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RENASCIMENTO DA ILUMINAÇÃO

Capítulo 32

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Um verdadeiro homem deve ter coragem para encarar a vida cruel!

Depois de dar uma rasteira no amigo, Lin Jingzhe logo sentiu o efeito rebote.

O pequeno carro vermelho foi levado para o conserto, e Fang Wenhao apareceu com um jipe enorme, completamente sujo de lama e com um motor potente demais para ser controlado com facilidade. A cada pisada no acelerador, o carro dava um salto. Em um trajeto de quinze minutos, Fang freou bruscamente sete vezes. Lin Jingzhe já tinha desistido de reclamar, segurava o cinto de segurança e apenas ouvia em silêncio as lamentações do amigo.

“Por que ele simplesmente não acredita em mim?” Hu Shaofeng, ao marcar o encontro, havia insinuado duas coisas: primeiro, que Fang Wenhao tinha algum vínculo com a Shiyu Real Estate; segundo, que a empresa estava interessada naquela área aparentemente insignificante por algum motivo oculto. Ambos os palpites eram absurdos, mas, por mais que Fang se esforçasse em explicar, Hu Shaofeng não acreditava.

“Você acha que Hu Shaofeng é burro? Por que eu mentiria para ele sobre isso? Eu já disse que sou contra essa história de ficar de olho no Lote Nove. Que troca inútil de informações.”

Fang Wenhao nem queria ir a esse jantar de “negócios”, mas Hu Shaofeng havia mencionado Xiao Chi, dizendo que ele tinha organizado o encontro. Fang Wenhao não teve escolha a não ser aceitar.

Lin Jingzhe, já enjoado com a “habilidade” de direção do amigo, abriu a janela, pálido. “Você não vive tentando armar para ele? Então, não apoiar o interesse pelo Lote Nove não seria ainda melhor?”

Fang hesitou por um instante, olhando para ele como se considerasse a ideia, mas logo balançou a cabeça, decidido: “Não, quero pegá-lo de maneira aberta e justa, usando estratégias à luz do dia.”

Na casa da família Xiao, Hu Shaofeng já esperava na sala de estar quando Xiao Chi desceu, conversando respeitosamente com a avó de Xiao.

A pequena mansão era tomada por uma atmosfera pesada e imponente. As pessoas que ali viviam exalavam uma presença distinta. Desde pequeno, Hu Shaofeng não temia nada nem ninguém, exceto o castigo de seu pai e o ambiente desta casa. A avó de Xiao, de cabelos prateados, falava com uma voz suave e um sorriso sereno, mas sua presença exalava uma dignidade inabalável, fazendo com que Hu Shaofeng quase prendesse a respiração.

Antes de entrar, ele se banhou em água de limão, escovou os dentes três vezes e agora, sentado no sofá, com as pernas juntas e as costas retas, sorria nervosamente enquanto respondia às perguntas da senhora Xiao sobre seus estudos.

No sofá ao lado, uma jovem sentava-se, aparentemente absorta em um livro grosso. De feições delicadas e postura graciosa, com os cabelos levemente ondulados presos atrás da cabeça, ela vestia um vestido amarelo-claro. Sua expressão era tão calma que beirava o indiferente, o que a fazia parecer bastante fria e distante.

Ela lia o livro com uma intensidade impressionante, seus olhos fixos nas páginas como se decifrasse uma obra de literatura densa e obscura.

Ela era Xiao Miao, irmã mais nova de Xiao Chi. A única filha em gerações da família Xiao e a joia da família, fora enviada para estudar no exterior ainda jovem e tinha uma reputação impecável. Quando criança, Hu Shaofeng chegou a nutrir uma paixonite por ela, sonhando em se aproximar mais da família Xiao. Mas, com o tempo, ao crescer, passou a temê-la cada vez mais.

A natureza reservada e distante de Xiao Miao era famosa. Desde pequena, ela tinha uma postura imponente e sua imagem entre os jovens era quase inalcançável. Muitos a consideravam uma verdadeira “deusa intocável”.

Sentindo os olhares de Hu Shaofeng, Xiao Miao ergueu os olhos do livro e lançou-lhe um olhar cortante. Ele congelou. Em resposta, ela fechou o livro com um som seco, arrumou os fios ondulados soltos ao redor do rosto e, sem expressão, levantou-se: “Vou subir.”

Hu Shaofeng se amaldiçoou por sua curiosidade. A senhora Xiao assentiu serenamente: “Vá, e diga a seu irmão para se apressar.”

Voltando-se para Hu Shaofeng, ela retomou a conversa: “… Da última vez, Wenhao disse que você anda faltando nas aulas…”

Ah!!! Hu Shaofeng desejava desaparecer dali naquele exato momento. Estava mortificado.

Assim que subiu as escadas, Xiao Miao relaxou e examinou a capa do livro. Xiao Chi apareceu no topo da escada e imediatamente notou o livro em suas mãos. Ela tentou escondê-lo, mas ele a confrontou: “Lendo esse tipo de livro de novo?”

“Você agora controla o que eu leio também?”, respondeu, tentando fugir. Mas Xiao Chi, mais alto, conseguiu tomar o livro dela com facilidade. Ao folhear, percebeu o conteúdo caótico e repreendeu: “Foi isso que você trouxe nas suas malas?”

“Devolve!”, ela exclamou, indignada.

“Confiscado!”

“Me devolve!”

“Vou lá embaixo e leio para eles.”

“Não!!”

Temendo que ele cumprisse a ameaça, Xiao Miao cedeu: “Tudo bem, fica com ele!”

Xiao Chi, satisfeito, foi até a estante e colocou o livro no lugar. Xiao Miao observou a cena, lançando um olhar frustrado para a prateleira onde via uma coleção de mangás intactos.

“Ficou fora tantos anos e só aprendeu essas besteiras”, ele comentou.

Xiao Miao lançou-lhe um olhar desafiador e, de repente, notou algo na etiqueta do casaco dele. Com um movimento ágil, tirou a etiqueta e, em tom de provocação: “Roupa nova?”

“Sim.” Ele a olhou com indiferença.

“Essa peça é da coleção de outono da TT, né? Nem tem essa loja aqui. Comprou na última viagem? Estava tão apressado que nem tirou a etiqueta?”

Xiao Chi apenas confirmou. Ela, tentando provocá-lo mais, olhou-o de cima a baixo. “Nossa, até combinou o look? E o cabelo também foi arrumado, né? Confessa, tá saindo com alguém?”

Ele ignorou, colocando o casaco de volta e respondendo com frieza: “Vou trabalhar. Menos dessas leituras bobas. Isso está te deixando lenta.”

“Droga!”, Xiao Miao avançou para atingi-lo, mas parou ao ouvir passos. Era Hu Shaofeng, que finalmente escapara da conversa interminável com a senhora Xiao e agora se dirigia ao escritório de Xiao Chi, com uma expressão desesperada: “Xiao Ge, você já está pronto?”

Ao ver Xiao Miao, ele imediatamente assumiu uma postura séria. No escritório, os irmãos Xiao estavam de frente um para o outro, parecendo ter discutido algo importante. Xiao Chi anunciou: “Estou pronto.” E ambos saíram.

Na escada, Xiao Chi trancou a porta do escritório e, gentilmente, disse a Xiao Miao: “Descanse cedo.”

Ela respondeu com uma leve reverência, a voz suave: “Cuide-se, irmão. Não beba muito e volte cedo para casa.”

Hu Shaofeng, vendo a despedida respeitosa entre os irmãos, ficou com os olhos marejados. Desejava ter uma irmã como Xiao Miao, alguém para cuidar dele com tanta devoção. Xiao Chi, antes de sair, ajeitou o cardigã meticulosamente escolhido e disse: “Vamos.”

O carro deslizou até o estacionamento. Lin Jingzhe precisou de alguns momentos para se recompor da tontura.

Fang Wenhao, por outro lado, não conseguiu se segurar e, apoiado no corrimão, começou a vomitar. “Que carro horrível!”

No restaurante mais luxuoso da cidade, na ampla sala privativa, Fang Wenhao tomou vários copos de água gelada, tentando se recompor. Hu Shaofeng, tentando puxar uma conversa, ofereceu uma tigela de sopa: “Não dá para sermos francos?”

Fang Wenhao já estava praticamente derrotado, com a cabeça caída como um peixe fora d’água, enquanto era pressionado até metade de sua alma parecer escapulir: “Eu realmente não tenho nenhuma informação interna!”

Hu Shaofeng, com uma expressão severa, colocou a tigela de sopa na frente dele e se inclinou, ameaçando: “Você vai ignorar a palavra do Xiao Ge? Sem informação interna, por que estariam tão interessados no Lote Nove? Tá achando que sou idiota?”

Fang Wenhao estava à beira das lágrimas, mas felizmente Lin Jingzhe interveio para resgatá-lo: “A Shiyu Real Estate não tem nada a ver com o Fang Ge. Eu só pedi para ele me ajudar com as licenças.”

Assim que terminou de falar, todas as atenções se voltaram para ele. Xiao Chi, que estava concentrado em seu canto, distraidamente mexendo nas contas de um rosário, finalmente lançou um olhar em sua direção.

Lin Jingzhe encarou-o e declarou: “O Lote Nove é algo que eu quero adquirir.”

Talvez fosse só impressão, mas, mesmo sem expressão alguma no rosto, Lin Jingzhe sentia como se estivesse escrito na testa de Xiao Chi um claro “Estou bravo”.

Lin Jingzhe sentiu essa emoção atingi-lo de forma intensa e um tanto desconcertante. Mas ele estava ali para tratar de negócios e buscar parcerias, então afastou qualquer pensamento pessoal.

Hu Shaofeng, por outro lado, tinha o talento para ser inconveniente e perguntou em seu tom usualmente provocador: “O que você pretende fazer com esse terreno onde nem passarinho vai? Abrir uma plantação? É um lugar isolado e minúsculo.”

Lin Jingzhe esboçou um leve sorriso: “Exatamente por ser isolado e pequeno, achei que seria um bom alvo. O terreno está avaliado em apenas seiscentos e cinquenta mil. Vocês não acham uma pechincha?”

Hu Shaofeng nunca tinha ouvido uma justificativa tão inusitada, e imediatamente pensou que Lin Jingzhe estava agindo de maneira impulsiva. Ao lembrar de todas as suas teorias e suposições anteriores, ele sentiu-se desconcertado com a explicação simples e incomum de Lin Jingzhe, soltando uma risada incrédula.

No entanto, antes que pudesse responder, uma voz surpreendentemente familiar soou: “Realmente, é bem barato.”

Hu Shaofeng parou instantaneamente. Xiao Chi raramente intervinha quando estavam tratando de negócios; ele geralmente mantinha uma postura reservada, mas, quando falava, a conversa automaticamente girava em torno dele.

Percebendo que Fang Wenhao estava prestes a terminar a sopa, Hu Shaofeng, prestativo, serviu-lhe mais uma porção.

Lin Jingzhe notou a expressão de desaprovação de Hu Shaofeng, mas não se importou. O pensamento do amigo era semelhante ao de muitos empresários convencionais. De fato, o Lote Nove não parecia ser a escolha mais promissora.

Primeiro, havia o problema da localização.

A cidade de Yanshi tinha uma estrutura bem definida, com os quatro cantos da cidade organizados. A área sudeste era a mais desenvolvida, abrigando a maior parte da população, junto com universidades, áreas comerciais e transporte público. Esse era o pedaço mais valorizado da cidade.

As áreas oeste e noroeste tinham se desenvolvido de forma equilibrada, mas, nos últimos anos, a zona oeste havia recebido várias fábricas, e a concentração de trabalhadores trouxe movimento para a área.

Isso deixava o lado norte, onde predominavam campos agrícolas. Nos últimos anos, o cultivo diminuiu e, quanto mais ao norte, mais desolado ficava. Esse era um canto da cidade onde a vida parecia distante, quase esquecida. Anos atrás, o governo prometera reformar a área, mas só atraiu alguns empreendedores que compraram terrenos e tentaram lançar projetos imobiliários. Hoje, alguns edifícios sequer foram concluídos, e os empreendedores se arrependem amargamente.

O Lote Nove estava escondido dentro dessa região, cercado por prédios antigos e sem vida. Era pequeno e tinha uma forma irregular, o que tornava seu uso um verdadeiro desafio.

Por isso, o Lote Nove ganhou o título de terreno menos desejado do leilão deste trimestre. Durante as reuniões entre as empresas imobiliárias da cidade, ninguém se interessou por ele, focando do Lote Um ao Oito e ignorando completamente o Nove.

Hu Shaofeng achava uma perda de tempo. Investir em imóveis definitivamente não era para qualquer um. Ao ver as táticas arrojadas de Lin Jingzhe durante a inauguração do mercado de Shenshi, ele esperava que Lin fosse um jovem promissor. Mas, ao ver essa escolha, acreditou que ele havia se enganado. Um terreno barato pode parecer vantajoso, mas de que adianta se ninguém o quiser depois?

Mas Lin Jingzhe era o único que sabia do potencial do norte da cidade, que nos anos seguintes passaria por um desenvolvimento acelerado. No futuro, empresas do país inteiro escolheriam essa área para seus escritórios, e a população de Yanshi aumentaria exponencialmente. Em alguns anos, o que hoje é uma área esquecida ao norte da cidade se tornaria o epicentro comercial de Yanshi, uma posição que manteria por décadas.

Baseando-se nas observações de empresários que, futuramente, lamentariam não ter investido nessa região, Lin Jingzhe expôs seu raciocínio com segurança, transformando aquela área desvalorizada em uma verdadeira joia escondida.

Xiao Chi inicialmente ouvia de maneira distraída, mais focado nos movimentos de Lin Jingzhe ao falar, mas, à medida que a explicação se aprofundava, ele percebeu detalhes que havia desconsiderado.

Nos últimos anos, Yanshi estava se desenvolvendo em uma velocidade que superava até as previsões mais otimistas. Xiao Chi sabia de planos de expansão da cidade, e apenas no ano anterior, Yanshi havia anunciado a construção de três novas avenidas.

Com o ímpeto de expansão da cidade, era inevitável que o norte, por enquanto pouco explorado, se tornasse estratégico.

Xiao Chi, absorto nos pensamentos, apertou seu rosário. Não que ele já não tivesse cogitado algo semelhante, mas só quando Lin Jingzhe apresentou essa perspectiva é que ele percebeu como o crescimento da cidade estava ultrapassando todas as expectativas.

Recuperando-se da surpresa, Xiao Chi endireitou-se na cadeira, disfarçando qualquer reação, mas tentando se afastar de Lin Jingzhe, mantendo a postura fria que vinha adotando. Ele ainda estava ressentido do último incidente, quando Lin Jingzhe o acertara com o cotovelo, deixando uma marca que ainda doía.

Enquanto refletia sobre a necessidade de manter sua raiva, seu olhar recaía involuntariamente sobre os lábios de Lin Jingzhe, finos e de um tom pálido, com uma leve coloração rosada. Ele se lembrou de ouvir que pessoas com lábios dessa tonalidade tendiam a ter problemas de baixa glicemia.

Xiao Chi notou que a pele das mãos e do rosto de Lin Jingzhe era sempre fria, mas o calor estava presente no pescoço e nos lábios.

De repente, ele despertou de seus pensamentos, percebendo que estava se distraindo: “…???”

Não era para isso que ele devia estar focado!

Tossiu discretamente, e Lin Jingzhe parou de falar, pensando que ele tinha algo a acrescentar. Desviando o olhar do mapa, encarou Xiao Chi, seus lábios levemente entreabertos, revelando a ponta rosada da língua e uma fileira de dentes brancos.

Ah, seus dentes da frente eram um pouco maiores!

Xiao Chi, como se tivesse feito uma grande descoberta, animou-se, analisando minuciosamente o rosto de Lin Jingzhe, cada detalhe. Olhos grandes, queixo fino, bochechas um pouco arredondadas, e uma semelhança realmente marcante com um coelhinho, exatamente como Hu Shaofeng havia mencionado.

Com uma leve mudança de posição, ele murmurou: “Continue.”

Lin Jingzhe abaixou o olhar e retomou sua explicação. Xiao Chi, observando o movimento lento das pestanas de Lin, sentiu uma admiração crescente e, sem alarde, deslizou uma bandeja com bolinhos de jujuba e açúcar mascavo em sua direção, dizendo: “O que você diz faz sentido, mas, se confia tanto no norte da cidade, por que não mirar também no Lote Cinco ou no Lote Sete?”

Lin Jingzhe, que adorava tâmaras vermelhas e estava um pouco faminto, pegou um dos bolinhos e respondeu com sinceridade: “Não tenho dinheiro. O Lote Cinco tem vinte mil metros quadrados e o Lote Sete, vinte e sete mil. Seria ótimo tê-los, mas não é realista.”

Xiao Chi observou Lin Jingzhe mastigar o bolinho com uma calma impressionante. Ele o fazia devagar, sem pressa, os lábios se movendo suavemente, e seus modos eram extremamente refinados, quase sem som algum.

Quando Xiao Chi voltou a si, percebeu que Lin Jingzhe já estava falando sobre as cláusulas de cooperação: “Agora eu já tenho pelo menos um terço do capital necessário; só falta um parceiro para dar início ao projeto. Sr. Xiao, posso segurar esse terreno por pelo menos um ano, e com a velocidade de valorização do mercado imobiliário de Yan City, mesmo que as previsões que mencionei para o futuro não se concretizem, o valor do terreno não vai se depreciar muito. Durante esse ano, não pretendo iniciar as obras; vamos observar o mercado. Se houver qualquer mudança, vendo o terreno imediatamente. De qualquer forma, posso garantir que seu investimento não será perdido.”

Será que ele havia perdido boa parte da conversa? Com uma expressão inabalável, Xiao Chi cruzou as pernas sob a mesa, sem demonstrar que havia estado distraído, enquanto movia o polegar calmamente sobre o terço: “Mesmo assim, são cinco milhões de capital. Se tudo o que você disse não passar de conversa fiada, com esses cinco milhões posso comprar outros terrenos, e o retorno provavelmente será maior do que o da sua proposta.”

O mundo dos negócios era assim. Quando a conversa chegava a esse ponto, não havia mais espaço para disputas acirradas. Lin Jingzhe, sem insistir, sorriu serenamente: “Mas, se as minhas previsões se confirmarem, o retorno será muito mais vantajoso do que qualquer outro projeto. É praticamente uma aposta sem riscos; só cabe a você decidir se quer participar.”

Ele realmente precisava desse capital. Conseguir um investidor seria o ideal; caso contrário, teria que recorrer a métodos mais arriscados.

Depois de comer uma porção de bolinhos de açúcar mascavo, Lin Jingzhe se levantou: “Com licença, vou ao banheiro.”

Desde que Lin começara a falar, Fang Wenhao estava claramente impressionado. Ele trocou um olhar com Hu Shaofeng, que encarava Xiao Chi com curiosidade, e também encontrou uma desculpa para se levantar e sair.

Na sala, Xiao Chi ajeitou-se na cadeira, girou o prato giratório e, curioso, pegou um pedaço do bolo de açúcar mascavo para experimentar.

Era um doce simples, mas, por algum motivo, talvez porque Lin Jingzhe comera com tanto gosto, parecia realmente mais saboroso.

Hu Shaofeng estava completamente imerso nas perspectivas de futuro que Lin traçara para o distrito norte e, mal Fang Wenhao saiu, ele praticamente saltou para o lugar de Lin, inclinando-se sobre o mapa de Yan City que Lin usara para as explicações.

“Irmão Xiao.” Ele hesitou, questionando as próprias certezas. “Por que eu estou achando que o que ele disse faz algum sentido?”

Xiao Chi lançou-lhe um olhar de lado, sem dizer nada, e, após uma breve pausa, levantou-se: “Vou sair por um momento.”

Hu Shaofeng, ainda processando as oportunidades que Lin descrevera, olhou confuso enquanto Xiao pegava o cardigã pendurado atrás de sua cadeira e saía. Ele vai ao banheiro? Mas por que levar o casaco?

Ao chegar ao banheiro, Xiao encontrou Fang Wenhao fumando do lado de fora. Assim que o viu, Fang endireitou-se, apagou o cigarro no lixo e deu passagem.

Indicando com a cabeça para que Fang se afastasse, Xiao esperou que ele saísse antes de abrir a porta. Lá dentro, Lin Jingzhe estava no mictório, fechando o zíper da calça.

Xiao, quase sem pensar, lançou um olhar casual, que foi imediatamente percebido por Lin, que o encarou com desconfiança. Mas, considerando o contexto de negócios, Lin se manteve cordial: “O Sr. Xiao está me procurando?”

Xiao encostou-se à porta, observando-o lavar as mãos. Após um longo silêncio, disse de repente: “Você não percebeu que estou de mau humor hoje?”

“???” Lin Jingzhe recebeu a acusação sem entender nada. “O quê?”

Xiao parecia incrédulo de que ele não tivesse percebido. Seus olhos passaram pelo pulso vazio de Lin, e ele perguntou: “Onde está o meu terço?”

Lin ficou ainda mais confuso. Mas o que era aquilo? Ele tirou do bolso o terço que estava carregando há dias: “Aqui.”

Xiao pegou-o de volta com uma expressão sombria, bem diferente da atitude que tinha no salão, franzindo as sobrancelhas com força.

“Hoje estamos aqui para falar de negócios, é para isso que estamos aqui…” Lin repetiu mentalmente, tentando se controlar, e esboçou um sorriso forçado: “Devolvi o que é seu; agora posso ficar tranquilo.”

Xiao não respondeu, apenas abaixou o olhar para o terço. Lin, incapaz de compreender a lógica daquele homem, resolveu ignorá-lo. Pegou algumas folhas de papel para secar as mãos e conferiu sua aparência no espelho para ver se o doce havia alterado sua compostura.

De repente, uma presença densa o envolveu. Antes que ele pudesse reagir, viu Xiao se aproximar rapidamente pelo espelho. Quando Lin tentou se virar, Xiao passou as mãos por sobre sua cabeça e colocou o terço em volta de seu pescoço, do mesmo jeito que fizera dias antes.

Lin permaneceu com as mãos no ar, segurando as folhas de papel: “……???”

Xiao deu um leve toque em seu rosto e saiu.

Lin, perplexo, ficou olhando a porta enquanto ele saía: “???”

Depois do jantar, passaram-se mais de vinte e quatro horas sem notícias. Ao lembrar-se da expressão de profundo desgosto de Xiao Chi, Lin imaginou que a parceria provavelmente havia sido descartada. Sem insistir, ele começou a buscar alternativas de empréstimos privados em Yan City e calculou que os pais de Zhou Haitang provavelmente já haviam chegado à cidade.

Ele ligou para o dormitório de Zhou Haitang e, ao fundo, ouviu sons de gritos desesperados. Gao Sheng, ao telefone, relatou, ainda atordoado: “O tio e a tia Zhou apareceram de repente na porta do dormitório e começaram a bater no Zhou Haitang…”

“Ah!!!!” Zhou Haitang gritou em meio à confusão. “Pai!! Pai!!!”

A voz forte do pai de Zhou não parecia afetada pela longa viagem: “Seu moleque ingrato, quero ver você se meter em confusão de novo para ver o que te acontece!”

“…” Lin Jingzhe respondeu calmamente, “Estou indo para aí.”

No dormitório dos calouros do curso de Ciência da Computação da Universidade de Wutong, Zhou Haitang estava sendo espancado, gritando e questionando a própria existência.

Quando viu os pais aparecerem de surpresa, sentiu uma mistura de alegria e surpresa. Mas antes que pudesse entender o motivo da visita, a ira avassaladora de seu pai caiu sobre ele.

Normalmente, sua mãe intercedia durante as surras, mas dessa vez ela também estava envolvida, chorando enquanto lhe dava uma bofetada de surpresa.

Quando Lin Jingzhe chegou, Zhou Haitang se agarrou a ele, chorando: “Ontem mesmo eu estudei trezentas palavras! O que foi que eu fiz de errado?”

Lin Jingzhe afagou carinhosamente o rosto inchado de Zhou Haitang e, com uma falsa simpatia, disse: “Você está se comportando bem. Não se preocupe, vou conversar com seus pais e resolver isso.”

Enquanto Zhou Haitang, ingênuo, o olhava com gratidão e admiração, Lin se dirigiu à sala onde os pais de Zhou, claramente abalados, tomavam chá com o supervisor do dormitório. A mãe de Zhou enxugava as lágrimas com um lenço, aliviada: “Finalmente conseguimos chegar a tempo. Esse menino nunca nos deixa em paz!”

O pai de Zhou bateu na mesa, furioso: “Eu devia ter dado um fim nisso logo!”

Apesar das palavras duras, seus olhos estavam visivelmente marejados.

Desde o momento em que Lin Jingzhe os avisou, o casal pegou o primeiro ônibus de Liyun para Yan City, sem descansar por um minuto. A viagem fora um martírio de ansiedade, sem coragem de ligar para o filho para evitar irritá-lo ainda mais. A viagem foi exaustiva, mas, felizmente, chegaram a tempo, e o filho não estava em apuros maiores.

Pensando no custo da viagem, o pai de Zhou sentia-se aliviado, mas, ao mesmo tempo, lamentava o gasto. Essa despesa equivalia a metade do salário de um mês! Desde que a mãe de Zhou fora demitida, as finanças da família ficaram apertadas. Cada centavo era essencial, pois ainda estavam endividados devido aos custos de educação e manutenção de Zhou Haitang.

Os dois discutiam sobre como voltariam para Qunnan. A mãe de Zhou, um pouco relutante, disse: “Olhe para ele, tão magro e queimado de sol… Nem sei o quanto ele sofreu aqui. Já que viemos até aqui, podíamos ficar mais alguns dias para cuidar dele.”

O pai, fumando em silêncio, respondeu com a voz rouca: “Yan City é cara demais. Só o ônibus para vir até a universidade já custou dois yuan. Almoçar aqui custa um yuan, e se ficarmos hospedados, será ainda mais caro. Assim que terminarmos com o Haitang, voltamos para Qunnan. O irmão Gao está esperando para começar as obras.”

A mãe de Zhou, uma mulher tradicional e sem renda própria, sabia que não adiantava argumentar. Embora relutante, ela acatou a decisão do marido. Lembrava-se de como o filho era gordinho e saudável em Liyun, mas agora estava magro e abatido, o que a fazia sofrer silenciosamente.

Lin Jingzhe serviu-lhes um pouco de chá e perguntou: “Tio, tia, e o que vai acontecer com Zhou Haitang se vocês voltarem agora?”

O pai de Zhou suspirou: “Vou ter uma conversa séria com ele. Se não obedecer, eu quebro as pernas dele!”

A mãe de Zhou, assustada, repreendeu: “Que absurdo!”

Lin Jingzhe percebeu que eles haviam feito um longo percurso para chegar até ali, um esforço enorme que ele pretendia aproveitar para convencê-los a ficar. Vendo que tinham opiniões divergentes, ele interveio rapidamente: “Se fosse fácil assim assustá-lo, eu não teria chamado vocês até aqui. Tia, acho que vocês deveriam ficar pelo menos uma semana. Se voltarem agora e ele voltar a se meter em problemas, terão que fazer essa viagem toda novamente.”

O pai parou de fumar por um momento, visivelmente hesitante.

A mãe olhou para o marido com expectativa. Por mais alto que fosse o custo de Yan City, na mente dela nada era mais importante do que o futuro do filho.

Lin Jingzhe continuou: “Haitang é muito teimoso. Se algo realmente acontecer, será tarde demais. Eu aluguei uma casa aqui em Yan City, vocês podem ficar lá por enquanto. O trabalho na construção pode esperar um pouco. A saúde do filho de vocês não é mais importante que o dinheiro?”

A mãe de Zhou, ansiosa, puxou a manga do marido: “Diga alguma coisa!”

O pai de Zhou hesitava, dividido entre o custo de ficar e a necessidade de voltar ao trabalho. Mas ao ouvir que poderiam se hospedar em Yan City sem custos, a balança começou a pender lentamente. Após alguns minutos de reflexão, ele cedeu: “Então, vamos ficar mais cinco dias. Depois disso, voltamos.”

A mãe, aliviada, largou o marido e saiu correndo da sala: “Vou ver como está meu filho.”

“Espere.” Lin Jingzhe, preocupado que ela pudesse falar algo que perturbasse Haitang, a interrompeu gentilmente: “Tia, tenha cuidado com o que diz. Não diga nada que possa incomodar o Haitang.”

Ela assentiu com firmeza: “Entendido, eu não vou falar nada.”

Lin Jingzhe levou o casal para a casa que ele havia alugado anteriormente para Deng Mai. Este ainda frequentava aulas de reforço diariamente, e os pais de Zhou, sem perceber que ele havia abandonado os estudos, pensavam que ele era apenas um estudante que vivia na casa.

Pessoas de cidades pequenas tinham seu próprio senso de segurança. Sair desse ambiente familiar os deixava inseguros e desorientados. Foi por isso que o pai de Zhou valorizava tanto o trabalho na construção oferecido pelo pai de Gao Sheng. Embora Qunnan fosse também um lugar desconhecido, estar lá com conhecidos tornava as coisas menos assustadoras do que uma cidade completamente estranha.

Depois de instalar o casal, Lin Jingzhe começou a pensar em que tipo de trabalho poderia oferecer a eles. O pai e a mãe de Zhou tinham pouca escolaridade e eram honestos e simples, características que dificultavam trabalhos que exigissem habilidades sociais ou de negociação.

Nos anos 90, a primeira onda de empreendedorismo estava começando a se espalhar, cheia de oportunidades, mas poucos se atreviam a dar o primeiro passo. O verdadeiro boom de negócios para indivíduos ainda demoraria alguns anos, incentivado pelo aumento de demissões em massa, que empurraria muitos trabalhadores a aceitar esse mundo desconhecido. Nesse momento, a competição e os desafios seriam muito maiores.

Independentemente de qualquer decisão, o fato de o pai de Zhou ter sido demitido antes do tempo poderia, ironicamente, ser algo positivo para o futuro deles.

A mãe de Zhou, ao ver o estado magro e abatido do filho e de outros jovens na casa, não conseguia ficar parada. Mesmo com pouco dinheiro, ela começou a comprar carne e legumes para preparar refeições e alimentar os jovens.

A habilidade culinária dela era impressionante. Desde que se instalou na casa de Lin, o aroma de seus pratos se espalhava pelo prédio, atraindo a curiosidade das vizinhas de Yan City, que acabaram se aproximando para conhecer a nova cozinheira. Em apenas dois ou três dias, a mãe de Zhou já tinha feito amizade com as vizinhas, e a cidade, antes assustadora, começava a se tornar mais acolhedora através das conversas sobre culinária.

Após entregar um pote térmico com sopa no dormitório de Zhou, ela foi até a Universidade de Yan City para levar comida para Lin Jingzhe. Respeitosa, entrou pelos portões da universidade e entregou uma refeição feita com carinho.

Ela preparara pedaços de pé de porco caramelizados em açúcar e cozidos com feijão, criando um prato denso e saboroso, rico em colágeno. Lin Jingzhe mal teve chance de comer, pois Fang Wenhao e Hu Shaofeng, que vieram almoçar com ele, devoraram quase tudo.

Enquanto mastigava o pedaço que restara, Lin Jingzhe, apreciando o sabor incrível da carne, teve um lampejo de uma ideia que há tempos estava em sua mente.

“Tia Zhou,” ele disse, observando a cena com um sorriso. “Eu acho que a senhora deveria ficar em Yan City, abrir um pequeno negócio de comida. Assim, pode ficar perto do Haitang e ainda ganhar um dinheirinho. Não seria melhor?”

A mãe de Zhou ficou momentaneamente sem reação. A sugestão de Lin era algo que ela nunca imaginara. Para ela, poder ganhar dinheiro e estar perto do filho era como um sonho impossível. Envergonhada, ela abaixou a cabeça: “Que tipo de negócio? O que eu sei fazer, todo mundo sabe. Quem pagaria por isso? Além disso, temos dívidas em casa, e seu tio, ao voltar para Qunnan, pode ganhar vinte ou trinta yuan por dia.”

“Quê?!” Hu Shaofeng, com sua falta de filtro, reagiu espantado ao ouvir o valor, sentindo que estava diante de um mundo muito diferente do seu. “Vinte ou trinta yuan por dia? Isso é quase nada! Esses pratos que a senhora faz, se montar uma barraquinha em Yan City, não ganharia menos que dois ou três mil por mês!”

Fang Wenhao, sabendo do desdém natural de Hu Shaofeng por não entender as dificuldades do trabalhador comum, deu-lhe um empurrão para que não falasse daquele jeito.

A mãe de Zhou, no entanto, não se ofendeu. Ela ficou apenas paralisada, como se tivesse ouvido algo absolutamente inacreditável.

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RENASCIMENTO DA ILUMINAÇÃO

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Neste mundo, sempre existem aquelas pessoas que começam com boas cartas nas mãos, mas que acabam por fracassar completamente.

Lin Jingzhe, após perder muito, retornou aos seus dezoito...

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