Capítulo 22 – Mangas Bordadas com Bordo Vermelho
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O aroma frio e penetrante do sândalo invadiu as narinas.
Uma taça de porcelana, em queda, foi aparada entre dois dedos esguios como jade.
O vinho ondulava dentro da taça, a fragrância da bebida de flor de pessegueiro se entrelaçando com o sândalo, despertando uma sensação quase insuportável. O punho, aparentemente frágil, emergia de mangas brancas e vermelhas, a mão mais branca que a própria porcelana que segurava. Folhas de bordo vermelho, primorosamente bordadas, pairavam diante dos olhos.
Após se curvar para aparar a taça, a jovem endireitou as costas. Seu olhar era gélido, seu porte elegante, como se tivesse surgido de um sonho belíssimo.
Xia Ge levantou a cabeça com certa rigidez. Do seu ângulo, tudo o que via era um pescoço alvo como a neve e a curva graciosa de um queixo.
Sua mente ficou completamente em branco.
…O que… o que era aquilo?!
Flagrada no local? Tinha matado aula para se divertir e agora estava sendo pega no flagra?!
Não, talvez fosse ainda pior que isso…
Seus corpos estavam muito próximos.
Com um temperamento frio e quase etéreo, a jovem pousou a taça de volta sobre a mesa de mogno. No exato instante em que o objeto tocou a madeira, os olhos de Xia Ge encontraram as pupilas negras e indiferentes da outra.
Ou será que Xia Ge viu uma leve sombra nelas?
Para dar um toque de requinte, a taverna colocara pequenas flores de pessegueiro em botões dentro de vasos celadon sobre as mesas. Agora, as flores apenas realçavam ainda mais a beleza etérea da jovem diante dela.
— …Irmã Sênior… Irmã Sênior, boa noite.
Com a confiança abalada, o tom de Xia Ge era hesitante:
— Faz alguns dias que não nos vemos, você… emagreceu?
Ignorando as palavras tolas de Xia Ge, Gu Peijiu recolheu a mão de volta para dentro da manga vermelha e branca, então lançou um olhar profundo para Xia Ge com seus olhos negros como breu.
— Por que você não foi?
O suor escorreu pelas costas de Xia Ge.
“Porra, a grande discípula de Danfeng não deveria estar ocupada o dia inteiro?! A Irmã Sênior tinha tempo livre suficiente pra sair à caça de um discípulo insignificante que mata aula?!”
Ela tinha tanto tempo sobrando assim?!
Sufocante!
— Haha — Xia Ge recorreu à sua velha tática de se fazer de boba — O quê? Não fui aonde?
Não gostando nem um pouco do que ouvira, os olhos de Gu Peijiu adquiriram um brilho levemente assassino, mas ela apenas varreu a taverna com um olhar indiferente. Qualquer olhar curioso, investigativo ou estranho de outros clientes se retirou imediatamente. Aliás, desde o instante em que Gu Peijiu apareceu, a taverna havia caído em completo silêncio.
Com voz suave e pausada, Gu Peijiu respondeu:
— Pavilhão Suxi.
Xia Ge: “……”
Com tom neutro, Gu Peijiu acrescentou:
— Xia Wuyin, eu esperei por você lá durante três horas.
Xia Ge: “……?”
Xia Ge: “???!!!”
“Porra, você só espera tanto tempo assim por um amante!! Três horas?!! Normalmente, o máximo que se espera é uma hora! Não, meia hora, e se a pessoa não vem, você vai embora! Que diabos são três horas?!”
— …caramba, isso é bastante tempo… haha, digo, Irmã Sênior, não quer se sentar? Beber comigo… fazer companhia e me deixar me desculpar. — Xia Ge achava a situação tortuosa, bem consciente de que todos na taverna estavam observando discretamente, tentando captar as nuances da cena—
(“Vão todos se ferrar!! O quê?! Me olhando como se eu fosse algum cafajeste infiel!! Eu só tenho treze anos!!!”)
Olhando para Xia Ge, as pupilas de Gu Peijiu eram poços profundos e negros, sem aceitar nem recusar o convite para sentar.
Xia Ge observou sua Irmã Sênior imóvel, etérea e refinada, que parecia ter acabado de descer dos céus, de tão fora de sintonia com o ambiente terreno ao redor. O coração profundamente amargurado, Xia Ge suspirou e, com a mão direita, empurrou a taça de vinho para o assento vazio à sua frente:
— Irmã Sênior, eu realmente te devo uma explicação — mas sente-se primeiro, por favor. A história é longa e vou te contar com calma, tudo bem?
Gu Peijiu observou o jovem discípulo cuja ausência era inegável.
Vestia-se com cânhamo, como todos os outros discípulos externos, e os longos cabelos negros estavam presos de forma displicente com uma fita verde, com uma mecha caída de cada lado do rosto. Antes da chegada de Gu Peijiu, o rapaz estava com uma perna cruzada sobre a outra, uma pequena taça de vinho na mão direita e a mão esquerda escondida dentro da manga. No geral, transmitia uma imagem de puro contentamento despreocupado.
Após sua chegada, ele se assustou tanto que deixou cair a taça. A expressão em seu rosto quando Gu Peijiu a aparou foi ao mesmo tempo de pânico e surpreendentemente refinada. Agora ele lançava olhares furtivos de canto de olho, os olhos felinos e negros frustrados, mas levemente divertidos.
Mesmo quando passava por situações difíceis, mesmo quando seu rosto demonstrava dor, seus olhos sempre pareciam carregar um leve sorriso.
Vivia a vida com sabedoria mundana, mas também com total desdém por ela.
Já que era assim…
Ela ouviria sua explicação.
Olhando para sua Irmã Sênior sem expressão, agora sentada à sua frente, Xia Ge teve, inexplicavelmente, uma imagem estranha surgindo em sua mente.
— A folha de bordo fria e orgulhosa havia caído em suas mãos.
— Explique.
O tom de Gu Peijiu era indiferente.
Xia Ge: “……”
“A imagem repentina não importa! O que importa é passar nesse teste fofo!”
— Haha. Ummm… por onde começar… Você quer todos os detalhes ou prefere que eu resuma?
— Resuma.
Tendo agora essa celestial praticamente caída do céu sentada à sua mesa, Xia Ge não queria de modo algum causar tumulto. Felizmente, a taverna começava a recuperar sua animação, os demais clientes voltando a conversar e rir entre si.
Sim, o clima alegre do estabelecimento retornara.
Agora era apenas o ar entre ela e a Irmã Sênior que permanecia infeliz, frio e rígido, difícil de respirar.
A Sibéria no coração do inverno provavelmente era menos sufocante.
— Mmm, alguns dias atrás, um fantoche demoníaco atacou de surpresa… minha cabana. — Xia Ge planejava agir com charme e delicadeza diante da jovem à sua mesa, fazer amizade e partilhar bebidas de forma afetuosa. Contaria uma história triste sobre foices caindo do céu noturno, de um amor impossível entre um jovem pobre e seu dinheiro arduamente conquistado, triste o bastante para fazer chorar. E o auge seria o jovem desamparado tendo que vender sua amada árvore de Liuli. Mas, antes que mais uma palavra saísse de sua boca—
— Eu sei.
A voz da Irmã Sênior era límpida como uma nascente pura.
Uma única frase bloqueando todas as ramificações da conversa que Xia Ge tinha planejado.
Xia Ge encarou Gu Peijiu, perplexa. “Você… sabe o quê?”
Ela sabia que a cabana dilapidada de Xia Ge havia sido praticamente cortada ao meio pela foice de um fantoche demoníaco? Ou que Xia Ge saiu correndo pedindo ajuda pra consertar o telhado? Ou talvez soubesse que Xia Ge comprou doces de espinheiro com as moedas que restaram após o conserto? Ou será que ela sabia que Xia Ge recusou vender a foice, preferindo usá-la para afastar maus espíritos, e por isso estava ainda mais pobre? Bem, havia uma coisa que a Irmã Sênior com certeza sabia: que Xia Ge fugira até a vila Mojia, a três milhas de distância, só para beber o vinho barato de flor de pessegueiro!
E agora Xia Ge tinha sido pega matando aula! Onde estava a justiça nisso?!
Sistema: [……]
Ai! Quanto mais Xia Ge pensava nisso, mais injustiçada se sentia…
Então, justamente quando Xia Ge sentia o coração apertado além do suportável, a mente turva, sem clareza…
Os olhos de Gu Peijiu repousaram silenciosamente sobre a mão esquerda de Xia Ge, escondida na manga, e sua voz veio cheia de uma ternura suave:
— Eu sei que você está ferida.
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