Capítulo 24
Octavian ergue a cabeça devagar, olhando em direção a porta da sala vazia, se perguntando quando seu torturador voltaria. Ele se sentia cansado, confuso e faminto, já havia perdido a noção do tempo e não sabia há quantos dias estava preso ali, sofrendo nas mãos de Morrigan. Só sabia que estava tempo demais longe do seu amante.
De repente, ele ouve uma movimentação do lado de fora e tenta entender o que está acontecendo, mas seu sentidos estão confusos por causa da fome. Alguns instantes depois, a porta se abre e Aldrich entra.
– Octavian, olhe para mim. – ele se agacha e segura seu rosto, certificando-se de que o vampiro ainda estava consciente.
– Henry… – Octavian murmura com a voz fraca.
– Eu vou tirar você daqui. – Alrich franze o cenho e hesita, mudando de assunto. Logo depois o solta das correntes e o levanta, usando seu corpo como apoio para Octavian, que mal conseguia se manter de pé.
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Depois de se alimentar e recuperar a sua força, Octavian está pronto para voltar para casa e reencontrar Henry. A cada dia, a saudade crescia em seu peito e a esperança de vê-lo era o único combustível que o mantinha vivo.
– Estou chegando, Henry. – o vampiro sussurra e observa a paisagem através do vidro, ansioso para voltar.
– É bom ver que está de pé. – disse Aldrich ao entrar. Octavian se vira em sua direção e acena com a cabeça.
– Sim, graças a você pude me alimentar e me recuperar devidamente. Obrigado.
– Não precisa agradecer, sabe que tenho outras intenções. – Aldrich sorri.
– Claro, mas, ainda sim, gostaria de agradecer. – Octavian se aproxima e estende sua mão esquerda.
– Não me esquecerei da sua gentileza, Aldrich. Vou cumprir a minha promessa.
– Estou contando com isso. – Aldrich agarra a sua mão, a apertando com força.
– Senhor, o carro está pronto. – Krodo fala ao entrar na sala.
– Boa viagem, Octavian. – o vampiro agarra seu ombro, como um gesto de fraternidade e acena com a cabeça, saindo do cômodo logo depois.
– Vamos ? É hora de voltar para casa.
– Sim, senhor.
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Após algumas horas de viagem, Octavian finalmente chega em casa. Ao descer do carro, ele para em frente a entrada e observa a mansão por alguns instantes, tomando coragem para entrar.
– Senhor, não vai entrar ? – Krodo questiona, o que o distrai dos seus pensamentos.
– Sim ? Ah, claro! – Octavian responde um pouco desconcertado e segue em direção a porta. O vampiro entra na casa e como esperado, não há ninguém para recebê-lo.
– Não tem ninguém ? – Krodo, que estava logo atrás dele, questiona curioso.
– Acho que todos estão ocupados. – ele põe um sorrisinho forçado em seu rosto e diz para si mesmo que está tudo bem. Não esperava ter uma grande recepção de qualquer forma.
– Procure por Adelea e…
– Sr. Solaram ?! – Adelea, que estava no topo da escada, o interrompe de repente, surpresa ao vê-lo.
– Estou em casa. – Octavian sorri.
– Sr. Solaram! – ela ri e desce as escadas às pressas, avançando sobre ele e dando-lhe um abraço apertado.
– Estou tão feliz que voltou, senhor. – Adelea se afasta e o observa com os olhos marejados. Nutria um carinho sincero por ele.
– Também estou feliz por voltar, Adelea. – o vampiro acaricia o topo da sua cabeça.
– Onde o Henry está ? – ele questiona curioso. No mesmo instante, a expressão da moça muda e uma estranha tensão começa a surgir.
– Senhor, e-ele… – ela hesita, sem coragem para lhe dizer a verdade.
– Adelea, algum problema ? – Octavian a encara com um olhar aflito.
– Octavian… – a voz fraca de Henry o chama. O vampiro desvia sua atenção para o topo da escada e o vê parado ao lado de um homem, que o ajuda a se manter de pé.
No instante em que seus olhos encontram Henry, todos ao seu redor desaparecem. Ele corre em sua direção, subindo as escadas apressado, e o toma em seus braços, segurando seu amante com cuidado, em um abraço aconchegante.
– Henry. – o vampiro sussurra e afunda o nariz em seu pescoço, se embriagando com seu cheiro.
– Bem-vindo de volta, Octavian. – Henry o cumprimenta baixinho e sorri. Feliz em poder sentir seu toque mais uma vez.
O vampiro se afasta e segura seu rosto com as duas mãos, tentando se certificar de que não estava delirando. Enquanto o observa, Octavian percebe que Henry parece pálido e abatido, respirando com certa dificuldade.
– Henry, está tudo bem ? – ele questiona preocupado. Henry se agarra às suas roupas com força, se sentindo um pouco tonto.
– Octavian, eu…
– Henry, você precisa voltar para a cama. – Bartolomeu o interrompe, notando que seu corpo estava quase no limite. Ao ouvir sua voz, Octavian desvia o olhar em sua direção e o encara desconfiado.
– Quem é você ? – ele questiona, visivelmente irritado, e gira o corpo para o lado, afastando-o de Henry e impedindo que Bartolomeu o toque.
– O homem que está tentando salvar a vida dele. – Bartolomeu responde em um tom um pouco ríspido e também o encara.
– Do que está falando ?
– Octavian. – Percival o chama de repente. O vampiro gira o rosto em sua direção e se sente ainda mais confuso com tudo aquilo.
– Nós precisamos conversar.
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– Percival, o que está acontecendo ? – Octavian pergunta, nitidamente ansioso e impaciente. Percival, que entrou logo atrás dele, fecha a porta do escritório e evita olhá-lo diretamente nos olhos, mesmo assim o vampiro consegue perceber que ele também estava nervoso, o que não era um bom sinal.
– Vamos, diga! – ele fala alto, tentando pressioná-lo.
– Octavian, o Henry está doente. – Percival abre o jogo de uma vez, ainda sem coragem para encará-lo.
– Qual doença ? – Octavian murmura com a voz embargada.
– Leucemia, uma doença que afeta o sangue.
– É por isso que ele está aqui ?
– Sim. Bartolomeu é um Hygeia e entende muito mais das doenças que acometem os humanos do que eu, por isso pedi sua ajuda. Henry ficou debilitado muito rápido, eu não consegui ajudá-lo sozinho. Sinto muito. – Percival franze o cenho e se sente culpado. Se tivesse investigado sua condição física mais a fundo, se tivesse notado os sinais, por mais sutis que fossem, poderia ter evitado que Henry chegasse a esse ponto.
– Você fez o que pôde. Obrigado, meu amigo. – Octavian se aproxima e põe a mão sobre o seu ombro, como uma forma de confortá-lo. O vampiro se surpreende, mas não consegue dizer nada, apenas sorri, aliviado.
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Capítulo 24
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Nosso Amor Manchado por Sangue
Octavian, um vampiro centenário e de uma das famílias mais influentes no meio político da sociedade vampírica, se recusa a beber sangue humano após um incidente...