Capítulo 32 — Caixa de Presente Surpresa
Sistema: [Guilongyu é um item especial, e no momento você não conseguiria usar nada da Loja de Pontos para restaurar nem um item comum.]
Xia Ge: — Então restaurar um item especial está fora de questão? A Loja de Pontos não tem nada?
O tom do sistema ficou estranho:
— [Host, um item especial… você…] Não pode bancar.
Xia Ge entendeu rapidamente o recado e respondeu:
— Tá, tá, entendi, não vou mais perguntar sobre isso.
Aparentemente, pessoas com preconceito contra os pobres eram abundantes.
Descendo a montanha e passando pela cabana de Ye Ze, Xia Ge viu que as luzes estavam apagadas.
O sistema teve uma dúvida súbita:
— [Se vocês dois estavam voltando para cá, por que não desceram a montanha juntos?]
Xia Ge deu de ombros:
— Ele é muito orgulhoso.
Ela não quis dizer nada que pudesse deixar Ye Ze desconfortável.
Era melhor deixá-lo ir na frente sozinho e esfriar a cabeça.
Xia Ge entrou na sua cabana, fechando a porta sem se preocupar. Então, tirou Guilongyu de uma caixinha sob a cama.
Apesar de estar faltando o canto direito e estar quente ao toque, o dragão de jade ainda tinha uma aparência feroz.
— Passar no exame de entrada, passar pelo portão interno do Danfeng…
— Ai, pessoas intrometidas realmente não entendem nada, mas vivem querendo se meter em tudo — Xia Ge jogou Guilongyu de lado e abriu a Loja de Pontos, procurando uma ‘caixa de presente’ básica. Finalmente, achou uma que custava 300 pontos.
[Caixa de Presente Surpresa — Não importa o que tenha dentro, ao abrir, a pessoa se sentirá agradavelmente surpresa!]
Xia Ge olhou demoradamente para aquela caixa.
O sistema achou que Xia Ge estava desenvolvendo um vício em compras online…
Então a voz hesitante dela soou:
— Pequeno fantoche, essa caixa de presente… você poderia… colocar um monte de X dentro, e mesmo assim…?
Uma luz verde brilhante piscou e a Loja de Pontos desapareceu diante dos olhos de Xia Ge. Com eficiência, o sistema resolveu um problema e continuou com voz fria:
— [Host, já está noite, hora de dormir. E se não for muito inconveniente, poderia me desinstalar? Por favor.]
Xia Ge: — Por que você tem que ser tão desumano, pequeno fantoche?
Sistema: — [Quando você falar como humano, eu falarei humanamente com você.]
Xia Ge: — …
A Loja de Pontos foi forçadamente fechada pelo sistema, mas Xia Ge, noturna, ainda sentia os dedos coçando. Apesar disso, com a evidente indiferença do sistema, a Loja de Pontos não reabriria tão cedo.
Então Xia Ge abriu o painel de habilidades.
O painel estava praticamente o mesmo, exceto por alguns upgrades e habilidades extras. Porém, havia um botão verde novo, ao lado do nome [Fantoche de Liuli]. Vendo isso, Xia Ge abriu o subpainel.
Os dados do [Fantoche de Liuli] apareceram. Todas as informações básicas estavam lá, mas tudo em cinza.
Estava muito longe, portanto em estado incontrolável.
Xia Ge exclamou:
— Ai! Tem um alcance de distância?
— [Claro que tem.] — o tom do sistema continuava frio — [Eu originalmente achei que 30 milhas seriam um alcance suficiente para você usá-lo.]
Quem poderia imaginar que você enviaria seu fantoche para milhares de milhas de distância, e para a Seita dos Demônios, nada menos?
O sistema fez uma pausa, meio impressionado:
— [Foi realmente… uma falta de respeito.]
Xia Ge lamentou amargamente:
— Foi mesmo… um erro de cálculo.
Sistema:
— [Somos dois.]
O coração de Xia Ge doeu:
— Prazer em conhecê-lo.
Após a troca diária de provocações, Xia Ge fechou o painel do [Fantoche de Liuli], profundamente deprimida.
Então o sistema acrescentou, de forma útil:
— [Não se preocupe. Desde que outro Mestre de Fantoche não cubra seu Fantoche de Liuli com um Baifu, você ainda poderá senti-lo quando estiver a 30 milhas de distância algum dia.]
— Oh.
Bairen e Bai Luo provavelmente não eram tão idiotas, né? Um raio de 30 milhas incluía o acampamento base de Lingxi, mas quando os irmãos gêmeos seriam tolos o suficiente para cair naquela armadilha?
Todo esse esforço com seu fantoche de Liuli — parecia que tinha sido em vão.
Xia Ge olhou para Guilongyu sobre a mesa, talvez pudesse…
Mas seus pensamentos eram óbvios demais.
O sistema precisou falar:
— [Host, mesmo que o fantoche estivesse dentro do alcance, você ainda não teria como controlá-lo.]
E {controle de alma} também não funcionaria. Mesmo que Xia Ge tivesse um fantoche SSS, agora seria tão útil quanto lixo.
Xia Ge: — …
— Pequeno fantoche — decidiu mudar de assunto —, o que acha se eu esculpisse uma caixa de uma árvore de Liuli?
Sistema: — [… Você não tem uma árvore de Liuli no momento.] Em que realidade escapista sua dona está vivendo?
Inclinado a cabeça, Xia Ge respondeu:
— Encontrar uma árvore de Liuli é fácil.
Três minutos depois, na montanha dos fundos—
Sua vida de ladra recomeçava. Xia Ge estava toda de preto, o rosto coberto, e se movia com facilidade.
Sistema: […]
Mais tarde naquela noite…
Uma cortina verde se movia levemente.
— “É demais, é difícil demais — a dor está me matando —”
— “Por que você…”
— “Eu… vou esperar por você.”
— “Aaaaaa —”
Um grito agudo e desesperador perfurou o coração e trouxe uma breve sensação de sufocamento.
Embora seus olhos se abrissem abruptamente, Gu Peijiu permanecia na cama, com a face sem expressão.
— Mais um pesadelo.
Cenas indistintas, palavras audíveis esporádicas, e emoções dilacerantes.
E isso há muitos dias seguidos?
Agora Gu Peijiu levantou e foi até a janela, vestindo apenas uma camisola fina.
As flores de pêssego que estavam no vaso de porcelana branca já murcharam e foram descartadas. Agora, ao lado do vaso pequeno, havia um arranjo de algumas azedas vermelhas brilhantes e uma azeda verde. Com os raios da lua passando pela cortina, a azeda ganhou um charme chamativo, uma espécie de inocente delicadeza.
A jovem com a camisola branca segurou a azeda verde, suavizando o olhar.
— “Irmã mais velha, se você beber mais vinho, a embriaguez vai impedir seus pesadelos!”
A luz da lua pareceu enfraquecer.
— “…vinho?”
Os longos cílios da jovem se abaixaram ligeiramente.
Não, aquela noite estava destinada a ser sem sono.
No dia seguinte.
Com seu {fantasma e sombra} aprimorado, Xia Ge teve seu desejo realizado e seu tempo furtivo na montanha dos fundos passou despercebido… enquanto ela cavava buracos a noite toda.
Sem sucesso.
E, antes que percebesse, o amanhecer estava prestes a chegar.
Na escuridão profunda da madrugada, Xia Ge se esgueirou de volta para sua cabana, segurando seu ganho mal adquirido — uma porção de ervas daninhas.
Ela jogou sua pequena coleção de ervas espirituais e madeira sobre a mesa. Fitando o monte desordenado, Xia Ge não conseguiu disfarçar sua incredulidade por terminar de mãos tão vazias:
— Onde estavam as árvores de Liuli? Por que não consegui encontrar nenhuma árvore de Liuli? Que diabos está acontecendo?
No total, ela provavelmente havia removido cerca de um metro de terra, e nem uma única árvore de Liuli apareceu.
Para conseguir algo, ela havia arrancado algumas ervas espirituais antes de voltar para casa. Mas mesmo assim, não conseguiu identificar muitas variedades, então o resultado foi previsivelmente pequeno.
Inacreditável!
O sistema tentou consolar:
— Não se preocupe… Essa mistura de ervas você pode vender para ganhar pontos e gastar no mercado.
Xia Ge tentou se animar:
— Quantos pontos isso vale?
Calculando rapidamente, o sistema respondeu:
— Vinte.
Xia Ge: — ……
Então, cavar a noite toda valia agora o equivalente a 20 absorventes higiênicos.
Um espantoso 20/300 da Surpresa Gift Box?
Integridade social.
Estava se perdendo.
Desespero.jpg
Mas, por mais desesperadora que fosse a situação, não havia nada a fazer naquele momento. Olhando para a cor do céu, Xia Ge vendeu seu roubo por pontos, depois trocou suas roupas pretas por roupas de cânhamo. Sacudindo a desânimo, ela assumiu a postura de uma discípula externa justa de Danfeng.
— Certo, hora de ir ao Pavilhão Suxi.
Totalmente chocado, o sistema soltou:
— Tão cedo?!
Xia Ge:
— Eu sou a discípula externa exemplar de Danfeng número 88! O coração da Irmã Mais Velha vai se comover ao me ver tão dedicada.
Mesmo um ladrão frustrado no campo deve ter orgulho no trabalho!
A partir de agora, ela iria estudar com afinco e melhorar a cada dia!
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Depois de terminar sua ronda matinal e prestes a seguir para o Pavilhão Suxi, Gu Peijiu encontrou Ye Ze.
O jovem vestia seu traje vermelho e branco de Danfeng bem ajustado, sua fita vermelha estava perfeitamente amarrada, e sua expressão era um pouco demasiadamente dócil:
— Irmã Mais Velha.
Gu Peijiu parou:
— O que foi?
Quando recomendou Jianfeng a Ye Ze, Gu Peijiu também lhe dera uma licença de três dias. Por isso Ye Ze pôde esperar calmamente por Xia Ge no dia anterior.
— Eu gostaria de… esperar até o exame de entrada de Danfeng terminar para ir a Jianfeng — Ye Ze abaixou a cabeça. — Espero que a Irmã Mais Velha permita.
Lembrando dos acontecimentos do dia anterior no Pavilhão Suxi, Gu Peijiu tinha uma boa ideia do que Ye Ze estava pensando.
Ela ponderou o pedido de Ye Ze por um momento e perguntou:
— Por quê?
— Irmã Mais Velha — Ye Ze ergueu a cabeça e a encarou com olhos sinceros —, quando eu tinha seis anos, perdi meu pai e minha mãe. Fiquei completamente sozinho, sem um amigo no mundo.
Ye Ze inconscientemente fechou os punhos e, como alguém que recorda uma memória dolorosa, fechou os olhos por um segundo:
— Meus falecidos pais me ensinaram que um amigo até a morte não deve ser abandonado.
— … Irmã Mais Velha, por favor, aceite meu pedido.
Um amigo até a morte?
Um pouco surpresa, Gu Peijiu pensou novamente, mas no fim assentiu levemente.
— Sim.
Se era assim, não havia mal algum em falar com Chang Lan.
— Obrigado, Irmã Mais Velha — Ye Ze curvou a cabeça novamente e partiu silenciosamente.
Gu Peijiu apenas balançou a cabeça.
Era um pouco inesperado, Ye Ze…
Ye?
Franzindo ligeiramente a testa, Gu Peijiu observou as costas do jovem enquanto ele se afastava.
Não existia uma família Ye em Gucheng, famosa até que, numa certa noite, foram todos massacrados?
No entanto, considerando a hora e querendo chegar ao Pavilhão Suxi, Gu Peijiu deixou o assunto de lado. Com alguns passos graciosos, ela desceu silenciosamente a montanha primeiro. Ao voltar, carregava uma cesta de pãezinhos cozidos em uma mão.
Usando um atalho, Gu Peijiu chegou rapidamente ao Pavilhão Suxi. Pelo sol no céu, chegara pontualmente.
O riacho corria cristalino, as cigarras zumbiam, alguns cachos de hortênsias floresciam, e Gu Peijiu percebeu que a porta do Pavilhão Suxi estava inesperadamente meio aberta.
……será que o pequeno esperto tinha mesmo chegado cedo?
Surpresa, Gu Peijiu avançou, empurrando a porta suavemente até abrir por completo. Dentro do pavilhão, as janelas estavam abertas e a luz do sol aquecia todo o ambiente. Ali, sentado de pernas cruzadas sobre uma almofada, com o corpo inclinado sobre uma pequena mesa e a cabeça baixa, o rapaz de traços delicados dormia.
Gu Peijiu ergueu levemente a sobrancelha.
Qual é a graça de chegar cedo se vai acabar dormindo?
Ainda assim, seus passos foram suaves ao se aproximar do garoto adormecido. Só quando ficou ao lado dele, Gu Peijiu percebeu que, sob a cabeça e os braços do menino, havia um danshu vermelho. Ao olhar para a metade exposta de uma página, Gu Peijiu viu desenhos e anotações feitas em tinta. O garoto havia escrito em detalhes minuciosos a ordem e a técnica de lançar ingredientes no forno.
Ao examinar mais de perto pela segunda vez, Gu Peijiu percebeu que aquelas anotações eram tudo que ela havia explicado ao menino nos dias anteriores.
Nenhuma palavra faltava, tudo estava tão claro quanto o dia.
Gu Peijiu lembrou que ontem, exceto pelo danshu verde, as mãos de Xia Wuyin estavam vazias quando ele saiu com Ye Ze. E seu danshu estava em branco. Olhando de novo hoje, já estava repleto de anotações.
Vendo que a tinta ainda estava pela metade seca, ela supôs que o garoto chegara cedo para recuperar o atraso no trabalho.
Uma terceira checagem nas anotações de Xia Wuyin…
Algumas coisas Gu Peijiu havia dito apenas uma vez, outras eram bastante difíceis, mas o pequeno esperto lembrara-se de todas claramente e as escrevera.
Ele era um garoto inteligente, mas tinha muita tendência a usar a lábia como saída fácil, um tanto ardiloso.
Gu Peijiu largou a cesta de pãezinhos:
— Xia Wuyin.
Se deixasse o garoto dormir muito, os pãezinhos iriam esfriar.
— …mmm…
A cabeça de Xia Ge estava grogue, mas parecia ouvir uma voz bonita em sua mente.
—–“O caminho se perdeu… não sabe voltar…”
—–“Os ossos dos mortos lamentam… esperando que seu senhor retorne…”
—–“Xia Wuyin.”
A voz clara e calma de uma mulher, como pérolas e jade caindo sobre um prato, doce aos ouvidos.
O aroma de sândalo se espalhava.
— …não faça barulho…
Xia Ge murmurou, mexeu-se e adormeceu de novo, a bochecha esquerda firmemente apoiada nas páginas do seu danshu.
Gu Peijiu estendeu a mão para impedir, mas seu movimento foi lento demais. O garoto estava prestes a se sujar o lado esquerdo do rosto com a tinta semi-seca.
Agora a mão de Gu Peijiu percorreu os cabelos negros e macios presos por uma fita verde. Fitando a bochecha direita do menino, já bem coberta de tinta, por muito tempo, Gu Peijiu esqueceu de chamar seu nome pela terceira vez.
Xia Ge permaneceu em sono profundo.
Por fim, a jovem de vermelho e branco afastou o pano que cobria os pãezinhos.
O aroma delicioso dos pães cozidos no vapor invadiu o ar, afastando quase que imediatamente os pesadelos ruins.
Com fome por não ter tomado café da manhã, o sono de Xia Ge foi dissipada pelo cheiro da comida, e seus olhos se abriram de repente, como uma fera selvagem à caça.
Tallyho! — Pãezinhos cozidos no vapor!