Capítulo 11

Quando fomos recepcionados por um homem-fera de costas retas – que parecia ser o mordomo que administrava esta casa – eu já me sentia desconcertado.

Não estava orgulhoso disso, mas tinha uma grande atitude.

Mesmo se eu estivesse sendo cuidadoso, coisas como “civilidade” sairiam de minhas maneiras em pedaços.

Mesmo que estivesse bem no início, no final eu acidentalmente agi com arrogância. O tom da minha voz também se tornava automaticamente desrespeitoso, como se eu estivesse tratando as pessoas com quem falei como tolas. Além dos aldeões com seus corações generosos, qualquer outra pessoa desprezaria tal coisa do fundo de seus corações.

Desde o meu nascimento, sempre fui criado assim, tendo a malícia como companheira.

Portanto, não havia nenhuma maneira de alguém como eu não notar os olhares me esfaqueando de todos os lados. Embora eles tivessem encoberto bem, eu ainda vi através deles.

Com apenas um passo dentro da residência, fui envolvido por olhares desdenhosos semelhantes a chamas lambendo todo o meu corpo.

Foi realmente desagradável.

Sem nenhuma outra ideia do motivo, pensei que a razão mais provável para tal comportamento era provavelmente Andrea, afinal.

Embora eu não fosse um sequestrador, nem um criminoso, as pessoas que servem esta residência podem ainda não saber a verdade.

Se fosse esse o caso, então não havia como ser evitado.

Mas, no entanto, vendo o retrato exposto diante dos meus olhos, fiquei sem palavras.

Foi tão chocante que provavelmente expus uma expressão idiota até mesmo para mim.

“Isto é…”

“O que tem isso?”

“… Ngh.”

Um gemido que poderia ser descrito como um suspiro – ou talvez uma sensação de remorso – escapou da minha boca.

Logo depois de me levar para a sala de estar, o Cavaleiro Comandante Moorwright apresentou aquela coisa para mim.

Lá dentro, olhando e sorrindo para nós, estava uma mulher com um rosto sem dúvida semelhante ao meu, como duas ervilhas em uma vagem.

Vendo aquele mesmo cabelo e olhos pretos como os meus, não havia como eu confundir aquela mulher má com outra pessoa.

“Essa é minha irmã mais velha.”

“Isso está certo?”

Sem dúvida, a figura desenhada naquele retrato era minha irmã.

Sorrindo assim, sua figura certamente parecia tão doce e bela como uma flor. No entanto, para mim, ver aquele sorriso era realmente como ver uma besta mágica feia.

“Cavaleiro Comandante Moorwright, por que motivo você me convidou para vir aqui?”

“Pela sua magia, eu me perguntei se você poderia ser parente dela. No entanto, antes mesmo de sentir sua magia, adivinhei.. seu rosto é exatamente igual ao da minha ex-esposa, quero dizer.”

Ex-esposa…

Desde o momento em que me mostraram este retrato, havia inúmeras conjecturas voando dentro da minha cabeça.

Mas mesmo dentro dessas conjecturas, havia uma que era mais indesejável para mim, a saber, a verdade que agora fazia minha cabeça doer.

“Ex-esposa você disse. Então ela está de volta a casa de seus pais?”

“Está certo. Ela voltou três anos atrás. Porque nós bestas não somos humanos, foi o que ela disse. Já que era esse o caso, eu a mandei de volta para sua casa.”

“Isso não é tudo não é? Não há como você se divorciar só com isso.”

Embora minha família biológica fosse uma coleção de bastardos, eles tinham pedigree e história que não perdiam para os da casa do duque Moorwright.

Além disso, aquele pai que desprezava os homens-fera concordou com tal noivado. Eu tinha certeza de que havia algum motivo oculto para isso.

E, uma vez que ele tinha até mesmo estendido propositalmente seu alcance para minha casa assim, havia definitivamente algum motivo para isso.

“É uma longa história, mas você gostaria de ouvi-lá?”

“Sim.”

Assim, continuei ouvindo enquanto o Cavaleiro Comandante Moorwright relatava os muitos atos ultrajantes que minha irmã havia cometido – o que, ao ouvir, me fez quase imediatamente querer morder minha língua.