Capítulo 21
Algumas semanas depois.
– O movimento contra a Rainha cresce a cada dia, mais e mais cidadãos se juntam a causa. A família do lobo que prendemos está acusando a casa real de abuso de poder e de encobrir um traidor. Eles estão ganhando força mais rápido do que esperava… – Lyter suspira e esfrega os olhos.
– Isso com certeza vai se tornar um problema. Com a pressão da população, serei obrigado a dar algum tipo de satisfação.
– Não importa o que diga, eles continuarão com esse ódio irracional! – Lyter revira os olhos. Odiava o quanto os lobos podiam ser obstinados.
– Esse lobo…. desconfio de que o Willbur armou tudo desde o começo. Independente do resultado, ele chegaria onde queria, pôr o povo contra a Casa Brenhin.
– Sendo sincero, sempre desconfiei de suas atitudes, mas não podemos acusa-lo sem provas!
– Não se preocupe, mais cedo ou mais tarde ele vai cometer algum deslize, só precisamos ficar de olho. Por enquanto, reúna alguns guardas de confiança e pergunte se eles notaram algo estranho, esses rebeldes com certeza devem ter alguém infiltrado que passou despercebido por nossos narizes!
– É só isso ? Vai sentar e esperar ? – Lyter o questiona ansioso. Esperava mais.
– Sim, tenho outros assuntos que exigem minha total atenção. Além disso, eu tenho você, não é ? – Ambrose força um sorriso gentil.
– E que assuntos são esses ?
– Um lindo marido esperando por mim na nossa cama todas às noites e… um filho!
– Está falando serio ? – Lyter o encara com os olhos arregalados. Nunca imaginou que Desmond lhe daria herdeiros.
– Sim, nosso primogênito está a caminho! – ele fala animado.
– Isso é ótimo, parabéns!
– Mantenha isso em segredo, ainda é cedo para revelar ao público.
– Eu entendo. Conte comigo!
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– Como está se sentindo ? – Veronica o questiona enquanto confere o estado do seu corpo.
– Bem, só continuo enjoado. Nada de mais.
– Entendo. Pelo que vejo, vocês continuam saudáveis e isso é bom, mas ainda estou preocupada…
– Algo errado ?
– Eu nunca vi um lobo fêmea com a aparência de um homem humano. Não sei se o seu útero tem espaço o suficiente para suportar uma grande ninhada ou até mesmo se há mais de um filhote sendo gerado. Sem os equipamentos certos, é difícil investigar isso a fundo.
– Entendo… – Desmond murmura cabisbaixo e acaricia sua barriga.
– Isso não significa que não estão bem, apenas que precisam de uma atenção maior. Okay ? – Veronica segura sua mão e lhe mostra um sorriso gentil.
– Por quanto tempo eu vou ficar assim ?
– Os filhotes de lobo nascem no início do verão, então logo vai pode vê-lo!
– Ah! Certo! Eu te trouxe uma coisa! – Veronica muda de assunto de repente e logo depois começa a revirar sua bolsa, buscando por algo.
– Aqui, um livro com algumas informações sobre a gestação e maternidade. Acho que pode ser útil. – ela estende o livro em sua direção.
– Obrigado…
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– Desmond, estou de volta! – Ambrose fala ao entrar em seu quarto.
– Finalmente voltou, maldito lobo fazedor de bebês! – Desmond, que está dentro de um ninho feito com as roupas de Ambrose, esbraveja e o encara furioso.
– Trouxe alguns doces, então saia desse ninho e venha comer. – ele tenta conter a risada e se senta na cama.
– Certo… – Desmond sai de baixo da pilha de roupas e se senta ao seu lado, com suas pernas sobre o colo de Ambrose. A gravidez o deixou mais irritado e ao mesmo tempo mais caprichoso.
– Pegue, coma. São biscoitos cobertos com chocolate! – o Rei lhe entrega um pequeno pote de metal e o observa encantado enquanto ele come satisfeito. Sua barriga estava crescendo aos poucos e sua fome também.
– Se ainda sentir fome, me diga.
– Não, tudo bem… – Desmond apoia a cabeça em seu ombro e se encolhe, como uma criança que busca por colo.
– Como foi com a Veronica hoje ? Eu estive tão ocupado que não pude acompanhar sua visita. – Ambrose o abraça e beija o topo de sua cabeça.
– Ela disse que está tudo bem, mas ainda vai demorar algum tempo para que o bebê nasça. A previsão é para o começo do verão.
– Ótimo, isso é bom.
– Sim, ele está bem então não há com o que se preocupar. – Desmond termina de comer e se afasta, indo para o seu ninho. Era o único lugar onde se sentia confortável.
– Algum problema ? – Ambrose o questiona preocupado. Havia notado que ele parecia um pouco tristonho.
– Não, está tudo bem… – ele murmura.
– Talvez seja bom sair um pouco. Peça a Nanber para te acompanhar. – o Rei se aproxima e acaricia seus cabelos.
– Vou pensar nisso. – Desmond responde indiferente.
– Eu preciso sair agora. Te vejo mais tarde, okay ? – ele beija sua testa e Desmond apenas concorda com a cabeça. Ambrose suspira e logo depois sai, o deixando sozinho.
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Dia seguinte.
– Bom dia, é hora de acordar! – Nanber fala animada ao abrir as cortinas, deixando que a luz solar entre no quarto.
– Não quero! – Desmond resmunga e se encolhe dentro do seu ninho.
– Vamos lá! O Rei já está de pé e quer comer com você!
– Não quero. – ele esbraveja e se revira na cama.
– Você não tem escolha! Vamos, saia logo! – Nanber puxa o lençol.
– Precisa sair e fazer alguma coisa!
– Realmente tenho que ir ? – Desmond choraminga e a encara irritado.
– Sim, vai ser bom para o bebê. – Nanber acaricia seu rosto e ri. Era como um bebê.
– Okay, eu vou! – ele suspira e logo se levanta.
– Ótimo, já preparei seu banho!
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– Dormiu bem ? – Ambrose, que já estava tomando seu café da manhã, o questiona ao vê-lo se sentar ao seu lado.
– Sim. – Desmond força um sorriso doce.
– Certo, então coma. Pedi que trouxessem mais frutas, doces e bolos para você! – o Rei fala animado enquanto lhe mostra os alimentos
– Obrigado, Ambrose… – Desmond fica levemente corado e sorri com um pouco mais de sinceridade dessa vez.
Após o café da manhã, ambos se despedem rapidamente e seguem caminhos opostos. Enquanto Ambrose está ocupado com reuniões e burocracias, Desmond pretende desfrutar de um rápido passeio pelo jardim.
– As plantas e flores estão começando a ganhar força. Quando cheguei não estavam assim! – Desmond fala animado.
– O solo começou a ficar infértil há alguns anos, era praticamente impossível fazer algo florescer. Mas desde que você chegou, os jardineiros estão conseguindo manter as plantas vivas. – Nanber fala satisfeita.
– Você fala como se eu tivesse feito alguma coisa especial…
– Só em estar aqui, já é algo especial. – ela sorri de forma gentil, deixando Desmond corado.
– Boba… – ele sussurra para si mesmo e tenta esconder seu rosto.
– Está com vergonha ? Isso é… – Nanber dá risada, mas acaba se calando de repente. Havia algo estranho acontecendo.
– Ouviu isso ? – Desmond a questiona preocupado e logo depois segue em direção aos portões do palácio.
– Senhora! – Nanber o segue e tenta impedir que ele vá até lá, já imaginando o que poderia estar acontecendo, mas não consegue para-ló e logo Desmond se depara com o barulho ensurdecedor de vozes furiosas e objetos se chocando contra as barras de ferro. Do outro lado dos portões, havia um pequeno grupo de lobos que lutavam incansavelmente contra os poucos guardas presentes, tentando a todo custo entrar no jardim.
– O que eles…. – ele murmura e os observa espantado.
– Ali! Ele está ali! O maldito branco! – um dos lobos grita e aponta em direção a Desmond.
– Saia do nosso país, aberração! – alguns deles gritam em um coro cheio de raiva.
– O que estão fazendo, idiotas ? Tirem eles daqui! – Nanber repreende os guardas e se posiciona a frente de Desmond, que observa tudo em silêncio, imóvel pelo medo e pela estranha sensação de culpa que percorre seu corpo.
– Desmond, precisamos entrar! – ela segura seu rosto, se certificando de que ele não olhe para aqueles lobos e o guia para longe.
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– Sente-se. – Nanber puxa uma cadeira e o ajuda a se sentar.
– Você está bem ? – ela o questiona preocupada.
– Sim, eu só… – ele murmura com um olhar vago.
– Desmond! – Ambrose grita ao entrar na sala. Ele estava ofegante, como se tivesse corrido uma longa distância para encontrá-lo.
– Está tudo bem ? – o Rei se aproxima e se ajoelha, segura seu rosto com as duas mãos e o observa da cabeça aos pés, procurando por algum ferimento.
– Estou bem, acho que só me surpreendi um pouco! – ele ri e inconscientemente toca sua barriga, se certificando de que seu filhote estava bem.
– Graças a deusa… – Ambrose murmura e o abraça, mas logo depois se levanta de repente.
– Nanber, fique aqui. Preciso ir até lá! – ele ordena em um tom frio. Estava realmente furioso com a situação.
– Sim, sen…
– Não! – Desmond protesta.
– Não faça nada, Ambrose. Deixe que os guardas cuidem disso… – ele segura seu antebraço com força e o encara com um olhar assustado, mas determinado.
– Certo, como quiser… – Ambrose suspira e acaricia seu rosto. Não podia deixá-lo sozinho.
– Nanber, chame o Lyter. Por favor!
– Certo!
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Capítulo 21
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O Lobo e a Lua
Desmond, um lobo fêmea, é abandonado por sua família por ser “defeituoso”. Desde então ele ganha a vida se prostituindo noite após noite, tentando juntar...