Capítulo 7
Conan abre os olhos devagar e a primeira coisa que vê é Alaric sentado em uma velha cadeira de madeira, afiando sua espada. Ele trabalha de forma cuidadosa, mas parece perdido em seus pensamentos.
– Você sempre faz isso ? – Conan questiona de repente, chamando sua atenção.
– Se está acordado, saia. – ele responde de forma fria e continua focado em seu trabalho.
– É assim que você trata as pessoas com quem passa a noite ? – Conan o provoca e se senta na cama.
– Não passamos a noite juntos! – Alaric fala alto, irritado. Se alguém ouvisse, logo todos no palácio estariam fofocando sobre isso, o que só traria uma atenção desnecessária para os dois.
– Me ensina. – ele muda de assunto, ignorando-o.
– Ensinar o quê ?
– A usar a espada. – Conan indica o objeto com a cabeça.
– Não.
– Mas por quê ?! – Conan se levanta e o encara irritado. Não esperava que ele se negasse.
Alaric deixa um longo suspiro sair e põe a espada sobre a mesa de madeira ao seu lado, logo depois se levanta e se aproxima do Príncipe.
– Suas mãos são muito delicadas para usar uma espada. – o lobo segura sua mão direita e desliza a ponta do seu dedo indicador sobre a palma. Mesmo sendo o único filho homem depois de Fenrir, Conan nunca foi pressionado a aprender a arte da guerra ou estratégias militares. Ao contrário do que se esperava dele, Conan cresceu sendo mimado e cuidado por todos, por isso era visto como alguém tão delicado.
– Mas eu sou forte, tenho certeza de que consigo empunhar uma! – ele tenta fazê-lo mudar de ideia. Só queria uma desculpa para estar perto dele.
– Você não aguentaria uma semana de treinamento com espada. Não seja teimoso. – Alaric o solta e se afasta, guardando sua espada na bainha.
– Você está me subestimando! – Conan protesta.
– Não, estou sendo realista. – o lobo apoia a alça da bainha no ombro e se aproxima da entrada. Ele abre a porta, mas antes de sair, gira o rosto em direção a Conan.
– Estou saindo para o campo de treinamento. Saia quando quiser. – Alaric acena com a cabeça e deixa o cômodo. Conan bufa e se joga sobre a cama de solteiro.
– Lobo idiota…
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Fenrir acorda um pouco confuso e gira o rosto para o lado, tentando entender que horas são. Ele ergue um pouco a cabeça e logo percebe Sekani sentado ao lado, com o tronco debruçado sobre a cama, dormindo profundamente.
O lobo sorri e acaricia seus cabelos com cuidado. Era óbvio que ele passou a noite em claro cuidando do seu corpo e por isso não queria acordá-lo. Fenrir se levanta da cama devagar e põe um cobertor sobre ele, em seguida o pega gentilmente no colo e o recosta.
– Hm… – Sekani franze o cenho e se vira para o lado. O lobo se assusta, pensando que ele iria acordar, mas Sekani continua dormindo como uma pedra.
– Está tão cansado que nem percebeu… – Fenrir suspira e sorri. Ele parecia tão vulnerável e lindo enquanto dormia.
– Droga… no que estou pensando ? – o lobo resmunga envergonhado e se afasta. Não tinha tempo para esse tipo de ideias, precisava trabalhar.
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Sekani abre seus olhos de repente, como alguém que acabou cochilando quando não devia, e se levanta apressado. Ele olha ao redor e logo percebe que está no quarto de Fenrir e suspira aliviado, mas logo volta a se desesperar quando nota que o lobo não estava ali e que já havia acontecido.
– O quê ? Já anoiteceu ?! – Sekani se aproxima da janela e vê a lua brilhando no céu. Dormiu o dia todo e pior que isso, no quarto do seu chefe.
– Ele vai me matar…
– Quem vai te matar ? – Fenrir questiona ao sair do banheiro e o encara confuso, enquanto enxuga seu cabelo com a toalha.
– Ah! Porra! – Sekani grita, assustado e sente que seu coração poderia sair pela boca.
– Você me assustou!
– Desculpe, não sabia que era tão sensível. – Fenrir sorri e segue em direção a cadeira perto da lareira.
– Não sou sensível, você que é um idiota! – ele esbraveja e bate o pé. Aquele lobo era tão irritante.
– Eu sou idiota ? – Fenrir o provoca.
– Ah! E-eu não… – Sekani hesita, ao notar que havia passado dos limites.
– Está com fome ? – o lobo muda de assunto rapidamente e deixa a toalha ao redor do pescoço.
Agora que estava um pouco mais calmo, Sekani finalmente percebe o que estava diante dele. Fenrir recém saído do banho, em sua forma humana e usando apenas uma calça. O que era aquilo ? Uma cena clichê saída de um romance ruim ? Agora seu coração realmente poderia sair pela boca.
– N-não, eu estou bem… – ele murmura e abaixa a cabeça. A visão era deslumbrante demais.
– Você passou o dia todo dormindo, coma alguma coisa. Eu insisto. – Fenrir indica o assento à sua frente. Sekani fica um pouco relutante, mas acaba cedendo. Estava faminto.
O lobo se levanta e vai em direção a outra mesa maior. Ele tira a tampa que cobre os pratos e pega os objetos junto dos talheres, levando-os até Sekani.
– Aqui, coma. – Fenrir põe um prato de sopa acompanhado de alguns pedaços de pão à sua frente e logo depois se senta novamente.
– Ah, obrigado. – Sekani fala um pouco envergonhado. Nunca imaginou que seria servido por ele.
Enquanto come, Sekani não pode deixar de notar o enorme pedaço de carne mal passada, acompanhada de alguns legumes no prato dele. Em questão de minutos, Fenrir devora uma boa parte da carne, como se estivesse comendo papinha de bebê.
– Se continuar me olhando desse jeito, vou acabar tendo uma indigestão. – ele brinca e sorri. Sekani estava mesmo faminto.
– O quê ? Não, não! – Sekani se encolhe na cadeira.
– Aqui, pegue. – Fenrir tira um pedaço de carne e põe no seu prato.
– Obrigado… – ele murmura e aceita sem protestar. Queria muito provar aquela carne.
– Sua mão está melhor ? – Fenrir questiona de repente.
– Sim, e você ? Está bem ?
– Estou bem graças a você. – ele sorri.
– Não foi nada demais… – Sekani murmura envergonhado. Se Fenrir soubesse de todos os pensamentos sujos que passaram pela sua mente, não ficaria tão grato assim.
– Depois de jantar, você quer ficar um pouco ? Tenho um ótimo vinho… – ele fala um pouco baixo, meio tímido. Sekani se surpreende com seu convite, mas não pensa que é uma ideia tão ruim.
– Claro, eu adoraria!
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Capítulo 7
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