Capítulo 25 - Fim
Octavian entra no quarto e vê Bartolomeu sentado ao lado da cama, observando enquanto Henry parece dormir profundamente. Ao notar sua presença, ele se levanta e acena com a cabeça.
– Como ele está ? – Octavian questiona preocupado.
– Eu apliquei algumas medicações, ele vai ficar bem por enquanto.
– Ele sente muita dor ?
– Sem as medicações, sim.
– Entendo. – o vampiro abaixa a cabeça e se aproxima da cama.
– Vou deixá-los a sós. Me chame se precisar de algo. – Bartolomeu acena com a cabeça novamente e sai do quarto.
Octavian senta na cadeira ao lado da cama e segura cuidadosamente a mão direita de Henry.
– Me desculpe por demorar tanto. – ele murmura e se inclina para frente, beijando o dorso da sua mão. Não entendia bem os sentimentos humanos, mas sabia que o desejava e que não podia abrir mão dele.
– Vou acabar com o seu sofrimento. Eu prometo. – Octavian murmura novamente e leva a palma da mão de Henry até seu rosto. Sentir o seu calor era reconfortante.
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Após as coisas se acalmarem e todos se recolherem em seus quartos, Adelea também encerra seu trabalho e vai para o quarto. Ao entrar, ela solta seus cabelos e deixa um longo suspiro sair, estava tão preocupada com Henry e Octavian que não pôde descansar nos últimos meses.
– Sinto que preciso de um banho quente. – a moça sussurra para si mesma e segue em direção ao banheiro. Alguns minutos depois, ela volta para o quarto, enrolada em uma toalha de banho.
– Adelea. – a voz profunda e rouca de Krodo chama seu nome. Adelea grita assustada ao ouvir sua voz e sente que seu coração vai sair pela boca a qualquer momento.
– Que diabos, Krodo! – ela esbraveja, se sentindo um pouco envergonhada.
– Desculpa, eu não quis te assustar. Você estava no banho e… – Krodo para no meio da frase ao ser interrompido por Adelea, que o abraça com força.
– Fiquei preocupada… – ela murmura. Krodo fica um pouco sem jeito, mas acaba retribuindo seu abraço.
– Eles não te machucaram, não é ? – a moça se afasta e toca o lado direito do seu rosto sobre o capuz, o observando com um olhar aflito. Krodo tenta esconder seu rosto, girando a cabeça, no entanto Adele o segura com mais força e não desvia o olhar.
– Até quando vai continuar se escondendo de mim, Krodo ? – ela sussurra e logo deixa um longo suspiro sair.
– E-eu… – Krodo hesita. Adelea o agarra pelo capuz que esconde seu rosto e o puxa para um beijo. Mesmo surpreendido, desta vez ele não a afasta e a segura pela cintura, trazendo seu corpo para mais perto do seu.
– Krodo… – ela chama seu nome baixinho, quase como um sussurro, com a respiração agitada e o coração palpitando. Adelea o encara com um olhar ardente e ao mesmo tempo apaixonado. Não podia mais esperar.
– Eu quero você. – a moça fala de forma direta e lentamente retira o capuz negro, relevando o rosto de Krodo.
– Eu não posso dar o que você quer, Adelea. – ele murmura com a voz embargada.
– Não importa. – ela acaricia o lado esquerdo do seu rosto, em seguida se aproxima devagar e o beija novamente.
– Eu te amo…
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Enquanto a noite avança, Octavian permanece no mesmo lugar, sem tirar seus olhos de Henry. Queria estar lá assim que ele acordasse.
– Hm… – Henry grunhi, ainda sonolento por causa do remédio. No mesmo instante o vampiro fica alerta, esperando ansioso que ele abra os olhos.
– Henry. – Octavian o chama em um tom doce e acaricia seus cabelos. Aos poucos ele abre os olhos e começa a recuperar os sentidos.
– Octavian. – Henry murmura com a voz fraca e ergue sua mão direita, procurando por ele. O vampiro agarra sua mão e beija o dorso dela de forma gentil.
– Estou aqui, Henry.
– Oi… – ele sorri ao ouvir sua voz e gira o rosto em sua direção.
– Como se sente ?
– Cansado.
– Quer que eu chame o Bartolomeu ?
– Não! – Henry levanta um pouco a voz e segura sua mão com força. Não queria se afastar dele.
– Certo, eu vou ficar aqui. – Octavian percebe sua ansiedade e acaricia seus cabelos novamente, tentando acalmá-lo.
– Octavian, eu…
– Não se preocupe, vai ficar tudo bem. Tenho certeza de que Bartolomeu vai conseguir achar uma cura e mesmo que ele não ache, eu posso torna…
– Octavian! – Henry levanta a voz, interrompendo-o. O vampiro para de repente e percebe que estava tagarelando.
– Ah, eu sinto…
– Eu estou morrendo, Octavian. – ele o interrompe novamente. Octavian o encara atônito, ainda processando suas palavras. Henry segura firme em sua mão e um sorriso gentil se forma em seus lábios.
Dizer aquilo com um sorriso tão doce e uma expressão serena, sem dar a Octavian a chance de fazer algo ou tentar convencê-lo de continuar vivo, era muito cruel.
– Sinto muito, Octavian. – ele murmura com a voz embargada.
– Tudo bem, Henry. – o vampiro acaricia o dorso da sua mão com o polegar e logo em seguida se levanta, saindo do quarto em silêncio. Ao ouvir a porta se fechar, Henry deixa um longo suspiro sair e as lágrimas começam a rolar pelo seu rosto.
– Eu realmente sinto muito…
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Com o passar dos dias, a condição de Henry se torna cada vez pior. Seu corpo para de responder aos tratamentos de Bartolomeu e ele se recusa a recorrer a métodos que não considera naturais. Mesmo com dor, Henry se apegava desesperadamente a sua humanidade e tinha medo de se tornar um deles. Queria morrer como veio ao mundo.
– Octavian. – Percival bate à porta e espera por alguma resposta, mas tudo está silencioso. Desde que soube que Henry já havia aceitado a morte, Octavian se trancou em seu quarto e começou a definhar junto com o seu amante, como se quisesse se juntar a ele.
– Octavian, precisa sair daí. Estamos todos preocupados e o Henry ainda precisa de você. – ele tenta convencê-lo, mas não há resposta.
– Vamos, ele vai sair quando achar que deve. – Bartolomeu, que também estava em frente a porta, estende sua mão direita para Percival, que mesmo relutante, decide se afastar por hora.
Ao ouvir seus passos sumindo no corredor, Octavian olha pela janela e percebe que já está de noite. Ele se levanta devagar e sai do escritório, indo em direção ao seu antigo quarto. O vampiro abre a porta com cuidado e se aproxima da cama onde Henry parece dormir profundamente.
– Henry… – ele murmura o seu nome e se ajoelha ao lado da cama, se encolhendo no chão. Nos últimos dias, Octavian passava todas as noites ao seu lado, mas sumia pela manhã como se nunca estivesse estado ali. Se sentia frustrado e culpado. Não queria vê-lo morrer.
– Eu queria que você ficasse… – o vampiro sussurra e desliza sua mão pela cama até encontrar a de Henry, a segurando com cuidado. Ele fecha seus olhos e fica em silêncio, com medo de atrapalhar seu sono, mas após alguns minutos Henry desperta, como se pudesse sentir sua presença.
– Eu sei que está aqui. – ele fala com a voz fraca e segura sua mão com força. Octavian se levanta, pensando em fugir, porém Henry agarra seu antebraço com a outra mão.
– Não vá. – ele balbucia com a voz embargada e uma expressão assustada.
– Está com dor ? – Octavian o questiona e acaricia seu rosto. Henry suspira ao sentir seu toque e fecha os olhos, acomodando o rosto na palma da sua mão.
– Estou bem agora. – ele sorri e se sente aliviado. O vampiro fica em silêncio, o observando, tentando guardar cada momento com Henry em sua memória.
– Henry… – Octavian pensa em dizer alguma coisa, talvez confortá-lo, mas as palavras não saem da sua boca.
– Você não precisa dizer nada, Octavian. – Henry sorri novamente e toca gentilmente o dorso da sua mão.
– Todos os dias mais felizes da minha vida, eu passei com você. Obrigado por me amar de forma tão doce, Octavian. – ele fala baixinho, enquanto as lágrimas escorrem dos seus olhos. O vampiro contrai a mandíbula e franze as sobrancelhas, irritado consigo mesmo por não conseguir mantê-lo ao seu lado.
– Me abraça. – Henry estende seus braços, o convidando para perto dele com uma expressão gentil. Octavian sente uma onda de ansiedade percorrer a sua espinha, mas o abraça mesmo assim. Ele se deita ao seu lado e o aconchega próximo ao seu corpo, segurando-o firme.
– Octavian, estou com sono… – ele murmura e recosta a cabeça sobre o seu peitoral.
– Tudo bem, você pode descansar agora. – o vampiro também murmura e acaricia seus cabelos negros. Henry balança a cabeça, concordando, e fecha seus olhos.
Octavian também fecha seus olhos e fica ouvindo os batimentos cardíacos de Henry, até que lentamente seu coração para de bater. Seu som preferido no mundo agora não existia mais. Acabou.
– Adeus, Henry.
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