Capítulo 2

– O que diabos você quer ? – Sekani questiona de forma ríspida e o encara com um olhar furioso.

– Quero que trabalhe para mim.

– Não estou interessado na vaga. – ele se levanta da cama de repente e segue em direção a porta, mas é impedido por Fenrir, que o segura pelo antebraço.

– Acha que roubar é mais interessante ? Eu posso te levar direto para a delegacia, se esse for o caso. – ele fala próximo ao seu rosto, o provocando.

– Está tentando me ameaçar ?

– Não, só quero saber se prefere ficar vivo ou acabar com uma bala no meio da testa em algum beco. Para mim parece uma escolha bem simples, mas você parece estar com dificuldades para decidir. – ele fala em um tom sarcástico.

– E por que eu ? Você tem vários lacaios que fariam qualquer coisa por esse trabalho.

– Porque você é o único que pode fazer isso. – Fenrir lhe mostra um sorrisinho astuto.

– Argh… merda! – Sekani esbraveja e puxa seu braço.

– Se você acha que eu vou me prostituir por algumas moedas… – ele fala alto, deixando claro a sua indignação.

– Não, não é nada disso. – o lobo interrompe, antes de que ele continue tirando mais conclusões precipitadas.

– Quero que seja meu assistente pessoal. É só isso, eu juro.

– Traduzindo, você quer que eu seja sua babá.

– Podemos dizer que sim. – Fenrir ri.

– Escuta aqui, eu não tenho naipe pra ser babá de marmanjo, beleza ? – Sekani revira os olhos e o empurra para longe da entrada, saindo do quarto. Ao cruzar a porta, ele dá de cara com dois guardas enormes, que bloqueiam sua passagem.

– Se é assim que vai ser, não me resta outra opção. – Fenrir suspira, fingindo estar decepcionado, e estala os dedos. No mesmo instante, os guardas agarram os braços de

Sekani, um em cada lado, o tirando do chão.

– O quê ? Não, espera! – ele começa a lutar, tentando se soltar.

– Levem ele direto para a delegacia, entenderam ? – o lobo ordena e fica parado ao lado da porta observando tudo.

– Espera, vamos conversar! E-eu não posso ser preso de novo! – Sekani grita, apavorado com a ideia de ser entregue à polícia.

– Eu aceito, okay ? Faço qualquer coisa! – ele continua gritando, tentando convencê-lo.

– Parem. – Fenrir ordena e os lobos param no mesmo instante.

– Eu não ouvi direito, pode repetir ? – ele sorri.

– E-eu aceito o trabalho… – Sekani resmunga, irritado por ter sido chantageado daquela forma. Fenrir acena com a cabeça e os guardas o colocam de volta no chão.

– Será um prazer trabalhar com você, Sekani. – o lobo se aproxima e segura sua mão esquerda, beijando o dorso dela. O rapaz permanece em silêncio, mas o encara com um olhar mortal, que faz a pele de Fenrir se arrepiar. Ele era realmente feroz.

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Dia seguinte.

– Fenrir, precisa levantar! – Sekani, que está parado em frente a porta do seu quarto, o chama enquanto bate à porta. Sem resposta, ele começa a ficar irritado e decide usar uma abordagem diferente.

Sekani abre a porta do quarto de repente, fazendo com que ela se choque contra a parede, o que provoca um barulho alto, finalmente despertando o lobo.

– Isso é jeito de acordar o seu Rei ? – Fenrir resmunga sonolento e se senta na cama.

– Você não é o meu Rei. – Sekani rebate rapidamente.

– Isso é jeito de falar com o seu chefe ? – ele o provoca.

– Argh… pelo amor da deusa! – Sekani revira os olhos e bufa. Ele era tão irritante.

– Vai, levanta logo. Você precisa se trocar antes de sair. – ele se aproxima da cama e puxa os lençóis, tentando forçá-lo a se levantar, mas acaba se arrependendo no mesmo instante. Debaixo dos lençóis, Fenrir estava como veio ao mundo, apenas com alguns pelos cobrindo as joias da família.

Sekani fica paralisado, encarando o seu corpo com os olhos arregalados e o rosto corado até as orelhas. Se pudesse, morreria naquele instante.

– Vai continuar olhando ? – Fenrir questiona tentando parecer despreocupado, mas se sente tão envergonhado quanto ele.

– Porra, por que você está pelado ?! – Sekani tapa seus olhos e se vira de costas.

– Eu gosto de dormir assim. – o lobo se levanta e usa um dos lençóis para cobrir seu quadril.

– E-eu vou esperar lá fora, então se apresse! – ele caminha em direção a porta, evitando olhar para Fenrir. Ao sair, Sekani apoia as costas na parede e deixa um longo suspiro sair.

– Que primeiro grande dia, hein ?

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– Bom dia, senhor! – o empregado o cumprimenta ao vê-lo entrar na sala.

– Bom dia. – Fenrir acena com a cabeça e para em frente a porta do seu escritório. Sekani, que o seguia, fica um pouco perdido, mas também para um pouco mais afastado dele.

– Wren.

– Sim, senhor. – o lobo aparentemente jovem, responde no mesmo instante.

– Esse é o Sekani, ele será meu novo assistente pessoal. Ensine a ele como tudo funciona.

– Claro, majestade. Será um prazer. – ele acena com a cabeça.

– Eu vou estar no meu escritório, me avise se precisar de alguma coisa. – Fenrir se vira em direção a Sekani e apenas lhe mostra um sorrisinho discreto antes de se trancar no escritório.

– Sekani, venha. Vou te apresentar o palácio. – Wren o chama.

– Ah! Claro! – ele se aproxima do lobo e o segue para fora da sala.

– De onde você é ? Seus olhos me parecem familiares. – Wren o questiona enquanto caminha pelo corredor.

– Eu sou de Kemet’hara.

– O país da terra negra ?

– Sim! – ele responde animado, feliz por Wren conhecer a sua terra natal.

– Ouvi muitas histórias sobre esse país.

– Espero que tenham sido boas histórias. – Sekani ri.

– Eram sim. – Wren também sorri.

– Que bom…

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– E então, como foi ? – Shahid questiona curioso.

– Ele vai trabalhar para mim. – o lobo fala um pouco satisfeito, mas tenta esconder sua empolgação.

– Cacete, você é mesmo um garanhão! – ele brinca.

– Não é desse jeito, Shahid. Eu só quero ajudar um velho amigo.

– Ah, qual é! Quer mentir logo para mim ?

– Estou falando sério. Sabe que não é tão simples.

– Você ainda gosta dele, não é ? – Shahid o encara com um sorrisinho. Sabia que sim, mas queria ouvir ele dizer.

– Esse tipo de coisa… não posso fazer isso. – Fenrir deixa um longo suspiro sair e se recosta na cadeira.

– Já me dei por vencido com esses sentimentos há muito tempo.

– Diz isso, mas seus olhos não param de brilhar quando fala nele. – Shahid o provoca, falando com uma voz melosa.

– Calado! – o lobo esbraveja, um pouco envergonhado. Mesmo que ainda sentisse algo por Sekani, sabia que não daria certo. Só amor não era o suficiente.