Capítulo 6.2
A pequena vila onde Yeong-hoo morava não ficava muito longe do hotel. O caminho que ele sempre fazia a pé para ir e voltar do trabalho parecia excepcionalmente longo hoje. Quando a vila finalmente surgiu à vista, ele soltou um suspiro de alívio. Ao abrir a porta de entrada e entrar, Andreas o seguiu imediatamente. Não ousaria fechar a porta na cara dele, seria uma coisa muito infantil a se fazer. Sem olhar para trás, Yeong-hoo subiu a escada suja e finalmente parou em frente à sua própria casa. Ao ouvir passos parando logo atrás dele, ele suspirou inevitavelmente e se virou.
“Agora, chega…”
“Nem sequer pensa em me oferecer uma xícara de chá?”
Interrompendo com leveza a maneira rígida e inflexível dele, Andreas deu um sorriso sutil.
“Ha. Ha. Ha.”
Yeong-hoo fez um som de riso sem realmente rir, depois falou com clara irritação.
“Vamos parar por aqui, porque definitivamente é uma brincadeira nem um pouco divertida.”
“Eu não estava brincando.”
Ele não parecia ter a intenção de recuar. O corredor estreito oferecia apenas o espaço onde Yeong-hoo estava. Por conta disso, mesmo Andreas estando um degrau abaixo, seus olhos ficavam mais altos que os de Yeong-hoo. Isso, de alguma forma, também se tornou irritante, fazendo com que Yeong-hoo não tivesse mais ânimo para lidar com ele. Yeong-hoo o ignorou completamente, virou-se, pegou a chave e a enfiou na maçaneta.
POW!
Assim que ele agarrou a maçaneta, girou e abriu a porta, uma mão estendida por trás a fechou imediatamente. Um som estrondoso ecoou pelo corredor silencioso. Yeong-hoo piscou os olhos surpreso com o som que se esvaía, deixando um eco peculiar.
“O quê…?”
Quando se virou para trás inconscientemente, Andreas estendeu a outra mão imediatamente, a apoiando na porta e o prendeu entre seus braços. O corredor estreito ficou completamente preenchido apenas com os dois de frente um para o outro. Yeong-hoo arregalou os olhos e olhou para cima, enquanto Andreas o observava com um sorriso tranquilo.
“Esperei até essa hora e vim até este condomínio velho e caindo aos pedaços, e você quer que eu simplesmente vá embora?”
A voz baixa percorreu sua espinha, causando um arrepio. Yeong-hoo forçou-se a suprimir o medo que sentia e falou com uma voz rígida e inflexível.
“Não me lembro de ter pedido para você vir.”
“É mesmo? Eu me lembro claramente de ter sido seduzido.”
Andreas riu brevemente, inclinando a cabeça. Mas Yeong-hoo não conseguiu deixar essas palavras passarem.
“Seduzido…?”
Pego de surpresa, ele piscou os olhos e perguntou. Andreas não respondeu. Seu belo rosto se aproximou, e seus longos cílios se inclinaram. Yeong-hoo tentou recuar por um instante, mas era impossível, pois já estava colado na porta.
Desta vez, parecia que de fato iriam se tocar. Ele ia beijá-lo.
No entanto, Yeong-hoo percebeu, instintivamente, que Andreas queria mais do que aquilo. Ele chegou mais perto. Seu rosto, sua respiração, seus lábios. Yeong-hoo, em pânico, tentou empurrá-lo. Mas Andreas, como se já esperasse por isso, agarrou seu braço levemente, puxando em sua direção.
“Ah…!”
Com um breve grito, Yeong-hoo caiu nos braços de Andreas. Ao bater a cabeça no ombro firme, ele levantou o rosto, em pânico. Andreas o observou com um sorriso zombeteiro.
“Não vou cair no mesmo truque de novo. Pense em um método mais criativo.”
“O que você está fazendo? Me solta! Se não soltar…”
“Ou o quê? Vai gritar?”
Andreas zombou dele. Yeong-hoo olhou para ele com o rosto pálido. O pulso que estava sendo segurado, latejava. Andreas sussurrou para Yeong-hoo, que o olhava em silêncio.
“Só um beijo de boa noite, já que cheguei até aqui. Uma cortesia dessas é aceitável, não é?”
Andreas, então, agarrou a cintura de Yeong-hoo e o puxou para mais perto. O coração de Yeong-hoo batia forte. A temperatura dos corpos em contato era sentida por todo o seu corpo. Seus lábios realmente pareciam prestes a se encostar.
Sentindo uma sensação de perigo, Yeong-hoo arregalou os olhos e, respirando pesadamente de nervosismo, olhou para Andreas. Os olhos dele se estreitaram ao encarar Yeong-hoo, que tremia levemente com o rosto pálido de medo. Completamente diferente da expressão dele que, até então, proferia palavras com leveza como se fossem piadas, tinha uma expressão séria. Será que ele sempre fazia essa expressão ao beijar? Seus olhares se cruzaram no ar, e Andreas inclinou a cabeça. Yeong-hoo prendeu a respiração.
“Não fique nervoso, Agaphimmu*.”
* Meu amor.
Andreas, inesperadamente sussurrou com carinho. Cada vez que seus lábios se moviam, sua respiração quente roçava os lábios de Yeong-hoo.
“Farei isso com delicadeza…”
Os dedos longos e nodosos de Andreas acariciaram a bochecha de Young-hoo. Quando ele estremeceu, os dedos desceram, fazendo cócegas em seu pescoço. A respiração ofegante de Yeong-hoo, causada pela tensão e pelo medo, tocou os lábios de Andreas, e no instante em que o calor intenso estava prestes a se conectar.
“Saia da frente!”
Yeong-hoo gritou ferozmente e empurrou Andreas com toda a sua força. Por um instante, o homem à sua frente cambaleou, e Yeong-hoo, tardiamente, percebeu a escadaria que se estendia atrás dele.
“Ei, não!”
Yeong-hoo estendeu a mão em pânico. O homem, que escorregou por um instante, agarrou o corrimão dois ou três degraus abaixo e recuperou o equilíbrio por um triz. Um breve silêncio seguiu. Andreas lançou um olhar para os degraus restantes e então voltou sua atenção para Yeong-hoo.
“Christos*, quase quebrei o pescoço.”
* Droga! Meu Deus! Puta que pariu!
Mesmo dizendo isso, como se estivesse se divertindo, Andreas sorriu e acrescentou.
“Pelo visto, para te beijar precisarei arriscar a minha vida.”
Mesmo sentindo um alívio interno, Yeong-hoo respondeu de forma brusca:
“Eu disse para não fazer isso. Por vir atrás de mim sem permissão e ainda tentar me beijar, você mereceu.”
“Você está sendo muito cruel por conta de um mero beijo, não acha?”
Diante da queixa, Yeong-hoo ficou sério e respondeu.
“Eu não sou gay.”
Andreas fez uma pausa com o rosto endurecido. No entanto, não havia nenhum sinal de surpresa ou embaraço. Pelo contrário, ele sorriu levemente, como se achasse divertido.
“E daí?”
Yeong-hoo ficou sem palavras diante da pergunta que lhe foi feita, como se fosse tão óbvia. Andreas disse, ainda sorrindo.
“Não é como se você nunca tivesse tido um homem, certo? Mesmo que não seja sua preferência, você deve ter tido alguma experiência.”
“O quê…?”
O rosto de Yeong-hoo ficou pálido e logo em seguida ruborizou. Embora pensasse que as pessoas dali eram bem abertas, esse tipo de abordagem era embaraçosa. Ele ficou sem jeito, sem saber como deveria rejeitar aquele homem.
“Não sei por que você pensa desse jeito, mas procure outra pessoa. Não tenho esse tipo de inclinação…”
“Você nunca teve um homem…?”
Andreas perguntou, como se estivesse duvidando das palavras dele. Yeong-hoo, escondendo seu constrangimento, respondeu com esforço para manter a calma.
“Além disso, sou extremamente hétero e…”
“Theos mu… Os homens daquele país são todos eunucos?”
Com o suspiro de Andreas, Yeong-hoo parou de falar. Andreas acariciou o queixo, percorreu o corpo de Yeong-hoo com um olhar significativo e então voltou a fitar seus olhos.
“É lamentável que você transborde sensualidade por todo o corpo e, ao que tudo indica, nunca tenha encontrado um homem de verdade.”
Yeong-hoo olhou para ele com desgosto. Por que pensava tão naturalmente que ele era daquele jeito? Será que eles acreditavam que, por serem assim, os outros também seriam? Ou era apenas excesso de confiança? Yeong-hoo o encarou com o rosto franzido, revelando suas emoções.
“Se é assim que é um homem de verdade, não quero conhecer nenhum por toda a vida. É livre para ter fantasias como quiser, mas prejudicar outras pessoas não é certo.”
“Prejudicar…”
Andreas arrastou por muito tempo uma palavra de forma estranha e logo depois sorriu suavemente.
“Nada mal, é bem original. Mas fique sabendo que não tenho muita paciência. Se demorar muito, posso acabar desistindo. Aí será tarde demais para se arrepender.”
“Não sei do que você está falando.”
Andreas apenas riu brevemente da fala áspera de Yeong-hoo. Ele não estava levando as palavras dele a sério.
“Kalinihta*, Yeong-hoo. Tenha bons sonhos.”
* Boa noite.
Andreas acenou levemente com a mão e desceu as escadas com passos leves. Yeong-hoo piscou os olhos, parado no mesmo lugar. Ele ouviu o som da porta da frente se fechando. Sentiu-se tonto. Só então ele percebeu que seus nervos, tensos e finos, estavam gritando. Ele fechou os olhos, encostou-se à porta e soltou um suspiro trêmulo.
* * *
N/T: Desculpa a demora. Acabei pegando muito mais trabalhos de ilustração e tradução pra fazer do que eu deveria e acabei negligenciando aqui. Mil perdões mesmo. Vou tentar postar com mais frequência ou maior quantidade futuramente. Obrigada pela paciência. Ah, estamos chegando ao final do primeiro volume. Ele termina no cap. 7!
Tradução: Yani
Revisão: Ana Luiza
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Capítulo 6.2
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Mais de um milhão de beijos
Depois de terminar com sua namorada porque a amava, mas não possuía nada, ele vagou por aí e encontrou a Grécia. Yeong-hoo, que começou uma nova vida como...