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Doce Inanição

Capítulo 1

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🟡 Em breve

Edit: Eu coloquei a capa errada da primeira vez, caso tenha visto essa história com outra capa é porque eu coloquei a capa errada

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A chave rangeu na fechadura quando Cael entrou. A porta se fechou com um estalo seco às suas costas. O apartamento estava mergulhado em penumbra — como se a própria casa sentisse a exaustão que ele carregava. Ele deixou os sapatos de lado com movimentos automáticos, os ombros tensos, os olhos semicerrados, afundando no silêncio como quem se afoga devagar.

O estômago roncava, mas não por comida.

Havia passado pelas ruas da cidade como um fantasma: sorrisos vazios, olhares sedentos, convites disfarçados em toques de mãos e sussurros baratos. Poderia ter escolhido qualquer um. Poderia ter saciado a fome. Mas algo o impediu. O gosto… o gosto das últimas noites estava errado. Sempre errado. Vulgar, reciclado. Como implorar por migalhas de prazer que não o tocavam de verdade.

Cael passou a língua pelos lábios secos. Pensou, por um segundo, em abrir o telefone. Nomes antigos, contatos fáceis. Mas a simples ideia de ter que pedir já o fazia enjoar. Não. Não daquela forma.

Foi então que a campainha soou.

Um som curto, trivial — mas que cortou o silêncio como uma lâmina. Ele não se moveu. Provavelmente engano. Ou alguém perdido. Mas no instante seguinte, o cheiro bateu em seu olfato como uma brisa quente e irresistível: um homem.

Cael franziu o cenho. O visitante insistia — mais uma vez, duas, três. Batidas na madeira, firmes, ansiosas.

A fome queimava agora de um jeito diferente.

Com passos lentos, ele atravessou o corredor estreito até a porta. A mão pousou sobre a maçaneta. Por um segundo, hesitou. Sabia o que encontraria. Sentia o sangue pulsando em suas têmporas, o calor subindo pelo pescoço como uma febre mal contida.

Abriu.

E ali estava ele.

Um homem. Jovem, bonito de um jeito que não parecia nem intencional — um pouco desajeitado até. Jaqueta amassada, uma caixa nas mãos, olhar levemente surpreso. Mas o cheiro… o cheiro dele era quase obsceno de tão limpo. Carregado de vida.

— Boa tarde… Cael, certo? Entrega pra você. — O sorriso de Nathan era educado, quase tímido.

O cheiro bateu mais forte. Cael ofegou. O estômago se contraía em espasmos invisíveis, mas o que realmente tremia era mais profundo. Seus lábios se abriram, involuntariamente. Um som rouco e contido escapou — quase um gemido.

— Preciso que assine.

Cael mal conseguiu assentir, a mão tremendo enquanto pegava a caneta e rabiscava algo no tablet.

—Você está… bem?— A voz de Nathan era hesitante, seus olhos arregalados enquanto ele observava Cael encostado pesadamente no batente da porta.

O íncubo tremia, sua pele corada com um calor que parecia irradiar dele em ondas. Fome. Ela arranhava as entranhas de Cael, implacável e urgente, e o homem parado diante dele cheirava — Deuses — ele cheirava celestialmente.

Os lábios de Cael se entreabriram enquanto ele inalava profundamente, seus sentidos inundados pelo cheiro de Nathan. Era terroso, como a floresta depois da chuva, mas havia algo mais por baixo, algo doce. Fez a boca de Cael salivar, fez seu corpo doer com uma necessidade que ele não sentia há semanas.

Ele tentou manter distância, tentou controlar a fome, mas era impossível. Nathan estava bem ali, e o cheiro dele era inebriante.

Foi então que Cael o agarrou. Não foi racional — não foi sensato —, mas ele não conseguiu se conter. Puxou Nathan para dentro, seu corpo se movendo por instinto, e agora lá estavam eles.

O abraço veio depois — forte, colado, como se os dois corpos fossem feitos para se moldar. Nathan o segurou nos ombros, hesitante.

— Ei… você tá tremendo…

— Eu… — sussurrou contra o pescoço dele. — Estou com dor. Eu preciso…

Sua voz soava diferente agora. As palavras vinham entrecortadas por respirações pesadas, carregadas de algo úmido, íntimo. A fome não era só física, ela se transformava em sons — cada suspiro era um gemido abafado, manhoso, suplicante. Os dedos de Cael apertavam as costas de Nathan, como se ele fosse a única âncora em um mar de sensações incontroláveis.

Nathan engoliu em seco, o corpo rígido, mas não recuou.

— Você está doente? — perguntou Nathan, a voz carregada de preocupação. Ele não recuou, nem tentou afastar Cael. — Você está em brasa.

Cael estremeceu com o toque, um gemido suave escapando de seus lábios.

— Eu… — ofegou, a voz trêmula. — Preciso me alimentar.

— Alimentar? Quer que eu…?

— Não de comida. Eu preciso… — Ele interrompeu, ofegante, outra onda de fome rasgando por dentro. Apertou a camisa de Nathan com mais força, como se pudesse ancorar-se ali.

Sentia o calor acumulando-se em sua barriga, irradiando por seus membros, fazendo seu corpo pulsar com uma urgência crua.

Nathan franziu o cenho, os olhos fixos no rosto de Cael.

— Do que você precisa? Fala comigo. Eu posso ajudar.

Cael hesitou. Sabia que não deveria. Era errado envolver alguém inocente em sua fome. Mas estava faminto… e Nathan estava ali, oferecendo. Não estava?

Seu encanto, seu fascínio natural, devia inspirar entrega. Era assim que funcionava. Mas aquilo parecia… diferente.

Fechou os olhos, sentindo a energia vibrar sob sua pele. Invocou seu feitiço — uma onda sutil, densa e sedutora, infiltrando-se no ar ao redor —, desenhada para revelar o desejo mais íntimo de Nathan.

Mas quando os olhos de Cael se abriram, viu a si mesmo refletido na mente de Nathan.
Não fazia sentido. O feitiço devia mostrar a pessoa que ele mais desejava, não… ele mesmo.

Nathan, por sua vez, permaneceu imóvel por um instante — os olhos escuros fixos nos dele, como se alguma peça dentro dele tivesse acabado de se encaixar.

— O que é isso? — murmurou Nathan, a voz rouca, como se tivesse sido arrastada pela garganta.

Ele deu um passo à frente. Não com pressa, nem medo — mas com aquela hesitação que vem de alguém que sabe que está cruzando uma linha, e mesmo assim quer atravessá-la.

Cael não respondeu. Não conseguia. Em vez disso, inclinou-se, os lábios roçando o pescoço de Nathan, inalando seu cheiro. Seu corpo tremia, os nervos em brasa. Quando as mãos de Nathan se ergueram e agarraram seus quadris, um gemido escapou da garganta de Cael.

— Por favor — sussurrou, a voz áspera, carregada de desespero.

Nathan prendeu a respiração, o aperto de suas mãos se intensificando.

Cael não esperou. Moveu as mãos até o peito de Nathan, empurrando-o contra a parede. Seus lábios desceram pelo pescoço dele, os dentes arranhando a pele quente. Sentiu Nathan estremecer sob seu toque.

— Ei… — ofegou Nathan, tenso. — O que você tá…?

Os olhos de Cael brilhavam com um tom sobrenatural, âmbar profundo, atravessando a névoa nos pensamentos de Nathan.

Cael encostou o rosto no pescoço de Nathan. Sua respiração quente acariciava a pele, causando arrepios na espinha.

As mãos de Nathan tremiam enquanto seguravam a cintura de Cael. O toque do íncubo fazia sua pele formigar. O ar entre eles era denso, impregnado de desejo, e Nathan mal conseguia raciocinar. Tudo o que sentia era Cael — seu perfume intoxicante, seu calor, os lábios provocando sua pele.

O coração de Nathan disparou quando sentiu os dedos de Cael na fivela do cinto.

— Ei… o que você…? — tentou falar, mas a voz falhou quando os lábios de Cael tocaram seu ouvido, abafando as palavras.

— Só… me deixa provar um pouco. Eu preciso disso.

Nathan sentiu algo diferente — não era só o feitiço, era o desejo que ele não queria admitir. Não era rendição. Era decisão. O encanto de Cael era como uma onda sedosa envolvendo-o, seduzindo-o a ceder. Seu corpo já respondia, a excitação crescendo. Não fazia sentido lutar. Ele não queria lutar.

— Então prove. — sussurrou. — Pegue o que quiser.

Os dedos de Cael soltaram a fivela, ágeis, e logo a calça escorregava pelos quadris de Nathan. A boxer foi puxada logo em seguida, libertando seu pênis, rígido e latejante.

A respiração de Nathan se entrecortou ao sentir a mão quente de Cael envolvendo-o, os movimentos lentos e precisos.

— Você está tão duro… fui eu que fiz isso?

— É… sim.

— Que bom. — Cael sorriu, e seus olhos não se desviaram de Nathan enquanto se ajoelhava. — Você é grande…

Sem hesitar, ele o tomou na boca, a língua envolvendo a ponta antes de engolir mais fundo.

Os joelhos de Nathan vacilaram. Instintivamente, segurou os ombros de Cael, tentando se equilibrar.

O calor da boca do íncubo era um tormento delicioso, sua língua explorando cada centímetro, arrancando sensações que faziam Nathan perder o fôlego. Era demais — e ao mesmo tempo, nunca o suficiente.

Os quadris de Cael balançavam levemente, a excitação visível até no modo como se movia, afundando Nathan cada vez mais fundo em sua garganta. Sua saliva tinha um efeito afrodisíaco, aguçando os sentidos, amplificando cada carícia, cada suspiro.

— Seu gosto é incrível — gemeu Cael ao redor dele, e a vibração de sua voz reverberou no corpo de Nathan.

Nathan cravou os dedos nos ombros de Cael, os quadris avançando involuntariamente, compelido a se afundar naquele calor úmido e faminto.

— Cael, eu… eu estou quase — avisou, a voz presa, tentando manter o controle.

Mas Cael não parou. Ao contrário, acelerou, a mão agora acompanhando o ritmo da boca. Cada movimento era preciso, cada gesto carregado de fome e desejo.

O corpo de Nathan se retesou. Não havia como segurar. Um grito de prazer rasgou sua garganta quando gozou, os espasmos intensos, o corpo inteiro vibrando com a liberação.

Cael não desperdiçou uma gota. Engoliu tudo, os lábios ainda fechados ao redor de Nathan, sugando suavemente enquanto ele esvaziava.

Quando Nathan finalmente começou a recuperar o fôlego, Cael se afastou, lambendo os lábios com um sorriso satisfeito.

— Delicioso — ronronou, os olhos cintilando. — Mas acho que você ainda não terminou.

A respiração de Nathan era irregular, seu corpo tremia. Olhou para baixo, surpreso por ainda estar duro. Um calor estranho borbulhava em sua barriga, mas não parecia apenas um efeito externo — era o corpo respondendo, desejando. Ele queria mais.

— O quê…? Como…? — gaguejou, incrédulo.

O sorriso de Cael se alargou. Ele deu um passo para trás e levou as mãos à bainha da camisa.

— Minha boca te deixou assim? Treinei bastante pra agradar vocês humanos, sabia?

Sua saliva também tinha um papel crucial. Ao tocar a pele, agia como um afrodisíaco. Nas zonas mais sensíveis, o efeito era ainda mais intenso.

Puxou a camisa pela cabeça, revelando um corpo tonificado e andrógino — o peitoral liso e definido, as curvas perigosamente sedutoras.

O corpo de Cael tremia enquanto montava em Nathan, os quadris balançando num ritmo lento, saboreando o calor do sêmen ainda em sua boca. As mãos de Nathan repousavam em sua cintura, firmes, mas hesitantes, como se sua mente ainda lutasse para processar o que estava vivendo.

Os lábios de Cael roçaram sua orelha, a respiração quente, entrecortada.

— Mais — sussurrou ele, a voz embargada de desejo. — Eu preciso de mais. Por favor… ainda estou com tanta fome.

Os olhos de Nathan se arregalaram, confusos, mas carregados de um desejo que crescia sem controle.

Cael se moveu, encurtando a distância entre seus corpos. Sua pele tinha a maciez da seda, e seu cheiro — algo entre almíscar e encantamento — fazia a resistência de Nathan evaporar sob o peso daquele fascínio.

— Confie em mim — murmurou Cael, a voz baixa, envolvente, quase um feitiço. Inclinou-se, guiando as mãos de Nathan até sua cintura. — Você não vai se arrepender.

Nathan hesitou, os olhos fixos na beleza ambígua de Cael sob a penumbra do quarto. Seu peito subia e descia rápido, a pele úmida reluzindo levemente sob a luz suave.

Cael afastou os joelhos, desabotoando o short com calma antes de deslizá-lo pelas pernas. Revelou-se com naturalidade, e Nathan prendeu a respiração ao ver as dobras suaves e úmidas entre suas coxas. A imagem despertou nele um desejo novo, urgente — o corpo reagindo antes mesmo da mente.

— Eu quero que você use algo melhor do que a minha boca… — sussurrou Cael, se aproximando, o corpo se moldando ao de Nathan. — Você não quer me sentir? Não quer estar dentro de mim?

A respiração de Nathan vacilou quando Cael puxou sua camisa para cima, expondo o peito. Os dedos roçando os mamilos com delicadeza. O toque o percorreu como um raio — preciso e elétrico.

— O que… o que você é, afinal? — gaguejou Nathan, os olhos oscilando entre o rosto de Cael e sua intimidade, que desafiava qualquer lógica conhecida.

Cael riu, baixo e rouco, o som quase sensual.

— Confuso? — provocou, os dedos traçando devagar a linha do maxilar de Nathan. — Eu sou um demônio, um inccubu. Mas não nasci no inferno como os outros. Fui criado. Projetado para ser ambas as coisas — masculino e feminino. Não sou homem. Nem mulher. Sou… outra coisa. Mas será que isso importa?

— Não exatamente… só me pegou de surpresa.

— Você é hétero?

— Não, eu gosto de homens também.

— Hm… então isso deve estar mexendo com você. — O olhar de Cael desceu até o corpo de Nathan. — Mas você me deseja, não é?

Nathan engoliu em seco, a garganta apertada. Seus olhos voltaram a explorar cada curva de Cael, como se tentassem memorizar aquilo tudo.

— Sim — respondeu, enfim, agarrando os quadris de Cael. — Eu quero você.

— Então me alimente — sussurrou Cael, os olhos brilhando. — Você faria isso por mim?

— Sim. Qualquer coisa.

O sorriso que Cael lhe deu era puro triunfo. Sua entrada já estava úmida, a lubrificação natural cobrindo o pênis de Nathan enquanto ele se posicionava.

— Está tudo bem — disse Cael num sussurro carregado de desejo.

Nathan soltou uma respiração pesada, os olhos presos nos de Cael. Por um momento, ficou ali, como se decidisse algo dentro de si — e então assentiu, os dedos se movendo com lentidão deliberada pelas coxas do íncubo, puxando-o para mais perto.

Seus olhos buscavam os dele, como se dissessem: “Eu estou aqui. Eu quero isso.”

— Me fode como quiser. Deixe que eu me alimente… goze em mim, do jeito que quiser.

Nathan assentiu, firme, e segurou os quadris de Cael, guiando-o para baixo até que seus corpos se encontrassem.

O gemido de Cael foi baixo, urgente, ao senti-lo entrando. A sensação de ser preenchido o fez estremecer por inteiro — uma mistura crua de prazer e fome.

O calor envolvente e úmido de sua vagina se apertava ao redor do pênis de Nathan, e a respiração de ambos se tornou irregular.

— Você é tão grande — arfou Cael, a cabeça tombando para trás enquanto começava a se mover. Seus quadris balançavam com lentidão e precisão, em uma dança sensual.

Nathan gemeu, instintivamente impulsionando os quadris. O ritmo que criavam era primitivo, visceral — uma sincronia como se tivessem sido moldados um para o outro.

Cael soltava gemidos suaves, a voz embargada, cavalgando com controle, mas desejando perder-se. A cada investida, sua cavidade se contraía, envolvendo Nathan ainda mais, arrancando sons roucos de prazer dos lábios dele.

As mãos de Nathan agarraram a bunda de Cael, os dedos cravando na carne enquanto ele se movia mais rápido, mais fundo, tomado por um impulso crescente. O som de seus corpos se chocando preenchia o espaço — abafado, molhado, lascivo. Uma sinfonia íntima e indecente.

— Goze dentro de mim — sussurrou Cael, o tom rouco e suplicante. — Me alimente.

Aquelas palavras, ditas como um feitiço, acertaram Nathan em cheio. Ele puxou Cael para mais perto, as mãos subindo pelas costas suadas. O calor em seu ventre crescia, cada estocada o empurrando mais para o limite.

— Cael… eu tô perto — avisou, a voz falhando sob a tensão do clímax iminente.

Seu corpo inteiro se retesou, e então veio — uma onda avassaladora, o pênis latejando dentro de Cael enquanto se derramava profundamente. O gemido que escapou foi abafado, instintivo, quase um lamento.

Cael arqueou as costas, tremendo, sentindo cada pulsação. Sua vagina se apertou ao redor dele, sugando até a última gota.

Mas antes que Nathan pudesse se afastar, Cael apertou seus ombros com firmeza.

— Não se mexa — pediu, a voz trêmula, embebida de desejo. — Fica em mim.

E Nathan obedeceu. Permaneceu ali, enterrado dentro de Cael, os corpos ainda colados, o suor se misturando. Sentia o calor pulsando ao redor de si, o íncubo ainda trêmulo, agarrado a ele.

— Cael… — murmurou, a voz rouca e embargada. — Você é incrível. Nunca senti nada parecido.

Os olhos de Cael encontraram os dele, um brilho satisfeito dançando em sua expressão, um sorriso preguiçoso surgindo em seus lábios.

O ar do corredor ainda carregava o cheiro recente do sexo — quente, levemente agridoce, misturado ao suor e aos resquícios de encantamento que ainda pairavam no ambiente. As mãos de Cael repousavam nos ombros de Nathan, firmes, como se aquele contato fosse a única coisa sustentando sua estrutura.

Mas então a consciência caiu sobre ele como um cobertor pesado.

Estavam ali. Na porta da frente. Com um humano que ele mal conhecia. Sob o efeito de um feitiço.

Cael desviou o olhar. O rubor do prazer cedeu lugar à vergonha, tingindo suas bochechas com um vermelho mais profundo. Soltou os ombros de Nathan devagar, recuando um passo. A excitação ainda pulsava sob sua pele, mas agora embebida de culpa.

— Eu… — começou, sem saber bem onde ancorar as palavras. — Me desculpe. Isso não devia ter acontecido assim. Eu te seduzi…

Nathan franziu ligeiramente a testa, como se não compreendesse. Mas antes que Cael pudesse se afastar mais, as mãos dele se ergueram, firmes, seguras, e tomaram o rosto de Cael com uma ternura inesperada.

O beijo veio sem pressa, mas com uma intensidade que quase fez Cael ceder o peso do corpo por completo. Era quente, suave, profundo. Nada a ver com o desejo apressado que os havia engolido minutos antes. Era… intencional. Pessoal. Humano.

Os olhos de Cael se arregalaram no início, surpresos com o gesto. Seu corpo congelou por um instante — ele não lembrava da última vez que alguém o beijara assim. Com carinho. Com gosto.

Mas então algo se desfez dentro dele. E ele retribuiu.

Lenta e docemente, como se quisesse guardar aquele momento numa dobra do tempo. Seus lábios se moveram em compasso com os de Nathan, e havia um tremor contido em sua respiração — não de desejo, mas de emoção.

Quando se afastaram, os olhos de Cael estavam ligeiramente úmidos, embora ele não percebesse. Passou a língua pelos lábios, ainda sentindo o gosto dele, e o olhou como se visse Nathan pela primeira vez.

— Por que…? — a voz saiu baixa, quase um sussurro envergonhado. — Por que você fez isso?

Nathan sorriu. Um sorriso calmo, sem pretensão, sem artifício.

— Porque eu gostei de você. Porque você é lindo. E porque… eu quis te beijar.

A simplicidade da resposta atingiu Cael como uma pancada silenciosa. Ele esperava compulsão, confusão, desejo artificial. Esperava qualquer coisa menos… genuinidade.

Riu. Um riso pequeno, cético, e desviou o olhar.

— Você ainda está sob o efeito… — disse, mais para si mesmo do que para Nathan. — Está inebriado. Vai passar.

— Talvez. Mas o que estou sentindo agora… é clareza. Eu sei o que eu quero.

Mas Nathan apenas se aproximou de novo e, sem pedir permissão, o beijou outra vez. Um beijo firme, que deixou os joelhos de Cael bambos e o peito apertado de um jeito estranho, quase doloroso.

Cael não recuou. Não conseguiu. O beijo era bom demais, verdadeiro demais.

Quando se separaram pela segunda vez, ele não disse nada. Ficou ali, olhando Nathan como se estivesse à beira de um precipício — mas, pela primeira vez em muito tempo, com vontade de saltar.

—–

Nathan acordou com a sensação de que o mundo ao seu redor não fazia sentido. A luz suave da manhã filtrava pelas cortinas, aquecendo seu rosto e lançando sombras irregulares sobre os móveis. Ele esfregou os olhos, tentando afastar a névoa do sono, mas o que restava da noite anterior ainda o perseguia. A imagem de Cael — seu corpo, o beijo, a intensidade — parecia mais um sonho vívido do que uma realidade.

Um sonho carregado de desejo, mas ainda assim, apenas um sonho, certo? Não poderia ser real.

Levantou-se lentamente da cama, o peso de uma noite estranha ainda sobre os ombros, e caminhou pela casa de forma automática, tentando se convencer de que nada de bizarro havia acontecido.

Respirou fundo, lavou o rosto, colocou uma camiseta amarrotada e seguiu para a faculdade com a confiança de um homem que tinha certeza de que não havia sido seduzido por um ser do submundo.

O dia passou lento. Os professores falaram demais, os colegas falaram de menos, e ninguém parecia minimamente interessado no fato de que Nathan tinha tido um sonho profundamente pornográfico com uma pessoa para quem entregou um pacote. Ou melhor: provavelmente só um cara muito bonito e excêntrico. Com certeza não um incubus.

Voltando pra casa, ele pensava em tomar banho, comer algo e fingir que tinha uma vida normal. Abriu a porta com a chave girando preguiçosamente e jogou a mochila no chão com um baque surdo.

E então ele viu.

Havia um corpo jogado no tapete da sala. Braços estendidos. Pernas dobradas de qualquer jeito e sem roupas. Os olhos — fechados, mas brilhando por baixo das pálpebras — denunciavam que aquilo ali não era nem um pouco humano.

Com uma cauda enroscada em torno da perna.

Chifres curvados saindo das têmporas com um brilho negro e cintilante.

Nathan congelou.

— Cael…? — disse, a voz saindo num tom esganiçado que ele mal reconheceu.

Silêncio.

Ele se aproximou com cautela, como se estivesse prestes a acordar um animal selvagem ou um funcionário público mal-humorado. Quando se ajoelhou, percebeu que o corpo de Cael estava quente. Quente de um jeito estranho. Como se tivesse febre e estivesse… levemente vibrando?

— Ei… Cael? Você tá… vivo?

Nesse instante, os olhos de Cael se abriram.

Luminosos. Felinos. E completamente perdidos.

Ele piscou várias vezes, a respiração acelerando. Tentou se levantar, mas os chifres bateram na quina da mesinha de centro, arrancando um “ai” quase ofendido.

— O que…? — a voz dele soava rouca, sonolenta, como se tivesse acordado de um transe. — Como eu… cheguei aqui?

Nathan encarou aquela cena por um longo segundo, o cérebro tentando se conectar com a realidade, como um modem discado tentando acessar um vídeo em HD.

— Não sei! Eu é que devia perguntar isso! — exclamou, jogando as mãos para o alto. — Ontem você me atacou! Você me puxou pra dentro da sua casa! A gente… A não…. — a voz falhou, corando. — Eu não sonhei aquilo!…

— Por que você tá gritando?

— Eu não estou…eu acho. Desculpe.

Cael levou a mão à testa, massageando as têmporas.

— Merda… isso não devia ter acontecido. — Murmurou, olhando para si mesmo.

Cael piscou mais uma vez, agora com um leve toque de embaraço. A cauda se mexeu discretamente, tentando esconder algo entre as pernas — sem muito sucesso.

Percebeu então que estava em sua forma completa.

— Você é um incubus! — Nathan apontou dramaticamente, como se só agora estivesse processando o óbvio.

— A gente já estabeleceu isso.

— Eu… dormi com um demônio.

— … Tecnicamente, você transou com um demônio. Dormir veio depois… enfim. — Cael desviou o olhar, claramente constrangido.

— Isso não tá ajudando.

Cael se sentou, com um leve gemido de dor — o tipo que faria qualquer um corar. A cauda se enroscou nos tornozelos e os chifres brilharam à luz do sol como ornamentos perversos. Ele esfregou as têmporas, como quem ainda estava acordando de um coma energético.

— Oh meu Deus. E agora? Estou amaldiçoado? Eu vou virar uma oferenda? Meu espírito vai ser sugado pelos seus olhos infernais?

Cael o olhou, genuinamente confuso. E um pouco divertido.

— Que tipo de livro de fantasia você anda lendo?

Nathan bufou, passando as mãos pelo cabelo em desespero.

— Isso é sério! Você é um ser infernal! Eu deveria estar em choque. Ou rezando. Ou… ligando para o exorcista!

— Por favor, não chama um exorcista. Eles são péssimos em atendimento ao cliente.

Nathan soltou um ruído indignado, quase um grito abafado de descrença.

— Você tá fazendo piada?!

— Eu só… estou tentando não surtar, tá? Eu também não sei como vim parar aqui. Minha cabeça tá latejando. Eu estava em casa, e então… tudo apagou. — Cael tentou se levantar, cambaleou e caiu de novo, sentando-se no tapete. A cauda enrolou-se ao redor de uma perna, como uma criança tentando se proteger.

Nathan o encarou por um tempo. O demônio. O sedutor. A criatura mágica caída no meio da sala como um gato doente.

— Você quer água? — perguntou, finalmente.

Cael piscou, surpreso.

— Ah. Sim, por favor.

Nathan voltou minutos depois com um copo. Sentou-se ao lado dele, ainda atordoado, e observou Cael beber como se tivesse passado um século no deserto.

— Então… você realmente é um incubus?

Cael assentiu com um suspiro.

— E você… é um humano adorável com péssimo gosto pra vizinhança.

Nathan o olhou de lado, o rosto ainda parcialmente em choque.

— Isso é uma metáfora sexual?

Cael soltou uma risada baixa, rouca.

— Ainda não. Mas pode virar.

Nathan ainda tinha um quê de incredulidade nos olhos enquanto se levantava do tapete, as mãos nos quadris e a respiração pesada, como se esperasse acordar a qualquer momento em sua cama com a almofada babada ao lado. Mas Cael estava ali, encolhido no chão da sala, a cauda enrolada numa das pernas, os chifres curvando-se suavemente em direção ao teto — um traço demoníaco que agora lhe parecia… quase melancólico.

Sem dizer nada, Nathan foi até o sofá, pegou o cobertor amassado no encosto e voltou. Ajoelhou-se ao lado de Cael e, com gestos cuidadosos, cobriu seus ombros, deixando o tecido deslizar pelos braços, escondendo sua nudez com a discrição de quem não sabia onde colocar os olhos.

Cael o observou por um segundo, as pupilas felinas estreitas, e depois arqueou uma sobrancelha.

— Você já me viu inteiro… — disse, com um sorriso enviesado. — E ainda assim quer me cobrir? Vai me dizer que tá com vergonha agora?

Nathan desviou o olhar, o rosto levemente corado.

— Só achei que… sei lá, você estava vulnerável. Desmaiado no meu chão, parecendo um gato de estimação possuído. Achei que seria… decente.

O incubus soltou uma risada baixa, mas seus olhos logo perderam o brilho brincalhão. Ele apertou os dedos contra o cobertor, sentindo o calor do tecido contra a pele, mais pelo gesto do que pela temperatura.

— Desculpa. Pelo que eu fiz. — murmurou. — Eu estava faminto. E quando fico assim… não penso direito. O cheiro me desorientou. Você estava ali, tão perto… e eu…

— Ei. Tudo bem. — Nathan o interrompeu, com um aceno de mão e um tom que buscava ser firme, mesmo com o coração ainda correndo. — Não é como se eu tivesse resistido.

Cael o olhou de lado, uma expressão mais suave no rosto. A cauda se desenrolou preguiçosamente de sua perna, traçando um padrão lento no tapete, quase como um gesto inconsciente de relaxamento.

— Você tem namorada? — perguntou de repente. — Um namorado, sei lá. Alguém?

Nathan franziu a testa, surpreso.

— Não. Nada disso. Nem paqueras no momento.

O alívio foi visível. Cael suspirou com certo exagero dramático e recostou-se na parede, os olhos voltados para o teto.

— Ainda bem. Isso seria… complicado. Lidar com ciúmes humanos é uma coisa que aprendi a evitar a todo custo. São piores do que alguns infernais.

Nathan riu, e por um instante o clima ficou mais leve. A estranheza da cena — um demônio coberto com um cobertor de lã azul e um humano ainda tentando aceitar que dormira com uma criatura mitológica — pareceu se dissolver num breve e inesperado momento de intimidade.

— O que você disse antes — Cael começou, virando o rosto para encará-lo. — Sobre… gostar de mim. Era verdade?

A pergunta veio baixa, quase casual, mas havia algo mais por trás dela. Um sutil traço de incerteza. Vulnerabilidade demais para alguém com chifres e olhos que brilhavam como brasas.

Nathan hesitou por um segundo, mas então assentiu.

— Sim. Eu gostei de você. Gosto. Quer dizer… ainda estou tentando entender o que você é…

Cael soltou um riso abafado, balançando a cabeça.

— Você está mesmo sob meu feitiço.

Mas seu sorriso murchou um pouco quando disse isso. Porque ele sabia que aquilo não era verdade. O feitiço devia mostrar ao humano a imagem da pessoa que ele mais desejava. Devia fazer Nathan perder o controle ao vê-la, se entregar como se fosse hipnotizado pela figura ideal do seu desejo.

Mas ele viu Cael. Não uma ilusão. Não uma projeção. Cael. Em sua forma mais crua, faminta e quebrada.

Ainda assim, Nathan o quis.

— É estranho… que tenha gostado de você assim, e se eu só… tiver me apaixonado pelo cara mais estranho e sensual que já entrou na minha vida? — Nathan disse, como se lesse seus pensamentos.

Cael arqueou uma sobrancelha, o riso voltando aos lábios, agora mais travesso.

— Sensual, hein?

— Você tem uma cauda, chifres e presas. Eu estou fazendo o melhor que posso aqui pra lidar com isso.

O incubus soltou uma risada aberta, jogando a cabeça pra trás. Por um momento, a tensão desapareceu do seu corpo. Era raro se sentir leve. Era ainda mais raro rir com alguém.

— Eu gostei do que fizemos. — Cael confessou, mais baixo, a voz deslizando como seda molhada de prazer mal resolvido. — Gostei do jeito que você me tocou. Do jeito que olhou pra mim… como se eu não fosse só um corpo faminto.

Nathan encarou o rosto dele, e viu ali um tipo de verdade que não dependia de feitiço algum.

— E você queria… fazer de novo?

— Eu ainda estou me recuperando. Não costumo desmaiar depois do sexo, sabia? Você é surpreendentemente bom nisso. — Cael sorriu, mordendo de leve o lábio inferior.

Nathan ficou vermelho. Novamente.

— Eu quis dizer… em algum momento. Quando você não estiver… nu e desacordado no meu tapete.

Cael inclinou-se pra frente, os olhos brilhando com aquele fogo felino e travesso.

— Então vamos combinar uma próxima vez. Mas dessa vez, eu te espero no sofá. Com cobertor e tudo.

Nathan riu, balançando a cabeça, ainda atordoado com tudo aquilo — mas, curiosamente, não com medo.

—–

Arael estava reclinado em sua cadeira, os dedos longos cruzados diante do rosto, os olhos semicerrados diante da penumbra dourada que preenchia o escritório como névoa espessa. As janelas arqueadas estavam cerradas, mas ainda assim a luz filtrava-se por entre as frestas das cortinas pesadas, tingindo o espaço com tons quentes de âmbar e sangue envelhecido. Havia uma quietude cerimonial naquele lugar, um silêncio que parecia conter vozes adormecidas — memórias enrijecidas no tempo como mármore esculpido.

À sua frente, repousava uma mesa de obsidiana talhada com runas antigas, as bordas finamente gravadas com símbolos que só os Primordiais ainda sabiam decifrar. Sobre ela, entre documentos amarelados e frascos selados com lacres de cera escura, havia uma orbe de cristal leitoso, alojada em um suporte de metal negro em forma de serpente enroscada.

A luz pulsou.

De início, foi apenas um brilho tênue, como uma vibração mal contida, mas em segundos transformou-se numa onda espessa e viva, que percorreu a superfície da esfera e fez as sombras na sala se curvarem como se tivessem vida própria.

Arael ergueu os olhos. Sua expressão não se alterou de imediato — ele era velho demais para se entregar a reações precipitadas. Mas havia algo no brilho daquela orbe que o desconcertava: uma oscilação que não era apenas energética, mas emocional. Uma carga pulsante, vibrando em ressonância com algo que ele ainda não conseguia nomear.

Ele se inclinou para frente, repousando as pontas dos dedos sobre a superfície lisa da esfera. Sentiu o calor. Sentiu a fome. Sentiu o prazer. E algo além.

— Caelus… — murmurou, sua voz grave e baixa como o rumor de uma corrente subterrânea.

Fazia mais de um século que Caelus havia sido lançado à Terra, sob o véu de uma identidade criada, de um destino manipulado. Para qualquer um da corte inferior, cem anos seriam uma vida inteira. Mas para Arael, era pouco mais que um batimento de coração.

Ainda assim, aquilo… aquilo não era comum.

A porta atrás dele rangeu, discreta. Arael não precisou se virar. Sentiu a presença da outra antes mesmo de ela entrar.

— Sentiu também? — disse, sua voz sem pressa, carregada de algo que se parecia com uma suspeita discreta.

— A oscilação atravessou os selos do oitavo plano — respondeu a mulher que surgiu à sua direita. Alta, esguia, com uma beleza aguda como lâmina recém forjada. Os olhos dela não tinham cor, apenas reflexos. O vestido era negro como carvão polido, e movia-se em torno de si como se respirasse.

Chamava-se Lilithen — e poucos ousavam pronunciar seu nome sem uma camada de reverência.

— Ele nunca havia coletado tanta energia de uma só vez — continuou ela, aproximando-se da mesa. — Nem mesmo quando o soltamos em cidades maiores. Paris. Istambul. Buenos Aires. Nada se compara a isso.

Arael passou a língua pelos lábios, lentamente. Ainda tocava a orbe, mas agora com mais firmeza.

— Há algo errado — disse. — Isso não é apenas fome saciada. É… uma quebra de padrão.

— Emoção?

— Talvez. Ou ligação.

Lilithen arqueou uma sobrancelha, apenas o suficiente para mostrar o quanto aquilo a incomodava.

— Você o criou para ser um condutor. Um receptáculo. Uma fenda entre mundos que você poderia controlar com precisão. Se ele está criando laços, isso compromete tudo.

— Ou acelera — murmurou Arael, finalmente retirando a mão da esfera. Ela ainda brilhava. Vibrava em tom grave, como um coração batendo sob o vidro.

— Expanda isso — ela pediu, cruzando os braços, as unhas curvadas como garras escondidas.

— Emoção é energia. Ligação emocional, então, é um nó. Um ponto de pressão. Pode ser fraqueza, sim. Mas também pode ser alavanca. — Ele se levantou, alto, esguio e de beleza gasta pela eternidade. Os chifres dourados como coroas quebradas cintilaram à meia-luz. — Se Caelus está se prendendo a alguém, podemos usar isso. Ou destruí-lo por completo, caso saia do controle.

Lilithen caminhou até a outra extremidade da mesa. Seu olhar se fixou na esfera.

— Ele sabe que ainda está conectado a você?

— Não com clareza. O selo no pescoço permanece. A energia que ele coleta ainda chega até mim. Mas… ele tem agido de forma instável.

— Instável como?

— Ele resistiu à programação.

Lilithen encarou Arael com mais atenção agora.

— Isso não deveria ser possível.

— E, no entanto, aqui estamos. — Arael se virou, os passos lentos, as mãos cruzadas nas costas. — Talvez… a matéria que usamos não fosse tão inerte quanto julgamos. Talvez a alma que se formou naquele corpo seja mais do que um mero acidente.

O silêncio caiu denso por alguns segundos. A orbe, agora menos intensa, ainda lançava pulsos de luz. Como se o eco do que quer que tivesse ocorrido ainda vibrasse entre planos.

— Você se apegou a ele — acusou Lilithen, embora sua voz não tivesse raiva. Apenas uma análise afiada.

Arael não respondeu. O olhar fixo na estante à frente, onde livros de pergaminho ardiam em palavras invisíveis.

— Caelus foi o único experimento viável. O único que sobreviveu, o único que aprendeu. Ele carrega minha essência. E agora… algo o tocou. Algo o desestabilizou. Um humano, talvez.

— Vai interferir?

Arael se virou lentamente. Um sorriso seco apareceu em sua boca, sem alcançar os olhos.

— Ainda não. Quero ver até onde ele vai por vontade própria.

— E se ele quebrar?

Arael se aproximou novamente da esfera, os dedos roçando o cristal com delicadeza.

— Então reconstruiremos com as cinzas. Como sempre fizemos.

Mas em sua voz havia algo mais. Uma nota tênue de dúvida. De… fascínio. Porque, no fundo, mesmo Arael — o mestre, o criador, o calculista — sabia que algo havia saído do previsto.

E parte dele queria ver onde isso terminaria.

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Capítulo 1
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Doce Inanição

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Nathan jamais esperou encontrar o amor na forma de um íncubo. Muito menos descobrir que ele tinha um lado doce, um senso de humor duvidoso e uma tendência incorrigível a usar lingerie como forma...

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