Capítulo 07

“Onde você está?”

“Escola.”

Yesaiah respondeu brevemente ao texto do timor e depois tapou a boca para parar o enorme bocejo que estava prestes a sair… O professor de

matemática, um velho careca, fazia as equações mais simples não parecerem interessantes, mas sim, imensamente chatas… E parecia que ele não era o único aluno que queria sair para sempre! Ouvia-se o som de várias canetas arranhando as coisas de forma desorganizada e também o escândalo de gente que só se dedicava ao bate-papo.

“Você está de brincadeira? Venha para a mina abandonada. Jonas trouxe algo interessante!”

“Eu não posso… Há algo mais divertido na escola.”

Ele enviou uma resposta sincera e olhou diretamente para o loiro cinza que estava sentado no banco da frente. Dennis é provavelmente o único aluno fiel desta classe. Ele também o faria se explicasse bem, é claro… Mas, como não é o caso, Dennis ainda está encarregado de responder às

perguntas do professor indefinidamente.

“Então venha para a mina abandonada quando você ficar entediado.”

Ele não respondeu desta vez. 

Quando soou a melodia que anunciava o final da aula, como se os alunos estivessem ansiosos por isso, eles se espreguiçaram e começaram a

arrumar suas coisas para sair imediatamente da sala… Yesaiah também se levantou, caminhou até o banco da frente e pouco antes de alcançá-lo,

alguém se aproximou de Dennis primeiro e falou com ele. O passo de Yesaiah parou: um aluno desconhecido mostrou a Dennis um caderno e disse algo em voz baixa. Então Dennis e o aluno se

entreolharam, os olhos se estreitando e rindo alto como se os dois tivessem feito uma grande piada. Parecia uma cena de um filme adolescente.

Os olhos de Yesaiah se estreitaram imediatamente.

“Em breve, teremos o teste de Abitur então…”

“Dennis…”

Dennis foi interrompido e se voltou para a voz que dizia seu nome. No entanto, antes mesmo de virar a cabeça, ele sabia exatamente quem era:

“…Olá.”

“Dennis, vamos para casa.”

A cabeça de Yesaiah ergueu-se um pouco mais e os olhos cinzentos dele

pareceram começar a apressá-lo a responder ou pelo menos a levantar-se… Dennis, por sua vez, apenas olhou para o nariz pontudo de Yesaiah e

engoliu em seco como se esperasse ter  força suficiente para quebrar a tensão. Algo que ele fazia sempre que queria evitar o contato com seus

alunos.

“Não.”

Mas não foi Dennis, mas a aluna ao lado dele que disse NÃO. Parecendo muito determinada para o gosto pessoal de Yesaiah.

“Dennis tem que ir para o conselho estudantil.”

“De maneira nenhuma.”

“Se eu pedir que você vá, você vai.”

Yesaiah formou um sorriso suave no canto da boca.

“É assim?”

” Não incomode o Dennis. Ele parece muito empenhado para lutar com você hoje em dia.”

As sobrancelhas de Yesaiah, que estavam bastante relaxadas, imediatamente se estreitaram assim que ele a ouviu.

“Não entendo o que quer dizer.”

“Você está perseguindo ele.”

“…Eu estou?”

Yesaiah perguntou isso a Dennis, com um sorriso brilhante onde antes havia um zombeteiro. A aluna lançou um olhar para Dennis como se esperasse que ele dissesse sim e se levantasse para ir com ela… No entanto, os lábios de Dennis estavam apertados e seus olhos azul-celeste rolaram em todas as direções como se ele tivesse medo de dizer as palavras. Errado é deixá-lo com raiva. Yesaiah abaixou a boca quando viu uma conexão estranha indo e voltando entre Dennis e a aluna.

“Merda…”

Foi apenas um instante, mas o braço de Yesaiah cruzou-se entre Dennis e a jovem. Houve um baque, mas pelo menos ele fez aquela conexão

estúpida chegar ao fim.

Dennis e a aluna, de olhos arregalados, seguiram os movimentos de Yesaiah e balançaram a cabeça quase em uníssono. Sob o punho branco,

o celular de Dennis estava em pedaços.

“Quanto mais penso nisso, mais me incomoda.”

Yesaiah, com os braços estendidos sobre a mesa, falou, cerrou os punhos e perguntou, varrendo a franja reta preta até a testa ficar totalmente

exposta. Os olhos cinzentos, cujas sombras haviam se acentuado, transformaram-se em algo muito assustador…

“Quão proximo você é do Dennis?”

“Você está louca?”

A estudante, que honestamente ficou surpresa com o comportamento inesperado e a batida no celular, ergueu o rosto e pediu uma explicação a Yesaiah.

“Eu perguntei primeiro. Quão proximo você é de Dennis?”

“Muito próximo.”

“Demais pro seu bem, posso perceber.”

Yesaiah agarrou o queixo e cuspiu a frase como se estivesse falando sozinho. Ele mudou seu olhar para Dennis…

“Dennis, e se você contasse a ela como nós ‘espreitamos’ um ao outro na minha casa? Ela é uma amiga próxima, certo?”

“Yesaiah…”

“Diga-me o quanto você ouviu sobre ela e eu?”

Depois de ouvir Dennis chamar seu nome, Yesaiah mudou descaradamente a questão. A estudante, que enxugou o suor frio da testa com as mangas, olhou para o adversário com os olhos arregalados.

“Sabe o que tenho a lhe dizer? Graças a você, hoje em dia Dennis não pode fazer nada! Ele até teve desentendimentos com o seu pai! Acho que

é muito baixo você levá-lo para o mesmo lixo em que vive “

“Claudia, pare.”

Foi Dennis quem interrompeu suas palavras raivosas, de modo que o olhar de Claudia, que estava fixo em Yesaiah, pousou em Dennis.

“Dennis! Estou errada?”

Yesaiah riu de Dennis, que tinha um rosto pálido e mais sério do que nunca em sua vida. O jovem não disse nada, levantou-se, colocou todos

os livros na mochila e no final, embora o vidro fosse a única coisa quebrada, ele até jogou o celular no lixo.

“Não acho que posso ir à conferência de alunos, desculpe. Envie-me uma nota com os detalhes da reunião.”

E isso foi tudo o que ele disse a Claudia.

Dennis olhou para Yesaiah para lhe dizer que era hora de voltar… Mas o menino, com um movimento relaxado e um tanto rude, simplesmente passou o braço em volta do pescoço de Dennis e pressionou seus ombros com firmeza para dar-lhe um beijinho na orelha . Ele virou a cabeça:

“Claudia, foi um prazer conhecê-la.”

Yesaiah sorriu para Claudia, como se nada tivesse acontecido entre os dois.

N/T: O teste Arbitur é um vestibular alemão