Capítulo 6
A noite parecia suspensa entre o mundano e o inesperado, como se o ar carregasse a antecipação de algo que ainda não se deixava nomear. Nathan ajeitou a gola da camisa pela terceira vez enquanto esperava do lado de fora do apartamento onde Cael agora vivia. Não sabia o que esperar — ou talvez soubesse, mas se recusava a admitir o quanto aquela expectativa o deixava nervoso.
Fizera a pesquisa com um misto de curiosidade e zelo: um bar fora do centro, discreto, frequentado por um público que flertava com o limiar entre o teatral e o real.
Ali, pessoas se vestiam como lobisomens, vampiros, fadas, até demônios — às vezes por fetiche, outras vezes por brincadeira e, em algumas ocasiões… ele não tinha certeza.
Era o lugar perfeito para Cael, pensou. Um espaço onde ele poderia ser visto como era, sem precisar esconder chifres ou cauda, sem o desconforto disfarçado de sarcasmo. Nathan apenas não dissera a Cael o real motivo de tê-lo escolhido. Parte de si queria ver a reação dele, e outra parte… queria entender algo mais profundo sobre aquela criatura que dizia não saber como querer.
A porta se abriu, e Cael surgiu emoldurado pela penumbra do corredor, como se tivesse acabado de sair de uma pintura decadentista. Vestia algo que era, definitivamente, bonito — mas também excessivo. A camisa de tecido leve, semi-transparente, colava-se ao peito nu sob a luz fraca, e a calça justa, de couro escuro, parecia feita para provocar. Os chifres estavam visíveis, erguidos com o orgulho natural de quem nunca soube o que era se esconder. A cauda, livre, balançava com um descompromisso quase preguiçoso. Os olhos, no entanto, buscavam Nathan com um brilho que misturava expectativa e cautela.
— Você disse que era um encontro — a voz de Cael era baixa, quase defensiva — e… bem, é assim que eu vou a encontros. Normalmente.
Nathan tentou, com todas as forças, não deixar que a surpresa estampasse seu rosto. Engoliu a reação com um sorriso tranquilo.
— Você está… ótimo.
E estava. Embora o visual gritasse desejo, havia algo mais ali, algo involuntariamente vulnerável. Como se aquele fosse o melhor que Cael conseguia fazer para se apresentar diante de alguém de quem, mesmo sem entender, queria algo mais que apenas prazer.
Cael arqueou uma sobrancelha, desconfiado.
— Você não vai perguntar nada?
— Eu disse que era um encontro. Você interpretou como quis. E eu… gosto da sua interpretação.
O demônio sorriu levemente, e os ombros relaxaram.
O trajeto até o bar foi tranquilo, pontuado por observações dispersas de Nathan e silêncios confortáveis. Cael parecia mais calado que o usual, como se absorvesse o ambiente com uma sensibilidade incomum. Observava a cidade com olhos atentos, mas não havia urgência em seus gestos, tampouco o sarcasmo habitual. Talvez estivesse tentando entender o significado daquela noite. Ou talvez estivesse apenas… curioso.
Ao chegarem ao bar, as luzes de néon desenhavam contornos etéreos sobre a fachada, como feitiços lançados para atrair quem não se encaixava perfeitamente no mundo diurno. A porta de entrada exibia um letreiro metálico com formas fantásticas — um dragão e uma mulher serpente entrelaçados — e, ao entrarem, Cael parou, os olhos percorrendo o salão amplo onde a música baixa criava uma atmosfera quase onírica.
Criaturas de todos os tipos dançavam, bebiam e conversavam entre névoas artificiais e iluminação vermelha e azul. Havia vampiros com dentes postiços, fadas com asas articuladas, lobisomens com maquiagem detalhada. Mas também havia aqueles que… não pareciam estar fantasiando.
Cael virou-se lentamente para Nathan, o cenho levemente franzido.
— Isso é…
— Um lugar onde você pode ser você mesmo — respondeu Nathan calmamente — sem truques. Sem feitiços. Só… Cael. Do jeito que quiser.
Por um instante longo demais, Cael não disse nada. Os olhos passeavam pelo ambiente com algo que Nathan reconheceu como confusão — mas havia também uma pontada de comoção silenciosa. Como se aquilo, aquela permissão de existir sem o peso de se disfarçar, fosse mais estranho para ele do que qualquer encantamento.
— Você planejou isso? — perguntou, finalmente.
— Um pouco — admitiu Nathan — fiz uma pesquisa. Achei que você gostaria. Ou, pelo menos, que se sentiria mais… livre.
Cael piscou devagar. Depois, riu. Um riso breve, surpreso. E, sem dizer mais nada, avançou pelo salão com a cauda ondulando atrás de si, olhando tudo com um fascínio genuíno, quase infantil.
Nathan o seguiu, observando enquanto ele interagia com o ambiente com uma leveza rara. Pela primeira vez, Cael não parecia performar. Havia algo autêntico em seu modo de observar as pessoas — uma curiosidade crua, sem a intenção de seduzir ou dominar. Apenas ver. Sentir. Estar.
—–
O bar exalava um perfume denso de mistério e nostalgia, como se cada canto escondesse histórias que o mundo de fora jamais acreditaria. Nathan sentou-se em um dos bancos altos, próximo ao balcão de madeira escura, onde uma figura com presas perfeitamente entalhadas — reais ou artificiais, ele ainda não sabia dizer — preparava drinks com movimentos ritmados, quase cerimoniais. A música, uma mistura de jazz sombrio e eletrônico sutil, preenchia o ambiente como uma névoa espessa, pulsando em sintonia com as luzes de néon que tingiam a penumbra com tons de vinho e ametista.
— Um drink vermelho, sem álcool, com aparência dramática. — Pediu ele ao barman, pensando em Cael.
A criatura atrás do balcão assentiu com um sorriso vagamente animalesco. Nathan passou os dedos pelo vidro úmido do copo diante de si, distraído. O espaço vibrava de energia, mas havia algo inquietante por trás do encanto — um sentido agudo de que ali as aparências não mentiam, apenas disfarçavam uma verdade mais profunda. E Cael ainda não havia retornado.
Quando finalmente voltou do banheiro, Nathan mal o reconheceu por um instante. Não porque fosse irreconhecível, mas porque a imagem diante dele parecia ter sido arrancada de uma pintura renascentista sobre o pecado. Cael não usava mais qualquer disfarce: a pele reluzia como veludo sob a luz, os chifres curvos projetavam-se com a naturalidade orgulhosa da cabeça, e a cauda oscilava com uma elegância distraída. Os olhos, de um âmbar profundo, pareciam carregar séculos de jogos e segredos e, quando se fixaram em Nathan, a intensidade foi quase palpável.
— Para mim? — Disse Cael, tomando o copo com um sorriso enviesado.
Nathan assentiu, contendo um comentário óbvio sobre a transformação.
— Bonito. Como sempre.
Cael deu um gole preguiçoso, mantendo os olhos nele. Depois, inclinou-se, o corpo se curvando com uma proximidade calculada, o hálito quente roçando a orelha de Nathan como uma promessa não dita.
— Você sabe que eles não estão fantasiados, certo?
Nathan virou o rosto, surpreso.
— Como assim?
Cael se afastou um pouco, apenas o suficiente para que seus olhos pudessem encontrar os de Nathan.
— Eles são reais. As fadas, os lobos, os vampiros. Não todos, claro. Mas alguns, os que se misturam tão bem que parecem um pouco… errados? Esses são verdadeiros.
Nathan piscou, tentando recompor a racionalidade.
— Mas… como você sabe?
Cael sorriu como quem se diverte com a ingenuidade do outro.
— Eu reconheço os meus. Os disfarces são úteis, mas há detalhes que não se imitam: movimento, cheiro, a forma como ocupam o espaço. Você não notou? As fadas se movem como se o chão as repudiasse. Os vampiros… eles escutam demais.
Nathan olhou ao redor, agora com outra lente. Começou a perceber o que antes lhe escapava — o modo como uma figura andrógina no canto piscava com olhos pupilares demais para serem cosméticos, ou como a pele de uma mulher de asas parecia brilhar de dentro para fora.
— Por que você foi ao banheiro? — perguntou ele, voltando-se para Cael. — Se pode ser você mesmo aqui, por que não saiu assim desde o começo?
Cael apoiou os cotovelos no balcão, girando o copo com indiferença.
— Porque ainda há humanos aqui. Alguns vêm por fetiche, outros por tédio… e outros só porque não sabem que o mundo não é só o que parece. Locais como este são zonas cinzentas. Oferecem exatamente o que a humanidade espera: algo que possa ser explicado como brincadeira. Um jogo. Um teatro. Mas nem todos no palco estão atuando.
Ele tomou mais um gole e acrescentou, com um brilho malicioso nos olhos:
— É o tipo de mentira que agrada aos dois lados. Eles fingem que não acreditam, nós fingimos que somos só encenação.
Nathan esfregou a nuca, um pouco desconcertado.
— Isso é insano.
— É? — Cael o observava com atenção agora, como se examinasse as reações dele mais do que o conteúdo da conversa. — Você está sentado ao lado de um demônio, em um bar onde vampiros bebem sangue diluído e fadas vendem poeira embriagante no banheiro. E ainda acha que a insanidade está na estrutura?
Nathan soltou um riso breve, tenso.
— Quando você coloca assim…
— Eu sempre coloco assim. — Cael inclinou-se mais uma vez, mas agora havia algo mais sério em sua expressão, como se testasse os limites do que Nathan podia suportar. — Você não parece assustado.
Nathan o encarou de volta.
— Talvez porque… você é a única coisa realmente assustadora aqui.
A resposta pareceu agradá-lo. Cael sorriu com os lábios, mas nos olhos havia algo mais escuro — um prazer silencioso diante de alguém que não recuava. Ele girou no banco, ficando de frente para Nathan, as pernas cruzadas de forma estudada, mas o corpo relaxado.
— Como você encontrou este lugar? — perguntou ele, com genuína curiosidade agora.
Nathan hesitou por um momento.
— Minha irmã. Ela é obcecada por coisas sobrenaturais. Bruxaria, lendas urbanas, fóruns sobre criaturas místicas… Disse que este bar era — o mais próximo que a gente chega de Nárnia em um sábado à noite. Achei que podia ser interessante. Para você.
Cael não respondeu de imediato. O nome “irmã” pareceu provocar uma reação silenciosa — algo que talvez se assemelhasse à inveja ou apenas estranhamento. Depois, com um gesto quase afetuoso, tocou de leve o ombro de Nathan.
— Você continua tentando me entender.
— Todo esse tempo dizendo que não se importa, que não quer entender os humanos… e ainda assim você está aqui, comigo. Escolhendo mostrar sua verdadeira forma.
— Só porque me mostro não significa que sou compreensível. — A voz de Cael saiu mais baixa, mas carregada de algo mais denso.
Nathan assentiu devagar.
— Eu não quero te entender como quem desmonta um relógio. Só… saber quem você é quando ninguém está olhando.
Cael o encarou por longos segundos, e nesse olhar havia algo que não era flerte nem sarcasmo. Algo nu. Cru. E talvez, pela primeira vez, sem defesas.
Depois, desviou o rosto, rindo baixinho.
— Então você me trouxe ao único lugar do mundo onde posso ser um monstro… só para ver se sou mais do que isso.
Nathan não respondeu. Mas o silêncio entre eles, carregado e suave, era mais eloquente do que qualquer explicação.
—–
Seus lábios colidiram com os de Cael num beijo feroz, faminto. Um gemido rouco escapou da garganta de Cael enquanto seu corpo se arqueava, rendido à dança febril que suas bocas travavam. As mãos de Nathan exploraram seu torso, subindo pela lateral até erguer a blusa de Cael, revelando os mamilos marcados por piercings metálicos.
— Você gosta deles — murmurou Cael, com um sorriso provocante.
Nathan não respondeu. Em vez disso, provocou os piercings com os dedos, arrancando de Cael um suspiro agudo e trêmulo.
Seus lábios então desceram pelo pescoço do íncubo, saboreando o gosto salgado da pele aquecida. Beijou um caminho até seu peito, a língua deslizando lentamente sobre os piercings. Cael gemeu de novo, os dedos enterrando-se nos cabelos de Nathan.
Quando Nathan chegou à curva dos quadris, parou por um instante, os olhos se erguendo para encontrar os de Cael.
A respiração do íncubo era curta, quase irregular, enquanto se apoiava pesadamente no balcão da cozinha, o corpo ainda tremendo. Sua pele alva brilhava com uma fina camada de suor. Ele encarou Nathan com os olhos semicerrados, um sorriso torto brincando nos lábios.
— O que está esperando? — A voz saiu baixa, carregada de desejo, como um ronronar que percorreu a espinha de Nathan como eletricidade.
Cael abriu ligeiramente as pernas, revelando a entrada úmida e pulsante, um convite claro, impossível de ignorar.
Os olhos de Nathan escureceram. Seu corpo inteiro respondeu. Os ombros se retesaram quando ele se aproximou, devagar.
— Cael… — sussurrou, a voz rouca, carregada de tensão. Estendeu a mão, os dedos roçando a pele firme do quadril do íncubo, e o toque pareceu acender algo em ambos.
Cael sorriu, seus próprios dedos descendo pelo peito de Nathan até alcançarem o cós da calça. Com uma lentidão calculada, abriu o zíper, libertando o membro pulsante de Nathan.
— Coloque dentro — ordenou, sua voz carregada de sedução, sem deixar espaço para dúvidas.
Nathan arfou, o corpo respondendo antes da mente. Não havia resistência, não com aquele olhar. Com um gemido contido, ele se posicionou contra a entrada de Cael, as mãos agarrando o balcão de cada lado dos quadris do íncubo em busca de apoio.
Ao empurrar para dentro, ambos gemeram, a sensação intensa demais para ser contida. O interior de Cael era quente, apertado, e Nathan teve que parar, a testa encostada no ombro dele enquanto tentava se estabilizar.
— Você é… incrível — murmurou, a voz embargada pela necessidade de se controlar.
As unhas de Cael cravaram nos ombros de Nathan, sua respiração se tornou ofegante.
— Não pare — implorou, os quadris se movendo em um incentivo sútil, faminto. — Por favor, Nathan… eu quero você.
Nathan não hesitou mais. Começou a se mover, devagar no início, dando tempo para ambos se ajustarem. Mas os gemidos de Cael tornaram-se mais urgentes, mais famintos, e o ritmo de Nathan acompanhou, os quadris batendo contra o corpo do íncubo com intensidade crescente.
A cozinha encheu-se dos sons da entrega — os suspiros carregados de Cael, os grunhidos roucos de Nathan, o som molhado de seus corpos se encontrando sem trégua. O ar estava pesado com o cheiro da excitação, e o aroma inebriante de Cael parecia envolver Nathan por completo, mergulhando-o mais fundo na necessidade.
A cabeça de Cael tombou para trás, os traços delicados contorcendo-se de prazer.
— Sim… sim… — repetia, quase cantando, a voz embriagada. — Assim mesmo… não pare…
As mãos de Nathan deixaram o balcão e se firmaram nos quadris de Cael, segurando-o com força, aprofundando cada investida. Cael ergueu uma perna, envolvendo Nathan, puxando-o mais fundo.
O calor dentro de Nathan crescia, uma pressão avassaladora aumentando a cada estocada. Seus olhos se prenderam nos de Cael, e por um instante, o mundo ao redor deixou de existir.
— Cael… — arfou, a voz trêmula entre a admiração e o desespero. — Eu… eu vou…
— Goze — interrompeu Cael, num sussurro rouco e carregado de desejo. — Quero sentir você… inteiro.
Foi o suficiente. Nathan gritou, o corpo estremecendo ao gozar profundamente dentro de Cael. O íncubo sorriu, os olhos fechados, o prazer estampado no rosto enquanto sentia a liberação quente preenchê-lo por dentro.
Mas ele ainda não tinha terminado.
As mãos de Cael subiram até o rosto de Nathan, puxando-o para um beijo intenso, ardente, enquanto seus quadris ainda se moviam, sugando até a última gota de prazer. Quando finalmente se afastaram, os dois estavam ofegantes, as testas encostadas, os corpos colados em exaustão compartilhada.
— Você é… inacreditável — murmurou Nathan, os olhos ainda fechados, a voz embargada de reverência. — Nunca… senti nada assim.
Cael riu baixinho, os dedos deslizando preguiçosamente pelo peito suado de Nathan.
— E você ainda não viu tudo que eu posso fazer — provocou, com um brilho selvagem nos olhos.
O corpo de Nathan ainda tremia, o membro enterrado fundo dentro de Cael, as últimas ondas do orgasmo se desfazendo lentamente. Mas o íncubo ainda o envolvia com firmeza, os músculos internos contraindo-se em pulsações suaves, como se quisesse sugar até o último resquício de energia.
Nathan soltou um suspiro entrecortado, os olhos cerrados, perdido na sensação — e no íncubo que o mantinha preso entre os próprios dedos como se fosse dele.
— Você ainda está duro, Nathaniel — ronronou ele, a voz baixa, carregada de desejo.
Cael moveu os quadris mais uma vez, e Nathan gemeu ao sentir o pênis se contrair dentro do calor úmido e apertado que ainda o envolvia. O corpo dele permanecia hipersensível; cada movimento provocava ondas elétricas de prazer que percorriam sua espinha. Ele sentia a pressão firme de Cael ao seu redor, mantendo-o duro, mantendo-o preso.
Só quando Cael pareceu satisfeito por ter extraído até a última gota, ele se afastou lentamente, sua entrada latejando, melada e brilhante com o sêmen que pingava devagar.
Nathan mal teve tempo de recuperar o fôlego. Ainda encostado ao balcão, observou atordoado quando Cael se ajoelhou no chão, entre suas pernas. As mãos de Nathan vacilaram ao tentar tocar o rosto dele, mas Cael segurou seu pulso com suavidade, guiando-o para longe.
— Cael… — murmurou ele, a voz rouca, os pulmões buscando ar. — O que você está fazendo?
O sorriso que curvou os lábios de Cael era puro veneno doce. Seus olhos estavam sombrios e famintos quando ele projetou a língua, revelando sua forma inusitada — longa, bifurcada como a de uma serpente. Ele passou a ponta pelos próprios lábios, saboreando antecipadamente a visão do membro de Nathan, ainda rígido e sujo do gozo anterior.
— Posso? — murmurou ele, os olhos fixos nos de Nathan.
Nathan assentiu em silêncio, incapaz de articular qualquer palavra.
Sua respiração falhou no mesmo instante em que os lábios de Cael tocaram a ponta do seu pênis. Uma gota de esperma ainda brilhava ali, e a língua bifurcada do íncubo disparou para pegá-la. Os olhos dele se fecharam enquanto saboreava, e o gemido baixo que escapou de Nathan foi involuntário, um reflexo puro do prazer.
Cael riu, o som abafado, e o calor de sua respiração provocou arrepios na pele sensível de Nathan. A língua se estendeu novamente, colhendo outra gota do eixo com precisão luxuriosa.
Nathan só conseguia assistir, o coração acelerado, os músculos tensos, enquanto a boca de Cael se fechava em volta da cabeça do seu pênis. Os lábios do íncubo eram suaves, a língua — quente, hábil — o envolvia com movimentos lentos e calculados, sem jamais desviar o olhar.
— Cael… você é… bom demais… — engasgou Nathan, os dedos mergulhando nos cabelos de lavanda como se agarrar-se a ele fosse a única âncora possível.
Cael apenas cantarolou em resposta, e a vibração reverberou como um choque de prazer direto na espinha de Nathan. Ele aprofundou o boquete com destreza, fazendo a língua girar em torno do eixo antes de deslizá-lo mais fundo. Os quadris de Nathan se retesaram ao sentir os lábios de Cael alcançando a base, e a garganta quente se abrir para recebê-lo por completo.
— Você fica tão bonito assim — sussurrou Cael, afastando-se só o suficiente para falar, a boca ainda roçando o pênis pulsante. — Não me canso de você.
Nathan arfou quando Cael o engoliu de novo, a garganta contraindo ao redor da cabeça. Ele sentia o clímax se aproximando, a tensão crescendo em ondas que ameaçavam explodir a qualquer segundo.
— Cael, eu… eu vou…
Mas Cael recuou no último momento, seus lábios se afastando com um estalo úmido e suave.
— Ainda não. — Murmurou, a voz um sussurro felino, cheio de promessas. Passou a língua pelos próprios lábios, os olhos escurecidos pela fome.
Levantou-se com fluidez e graça, cada movimento intencional, como se seu corpo fosse uma sinfonia de tentações. Então se inclinou sobre o balcão, o quadril empinado num convite silencioso. O cabelo cor de lavanda deslizou pelas costas como um véu sedoso, criando um contraste hipnótico com a pele úmida de suor.
O ar da cozinha estava impregnado pelo cheiro quente de sexo, suor e desejo. A respiração de Nathan travou na garganta enquanto absorvia a visão — e se perdia completamente nela.
— Cael… — A voz de Nathan saiu rouca, as mãos trêmulas ao tocarem a pele lisa e fria das costas do íncubo, exposta sob a luz branda da cozinha. — Tem certeza?
Cael virou levemente a cabeça, os olhos escuros encontrando os de Nathan com uma intensidade crua. Havia fome ali — uma necessidade urgente e incontida que fez o coração de Nathan disparar.
— Sim, Nathan — sussurrou ele, com a voz baixa e aveludada. — Eu quero você. Inteiro.
O peito de Nathan se apertou diante da vulnerabilidade disfarçada nas palavras de Cael. Ele enxergava a verdade por trás daquele olhar — o desejo nu e o medo mal escondido. Ele está com medo, percebeu. Medo de se abrir. De ser visto de verdade. Mas Nathan não deixaria esse medo vencer. Não com ele.
Aproximou-se por trás, as mãos firmes nos quadris de Cael, guiando-o suavemente. O corpo do íncubo, tenso contra o balcão, irradiava calor; seus músculos tremiam, entre expectativa e tensão.
— Se for demais, me diga. — Murmurou Nathan, a voz baixa, mas segura.
Cael assentiu com um aceno breve, e sua respiração ficou suspensa quando Nathan começou a pressionar-se contra ele. A entrada de Cael o envolveu com um calor quase sufocante — apertado, quente, como se o puxasse para dentro. Nathan gemeu baixinho, os dedos afundando nos quadris de Cael enquanto se enterrava mais fundo, controlando o impulso de ir rápido demais.
— Porra… — ofegou Cael, a voz trêmula de prazer.
Cada estocada enviava ondas de prazer através dos dois, e Cael arqueava-se contra ele, seus gemidos ecoando pela cozinha abafada. O som da pele contra pele se misturava ao de respirações ofegantes e suspiros quebrados. Nathan sentia a pressão crescendo dentro de si, mas se forçava a conter-se — queria saborear cada segundo, queria levar Cael com ele até o fim.
— Você é tão bom… — gemeu Nathan, a voz embargada pelo esforço. — Cael, você é… incrível.
A respiração de Cael falhou, e seu corpo estremeceu. Ele está falando sério, pensou, com um aperto no peito. Ele realmente acredita nisso. Não era algo que Cael estava acostumado a ouvir — e aquilo o desarmava de um jeito que doía.
Nathan se movia com mais força agora, os quadris golpeando com precisão. Cael se curvava para trás, a testa encostando no frio do balcão enquanto tentava se manter de pé, cada impulso o empurrando mais fundo no abismo do prazer.
— Nathan… — arfou, com a voz embargada. — Eu… estou perto…
As mãos de Nathan deslizaram dos quadris para os ombros, puxando-o suavemente para trás, pressionando o corpo de Cael contra o seu. O calor que os envolvia parecia vir de dentro — bruto, visceral.
O corpo de Cael tremeu quando atingiu o clímax, o gemido preso na garganta enquanto a liberação o invadia em ondas devastadoras. O aperto de Nathan aumentou, e ele veio logo em seguida, um calor espesso preenchendo Cael, fazendo ambos ofegarem sob a intensidade do momento.
Ficaram assim por instantes — ofegantes, os corpos colados, os músculos ainda tensos, a cozinha mergulhada no cheiro de suor, sexo e algo mais denso. Nathan repousava contra as costas de Cael, os dedos traçando o contorno de seu peito, roçando de leve o piercing sensível.
— E então… como foi? — A voz de Cael veio baixa, arrastada, com um tom de provocação embutido. — Foder cada buraco desse incubo depravado?
Nathan abriu a boca, mas nenhuma palavra saiu. A mente ainda lutava para escapar da névoa densa que Cael deixara para trás — uma mistura embriagante de luxúria, vertigem e exaustão satisfeita.
Cael soltou uma risadinha — baixa, encantadora e cruel na medida certa — antes de empinar levemente o quadril, apenas o suficiente para arrancar de Nathan um gemido surpreso. Sentiu o membro do outro deslizar para fora, sensível, ainda úmido, num movimento quase imperceptível. Um som abafado e morno os envolveu por um instante.
— Ainda sinto você dentro de mim… — sussurrou, estendendo a mão para enroscar os dedos nos cabelos molhados de Nathan.
Nathan engoliu em seco, os dedos se fechando instintivamente na cintura de Cael — um gesto mais protetor que possessivo.
Fechou os olhos. Precisava respirar. Cada centímetro do seu corpo pulsava com a lembrança do que acabara de acontecer. Era gratificante. E ao mesmo tempo… aterrador.
Uma ponta de incerteza brotou, silenciosa. Nunca estivera com alguém como Cael. Tão visceral, tão imprevisível… tão exigente. Aquilo era eletrizante. E também um pouco assustador.
— Cael… — Sua voz saiu baixa, hesitante. — Você está bem?
Cael virou o rosto por sobre o ombro, procurando os olhos dele. Havia algo naquele olhar — uma vulnerabilidade crua — que fez Nathan perder o fôlego por um segundo.
— Eu… acho que sim — respondeu, quase num sussurro, os dedos ainda brincando nos fios úmidos da nuca de Nathan. — Quer dizer… nunca me senti assim antes. Foi… bom. De verdade.
Nathan ergueu a mão, afastando delicadamente o cabelo lavanda que grudava nas costas de Cael, só para deixar um beijo calmo sobre sua pele quente.
— Me deixa estar aqui com você — murmurou, com uma ternura que fez o peito de Cael se apertar.
A respiração dele falhou. O coração acelerou no mesmo instante.
“Ele está falando sério…”, pensou, o pensamento quase sussurrado dentro de si. “Ele realmente está falando sério.”
Nathan se inclinou, roçando os lábios nos de Cael com um beijo suave, hesitante.
— Cael…
Os olhos do íncubo se fecharam devagar enquanto retribuía o gesto, os batimentos ainda irregulares.
O silêncio se estendeu por um instante — denso, íntimo. Até que, num rompante quase inconsciente, Cael quebrou o clima com uma risada breve, escapando pelos lábios ainda entreabertos.
— A gente devia ir pra cama… — disse, sem cerimônia, um brilho provocativo nos olhos. — Eu sei que fui eu quem te atacou na cozinha, mas… merecemos uma superfície um pouco mais macia.
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Doce Inanição
Nathan jamais esperou encontrar o amor na forma de um íncubo. Muito menos descobrir que ele tinha um lado doce, um senso de humor duvidoso e uma tendência incorrigível a usar lingerie como forma...