Capítulo 155: Anúncios Fúnebres
Wu Ruo presumiu que Wu Yu e Ruan Lanru haviam voltado aos seus aposentos com a Família Wu. Yeji tinha saído para capturar Wu Yu, mas retornou em menos de um quarto de hora com a Pedra Sanqi em mãos. Não havia nenhum sinal de Wu Yu.
Jixi cruzou os braços e perguntou, irritado:
— Por que você trouxe só a Pedra Sanqi? Onde está o homem que a roubou?
— Eles estão organizando um funeral. Não é fácil levar alguém embora no meio de tanta gente — explicou Yeji.
A Pedra Sanqi era do tamanho de uma bola de futebol. Wu Ruo perguntou:
— Posso dar uma olhada?
— Depois de tanto tempo com o Eggie, você ainda não viu o suficiente? — zombou Jixi.
— Mas eu nunca vi a Pedra Sanqi antes de ela se transformar em uma pessoa.
Yeji lhe entregou a pedra.
Wu Ruo imaginava que a Pedra Sanqi fosse pesada, mas ficou surpreso ao segurá-la e notar que pesava como uma bola comum. Sua textura era suave, resistente e macia como a pele de um bebê.
Ele não resistiu e cutucou a pedra com o dedo, perguntando:
— Tem certeza de que isso é mesmo uma pedra? Por que é tão macia?
Jixi revirou os olhos.
— Ninguém disse que a Pedra Sanqi é uma pedra de verdade. Se fosse, como ela se fundiria com sangue e carne até virar um bebê?
Hei Xuanyi, curioso, estendeu a mão para tocar a Pedra Sanqi.
Wu Ruo olhou para ele, depois para a pedra, e de repente se lembrou do sonho que tivera na Cidade de Gaoling — no qual Hei Xuanyi moldava uma esfera branca muito parecida com a Pedra Sanqi. Será que…?
Não! Impossível.
Ele havia sido transportado antes da Pedra Sanqi sequer ser criada em sua vida passada. Em teoria, não sabia o que havia acontecido depois que partiu.
Talvez fosse apenas coincidência que a Pedra Sanqi se parecesse com a esfera branca do sonho.
— O que foi? — perguntou Hei Xuanyi, percebendo algo estranho em Wu Ruo.
— Nada — respondeu Wu Ruo, segurando a mão de Hei Xuanyi.
No fundo, ele sabia que o motivo pelo qual negava que a Pedra Sanqi fosse a mesma do sonho era porque não queria acreditar que Hei Xuanyi morreria e desapareceria logo após ser transportado.
Hei Xuanyi puxou Wu Ruo para o colo, enquanto os olhos deste se enchiam de lágrimas.
Jixi pensou em zombar do casal por demonstrar afeto em público, mas sentiu que não era apropriado naquele momento. Para ser sincero, os invejava.
Ele lançou um olhar a Yeji, que o observava com um brilho apaixonado nos olhos.
Jixi desviou o olhar, como se aquele olhar amoroso o queimasse. No instante seguinte, foi puxado para os braços de Yeji.
Sua mente ficou em branco. Quando estava prestes a se esquivar, Yeji se inclinou e sussurrou em seu ouvido:
— Não atrapalhe os dois.
— …
Yeji passou os dedos pelo rosto orgulhoso de Jixi, o que só o deixou mais irritado.
Pouco depois, a voz do porteiro quebrou o momento de intimidade:
— Senhor, a Família Wu enviou um anúncio fúnebre.
— Traga aqui — disse Hei Xuanyi.
O porteiro colocou o pergaminho sobre a mesa e explicou:
— O servo que trouxe o anúncio disse que a Família Wu da Cidade de Gaoling foi emboscada no caminho de volta para a Mansão Wu. Sessenta e duas pessoas morreram. Estão realizando um funeral no salão ancestral da família.
Wu Ruo não se surpreendeu nem um pouco com a notícia. A Família Wu da Cidade de Gaoling era gananciosa demais — mais cedo ou mais tarde, seriam alvos.
— Avise meus pais.
Eles seriam obrigados a ir ao funeral, afinal, ainda tinham laços com a Família Wu.
— Sim, senhor.
Logo, Wu Qianqing, Guan Tong e Wu Xi chegaram apressados ao salão.
— Ruo, ouvi dizer que seu bisavô e outros membros da família morreram. É verdade? — perguntou Wu Qianqing.
— Suponho que sim — respondeu Wu Ruo, entregando o pergaminho ao pai. — Muita gente morreu. O avô está entre eles.
O corpo de Wu Qianqing estremeceu. Ele deu uma olhada rápida no anúncio. Além de seu pai, também haviam morrido seu irmão mais velho Wu Qianjing e sua esposa Sang Dongyi, o quarto irmão Wu Qianbing e sua esposa Liao Liuyan, a quinta cunhada Dong Mingji, o sobrinho mais velho Wu Anqi, o sétimo sobrinho Wu Xiao e a oitava sobrinha Wu Yun.
Todos os moradores do Pátio Oeste haviam morrido. No Pátio Norte, apenas Wu Anshu e Wu Qianheng sobreviveram. Do Pátio Leste, só Wu Sheng havia escapado com vida. O restante da Família Wu da Cidade de Gaoling não resistiu. Quatro anciãos e suas famílias também estavam mortos.
Os únicos sobreviventes da Família Wu da Cidade de Gaoling que ainda estavam na Mansão Wu eram Mu Xiuwan, Wu Qianli, Ruan Lanru, Wu Qiantong, Wu Anyi, Wu Yu, Wu Hao, Wu Shi, Wu Bai, Wu Qianheng, Wu Anshu e Wu Sheng.
— Mas por quê? — Wu Qianqing já havia imaginado quem estava por trás de tudo e rugiu: — Isso foi cruel demais! Praticamente exterminaram a família!
— Devíamos ir agora ao salão ancestral — disse Guan Tong.
— Vamos.
Wu Qianqing, Wu Ruo e os demais seguiram até o pátio onde estavam hospedados os membros da Família Wu da Cidade de Gaoling. Antes mesmo de entrarem, já podiam ouvir os lamentos.
As lágrimas brotaram dos olhos de Wu Qianqing, Guan Tong e Wu Xi.
Assim que entraram, viram diversos caixões alinhados no pátio.
— Vá ver seu pai pela última vez — disse Wu Bufang, aproximando-se com lágrimas nos olhos.
Wu Qianqing o encarou e perguntou:
— Vovô, o senhor sabe quem fez isso, não sabe?
Wu Bufang ficou paralisado.
Ele havia suspeitado que Wu Chenzi os estava ameaçando durante a competição de nível três. Planejava avisar os outros membros da família quando voltassem. Mas foram emboscados antes mesmo de retornarem. Mais de cem pessoas morreram naquele ataque — sessenta e duas eram da Família Wu, o restante, guardas.
Wu Qianqing suspirou e foi até sua mãe, Mu Xiuwan.
Assim que ela viu seu terceiro filho, desatou a chorar:
— Qianqing, seu pai…
Wu Qianqing a consolou:
— Mãe, não chore. Isso faz mal à sua saúde.
— Qianqing, você precisa descobrir quem matou seu pai e seus irmãos. Vingue-os!
O rosto de Wu Qianqing empalideceu, mas por fim assentiu com dificuldade.
Eles estavam de luto pelas vítimas… dentro da casa do assassino. Mas ele não podia contar isso à mãe.
— Qianqing, você, Qianli e Qiantong são tudo o que me resta — gritou Mu Xiuwan.
Wu Ruo teve um mau pressentimento ao ouvir aquelas palavras.
Guan Tong tentou consolar Mu Xiuwan, que chorava alto. Mas ela evitou sua mão.
Wu Xi aproveitou o momento para puxar Guan Tong e disse:
— Mamãe, quero ver a Wu Yun.
— Mm — assentiu Guan Tong.
Wu Ruo lançou um olhar atento para Mu Xiuwan e seguiu com Hei Xuanyi e Wu Xi para ver Wu Yun.
Quando Wu Bai os viu, disse com os olhos marejados:
— Tia, Ruo, Xi…
Wu Qiantong, que chorava pela morte de seu filho mais velho, Wu Xiao, virou-se bruscamente para gritar com Wu Ruo:
— O que você está fazendo aqui?! Está satisfeito agora que minha esposa, meu filho e minha filha estão mortos? Vá embora! Não precisamos da sua falsa piedade!
Todos os presentes voltaram os olhos para eles.
— Só quero ver Wu Yun pela última vez — disse Wu Xi, chorando.
— Malditos! Vieram aqui pra rir da minha cara! — berrou Wu Qiantong, fora de si. — Vocês não são bem-vindos aqui. Saiam daqui!
Wu Xi ficou furiosa com ele.
Se não fosse por respeito aos mortos, já teria arrastado Guan Tong dali. Ela não conseguia entender por que todos odiavam tanto os do Pátio Shuqing. A culpa fora dos tios, eles é que haviam provocado o Pátio Shuqing. E mesmo assim, agiam como se tivessem sido injustiçados.
— Pai, Wu Xi veio porque se importa com a gente — disse Wu Bai.
Wu Qiantong olhou para o filho e retrucou:
— Eles não se importam conosco. Bai, você foi enganado por eles.
— Por que fariam isso comigo? O que poderiam tirar de mim? Eles só querem chorar pela mamãe e por minha irmã!
— Sua mãe não se importa se eles vêm ou não.
Cansado da grosseria de Wu Qiantong, Wu Bai ergueu a voz e rugiu:
— Pai, chega!
Wu Qiantong ficou atônito. Era a primeira vez que o filho mais novo levantava a voz para ele.
Os olhos de Wu Bai estavam cheios de dor, e seu rosto pálido demonstrava profunda decepção com a própria família. Ele se levantou, encarou Wu Qianqing e disse com pesar:
— Fizemos coisas horríveis com Wu Ruo e com o tio Qianqing. A culpa foi nossa. E agora, em vez de assumirmos, estamos colocando a culpa neles. Já perdemos tudo. O que acha que eles podem ganhar tramando algo contra nós? Tudo o que querem é ver nossa família pela última vez. Por que você tem que impedir isso? Está satisfeito com o fato de ninguém vir chorar pelos nossos mortos?
— … — Wu Qiantong ficou sem palavras.
— … — Wu Ruo também.
O silêncio se espalhou, interrompido apenas pelos soluços.
Wu Bai se virou, curvou-se profundamente diante de Guan Tong e dos demais, e disse com a voz rouca:
— Tia, peço desculpas por tudo o que meu pai fez no passado. Espero que possa me perdoar.
— O que passou, passou. Não precisa mais mencionar — respondeu Guan Tong.
Wu Bai assentiu, os olhos cheios de lágrimas.
Wu Xi engasgou ao olhar Wu Yun dentro do caixão:
— É inacreditável que Yun tenha partido desse jeito…
Guan Tong tirou um lenço e secou as lágrimas que escorriam pelos cantos dos olhos. Ela se lembrava de quando segurava Wu Yun no colo, ainda criança… E agora, ver aquela menina ali, deitada dentro de um caixão, era algo difícil de aceitar.
Wu Ruo estendeu a mão para fechar os olhos de Wu Yun, que ainda estavam abertos mesmo após sua morte. Mas, por mais que tentasse, os olhos não se fechavam.
— Ela foi violentada na carruagem antes de ser assassinada — disse Wu Bai, com a voz embargada.
O olhar de Wu Ruo se encheu de frieza. Aquilo trouxe à tona a lembrança de como Guan Tong fora morta em sua vida anterior.
— Yun, descanse em paz. Vamos encontrar quem te matou e vingar sua morte — disse Wu Xi, em meio às lágrimas.
Ela tentou mais uma vez fechar os olhos de Wu Yun e, finalmente, conseguiu.
Wu Xi chorava copiosamente, cobrindo a boca com a mão.
Guan Tong soltou um grito de dor.
Wu Ruo, por sua vez, mesmo diante de tantos parentes mortos, não sentia pesar algum.
Enquanto sua mãe e irmã se entregavam à tristeza, ele foi envolvido nos braços de Hei Xuanyi e retirado do pátio.
— Não estou triste. Na verdade, estou feliz — sussurrou Wu Ruo, passando os braços em volta da cintura de Hei Xuanyi.
Sentia-se aliviado por a maior parte da Família Wu ter finalmente perecido. E sabia que os sobreviventes não teriam um destino melhor.
Hei Xuanyi não disse nada. Apenas repousou a mão no ombro de Wu Ruo.
De repente, ouviu-se um som vindo do jardim, bem próximo.
Wu Ruo se virou e viu um homem agachado entre os arbustos, como se procurasse algo. Ele parecia frustrado por não ter encontrado o que queria e foi vasculhar outro jardim.
Wu Ruo finalmente conseguiu ver claramente o rosto do homem. Era Wu Yu.
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Comeback of the Abandoned Wife
Depois que Wu Ruo morreu, ele renasceu naqueles dias sombrios em que era o mais inútil e o mais gordo — justamente a versão de si mesmo que mais odiava.
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