mais de 100 anos, era ainda mais magnífico por dentro. Yeong-hoo, que ficou cativado pelo teto alto do espaçoso salão, os relevos antigos decorando todos os quatro lados e as elegantes pinturas renascentistas, rapidamente voltou em si e foi até o balcão de informações. Ele sorriu de volta para o funcionário que o tinha cumprimentado e perguntou, ainda sorrindo sem jeito.

“Para que lado fica o bar?”

Então o funcionário sorriu e perguntou novamente.

“Qual bar você está procurando? Há três bares no hotel.”

Era um hotel enorme, exatamente como tinha ouvido falar. Yeong-hoo engoliu seco sem pensar e tentou responder calmamente.

“É um bar de coqueteis. Ouvi dizer que fica no primeiro andar.”

Com essas palavras, ele pareceu entender e gentilmente apontou em uma direção. Enquanto caminhava, como lhe foi indicado, passou pelo elevador e por um grande pilar redondo de mármore, e em uma extremidade viu a porta de um bar. Yeong-hoo parou por um momento para recuperar o fôlego e então começou a andar novamente.

O bar ainda não estava aberto. Segurei a maçaneta com cuidado e apliquei força, e inesperadamente a porta se abriu com um som abafado. Yeong-hoo piscou surpreso e então entrou cuidadosamente.

O bar amplo estava em um nível diferente do bar onde Yeong-hoo trabalhava. Cerca de um terço do bar ficava aberto ao ar livre, e não era apenas grande em tamanho, mas também tinha móveis antigos que podiam ser vistos como de alta classe à primeira vista, e até mesmo pinturas penduradas aqui e ali, pareciam mostrar em primeira mão como é um ‘bar de hotel de primeira classe’. Se você beber em um lugar como esse, provavelmente ficará bêbado só com o clima. Yeong-hoo, que entrou sentindo-se oprimido, inadvertidamente voltou seu olhar para o forte cheiro de charutos que sentiu de repente.

Um homem virou a cabeça ao ouvir o som da porta e encontrou os olhos de Yeong-hoo. Yeong-hoo arregalou os olhos surpreso quando descobriu um homem parado no bar tranquilo, sem deixar vestígios.

Um homem anormalmente alto, vestindo um terno preto com um brilho sutil, estava parado dentro do balcão, olhando para Yeong-hoo. Yeong-hoo ficou surpreso com a aparição inesperada do homem e olhou para ele atordoado.

Do seu cabelo loiro mel aos seus olhos azuis profundos, sua pele morena bronzeada aos seus lábios sensuais com um charuto na boca, não havia nada nele que não fosse perfeito. O corpo musculoso que parecia explodir sob o terno preto também era perfeitamente proporcionado, tanto que Yeong-hoo suspeitou que ele fosse uma estátua e não um humano.

“Há muitos homens bonitos na Grécia”, disse brincando o dono do bar, mas isso foi longe demais. E além disso, a intensidade da força que irradia de todo o seu corpo é tão forte que até um homem sentiria medo ao vê-la. Não havia uma única falha da cabeça aos pés, e até os dedos que seguravam o charuto eram perfeitos, mas Yeong-hoo não conseguia esconder a intensa provocação que estava emanando dele, tornando difícil até mesmo respirar.

Foi ele quem se moveu primeiro. O homem desviou o olhar de Yeong-hoo com uma expressão indiferente e serviu um Valentine no copo. Com isso, Yeong-hoo conseguiu se livrar da suspeita de que poderia ser uma estátua. Yeong-hoo percebeu mais tarde que o homem segurava um charuto na boca, um cartão de dia dos namorados em uma mão e um copo antiquado cheio de gelo na outra. Yeong-hoo, que percebeu naquele momento que havia perdido a cabeça por causa do homem, abriu a boca apressadamente, incapaz de evitar que seu rosto corasse.

“Com licença… Você é o Sr. Theron Giotas?”

Ele havia entrado antes da abertura e estava bebendo e fumando um charuto calmamente, então devia ser funcionário do bar. Ele perguntou cautelosamente, pensando que poderia ser o gerente do bar que havia dito que o entrevistaria, mas sua voz falhou, então Yeong-hoo engoliu sua saliva apressadamente e acrescentou. O homem colocou o Valentine na prateleira e voltou seu olhar para Yeong-hoo. Diferentemente de antes, desta vez o olhar foi bem persistente.

O homem que tomou um gole de uísque ao invés de um charuto, olhou para Yeong-hoo com os olhos semicerrados. Enquanto seu olhar estranho examinava todo o corpo dele, Yeong-hoo sentiu vontade de fugir. O homem continuou sem dizer nada, apenas manteve o charuto na boca e balançou a cabeça para o lado com o queixo. Yeong-hoo hesitou por um momento, então rapidamente se virou na direção que apontou, sem dizer obrigado. Yeong-hoo estava ciente de que o olhar persistente do homem examinava suas costas junto com o forte cheiro de charutos, mas ele não olhou para trás. Ainda assim, suas bochechas coradas não mostravam sinais de que iriam esfriar.

*

*

“Bem-vindo, ouvi muito sobre você.”

Yeong-hoo caminhou na direção que o homem lhe mostrou e encontrou um escritório escondido como uma pequena sala, onde conheceu Theron Giotas, o gerente do bar. Depois de apertar as mãos calorosamente e pegar os documentos que eu havia preparado, Theron os leu atentamente e fez algumas perguntas leves. Quando Yeong-hoo respondeu em grego, ele perguntou em inglês a seguir. Desta vez, Young-hoo respondeu em inglês. Theron assentiu com satisfação e abriu a boca.

“Certo, então você começa a trabalhar amanhã. Você tem algum lugar para ficar? Eu dei uma olhada em alguns lugares para você.”

Yeong-hoo ficou surpreso ao ver as anotações que Theron lhe deu. O dono do bar já tinha feito arranjos para que Yeong-hoo, que não tinha conexões, pudesse receber ajuda de várias maneiras. Yeong-hoo sentiu-se profundamente grato a ele e agradeceu a Theron também.

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Ao sair do escritório isolado e ir para fora, o bar estava vazio. O que restava no silêncio tranquilo era apenas o aroma residual do charuto e os copos com gelo parcialmente derretido. Yeong-hoo piscou por um momento, pensando que talvez estivesse vendo coisas.

* * *

“Aqui está você, Andreas.”

Uma mulher elegantemente vestida, sentada sozinha em um café antigo da cidade, o notou primeiro e acenou com a mão. O homem logo se aproximou e sentou-se em frente a ela.

“Desculpe o atraso, Delphi.”

Com a simples frase, que mal podia ser considerada um pedido de desculpas, Delphi sorriu.

“Eu também acabei de chegar. Mas que surpresa, Andreas se atrasar.”

Andreas riu enquanto olhava para o lindo rosto, e acrescentou mal-humorado.

“Estava fazendo dinheiro.”

“Fazendo dinheiro? Você foi para o hotel?”

Enquanto ela piscava ao perguntar, Andreas recostou-se na cadeira, cruzou as longas pernas e olhou para baixo com desdém

Enquanto ela piscava ao perguntar, Andreas recostou-se na cadeira, cruzou as longas pernas e olhou para baixo com desdém.

“Este é o único negócio que meu pai me deixou, então eu não deveria trabalhar honestamente?”

“Honestidade e trabalho, duas palavras que não combinam com você, Andreas. Então, está tudo bem?”

Quando ela disse isso como se fosse engraçado, Andreas respondeu com indiferença.

“O hotel funciona sozinho, não preciso me preocupar. De qualquer forma, meu pai me deixou no comando sem grandes expectativas.”

“Você acredita que eles não farão isso com sinceridade?”

Andreas, que estava prestes a pegar um charuto, parou e olhou para ela. Delphi sorriu como se soubesse de tudo.

“É por causa do seu pai? Ou do Ferris? Não seria fácil fingir ser um gangster.”

Diante das palavras de Delphi, que soaram um tanto compassivas, Andreas estreitou os olhos, distorceu os lábios em um sorriso zombeteiro e sussurrou em voz baixa.

“Minha querida irmã, se você for esperta demais, morrerá jovem.”

*

Tradução: Yani

Revisão: Ana Luiza