Capítulo 21
Alguns dias depois.
– Henry! – Adelea o chama enquanto se aproxima. Henry, que está sentado embaixo de uma árvore, gira o rosto em direção a sua voz e sorri.
– Eu estava te procurando. O que está fazendo aí ? – ela questiona curiosa e ao chegar mais perto, vê o cavalete com uma tela de pintura e algumas tintas na paleta. No mesmo instante, a mistura de cores chama sua atenção, diferente do que estava acostumada a ver elas pareciam não conversar entre si ou formar uma figura ou paisagem.
– Pintando. – Henry responde com um sorriso em seus lábios, como se fosse uma criança feliz depois de ganhar um doce.
– Onde arrumou tudo isso ?
– O Richard trouxe para mim.
– Ah, certo… – ela concorda meio hesitante, não sabia bem o que dizer.
– Você parece curiosa, quer me perguntar algo ? – ele ri, era nítido que ela tinha muitas perguntas.
– Como você…- Adele hesita novamente, não queria ser indelicada.
– Pinto mesmo sendo cego ? – Henry completa.
– É.
– Não é tão difícil quanto parece, além disso eu só gosto da sensação do pincel deslizando pela tela. – ele responde com um sorrisinho e seu rosto ganha um leve tom avermelhado.
– Parece divertido. – ela também sorri, feliz por vê-lo animado.
– Então, porque estava me procurando ?
– Ah! eu precisava da sua ajuda no…
– Adelea, pode vir aqui um instante ? – a voz masculina a interrompe, chamando sua atenção.
– Henry, eu volto daqui a pouco, tá bom ? – Adelea fala parecendo um pouco nervosa e sai apressada. Henry estranha sua atitude, mas decide esperar até que ela volte.
Após alguns minutos, ele começa a ficar curioso e impaciente, então decide se levantar e ir atrás dela. Ao se aproximar da porta da cozinha, pode ouvir a conversa entre Adelea e Richard, o jardineiro.
– E o que vamos fazer agora ? Não podemos deixar o Sr. Solaram ser preso! – Adelea questiona preocupada.
– O Krodo está lá com ele, além disso não podemos fazer nada. – Richard deixa um longo suspiro sair, também preocupado com a situação.
– Como algo assim foi acontecer ? O que eu digo para o Henry ?!
– Me dizer o quê ? – Henry questiona ao entrar na cozinha.
– Ah… – Adelea murmura surpresa, sem saber o que responder.
– O Sr. Solaram está bem ? – Henry questiona novamente, se sentindo ansioso com aquele silêncio.
– Eu vou deixar vocês a sós. – Richard encara Adelea e acena com a cabeça, jogando aquela bomba no seu colo e saindo de fininho logo depois. A moça deixa um longo suspiro sair, reunindo um pouco de coragem.
– Senta, eu vou te contar tudo.
_______________
– Para onde você foi depois do jantar ? – o vampiro o questiona, sem desviar o olhar.
– Fui para o meu quarto. Não me sentia bem. – Octavian responde de forma tranquila, sem demonstrar hesitação.
– Sabe, Sr. Solaram, nós já tivemos essa conversa dezenas de vezes, mas eu ainda não me sinto convencido. – o homem esfrega o queixo e se recosta na cadeira.
– Bom, eu já disse tudo o que tinha para dizer. – ele dá de ombros.
– Haldoc insiste que foi você quem planejou o assassinato do seu pai, e eu acredito nele.
– É por isso que está me mantendo aqui, mesmo sem ter provas ?
– Se estivesse no meu lugar, não ficaria desconfiado ? É muito conveniente que o homem que você odeia morra de forma misteriosa. – ele o provoca, esperando alguma reação.
– Eu não concordava com meu pai em muitas coisas, mas não o odiava. Ele me ensinou tudo o que eu sei e fez de mim quem sou hoje.
– Não foi bem isso que eu ouvi por aí.
– Agora acredita em rumores, Sr. Morrigan ? – Octavian lhe mostra um sorrisinho sarcástico. O vampiro estreita os olhos e também acaba sorrindo, sabia que não seria fácil arrancar a verdade de alguém como ele.
– Da última vez que conversamos, você disse que faria de tudo para colaborar com a minha investigação. – Morrigan se inclina um pouco e pega sua maleta, que estava no chão ao lado da cadeira.
– Então eu tomei a liberdade de usar uma medida mais radical. – ele põe a maleta sobre a mesa e abre o objeto, de forma que Octavian não veja o seu conteúdo. Morrigan mexe na maleta por alguns segundos e logo depois tira um pequeno frasco de dentro dela.
– O que é isso ? – Octavian questiona.
– Ah! Isso ? É apenas uma ferramenta para me ajudar a saber a verdade. – ele sorri e se levanta, se aproximando de Octavian.
– Talvez alguém com seu status social nunca tenha experimentado algo assim, mas há uma primeira vez para tudo. Não concorda ? – Morrigan sorri novamente e abre o frasco, em seguida agarra os cabelos de Octavian e o força a inclinar sua cabeça para trás.
O vampiro o encara com um olhar furioso e contrai sua mandíbula. Sabia que aquele tipo de humilhação era parte do seu teatrinho, mas ainda sentia seu sangue ferver com tal insolência. Queria matá-lo ali mesmo.
– Abra a boca, Sr. Solaram. – ele aproxima o rosto e murmura com um sorrisinho sádico em seus lábios. Sem escolha, Octavian abre a boca e é forçado a beber todo o líquido do frasco.
– Ugh… o que é isso ? – o vampiro questiona enojado. O líquido tinha um péssimo gosto.
– É uma espécie de soro da verdade. Força às criaturas como nós a dizer a verdade mesmo sem querer. – Morrigan agarra seu queixo e o observa com um olhar de deboche. O vampiro gira seu rosto, tentando desviar o olhar, mas ele o segura com mais força.
– É recomendado apenas algumas gotas para causar uma dor alucinante e uma sede enlouquecedora, mas considerando que estou lidando com alguém do seu calibre, achei melhor não arriscar.
– O que diabos você… – Octavian esbraveja, mas para ao sentir sua cabeça girar. A principio, era quase como estar bêbado, mas sabia que logo a real tortura iria começar.
– Já começou a fazer efeito ? Que maravilha! – ele fala empolgado e se afasta, voltando para o seu assento.
– Acho que já podemos começar, não é ? – Morrigan apoia seus cotovelos sobre a mesa, entrelaça os dedos e o observa com um sorrisinho de satisfação em seu rosto. Iria arrancar a verdade de Octavian a qualquer custo.
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Capítulo 21
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Nosso Amor Manchado por Sangue
Octavian, um vampiro centenário e de uma das famílias mais influentes no meio político da sociedade vampírica, se recusa a beber sangue humano após um incidente...