Capítulo 164: Lamber o chão
— O que você prefere — fazer uma marionete viva ou uma marionete morta? — Wu Ruo continuou perguntando.
— Por que quer saber? — retrucou Sang Lun com seriedade.
Wu Ruo não respondeu à pergunta, apenas seguiu:
— Qual processo é mais cruel — transformar alguém vivo em marionete ou transformar um morto?
— … — Sang Lun.
— Essas eram todas as minhas perguntas. Se não responder, vai morrer junto com elas.
Quando o fantasma que os capturou se preparava para matá-los, Sang Lun lançou rapidamente:
— Se eu responder sua pergunta e fizer o favor que quer, você vai mesmo me deixar ir?
— Dou minha palavra — prometeu Wu Ruo.
Sang Lun pensou por um momento e decidiu confiar nele:
— Ba Se prefere transformar pessoas vivas em marionetes. Homens e mulheres bonitos com quem já brincou são sempre suas primeiras escolhas. E ele prefere fazer marionetes mortas, porque o processo de transformar um ser vivo em uma marionete morta provoca uma dor terrível — o que deixa Ba Se particularmente excitado.
Isso fez Wu Ruo se lembrar de Wu Xi, que possivelmente havia sido transformada em marionete por Ba Se em sua vida passada.
Ele lançou um olhar frio a Ba Se e disse:
— O que você vai fazer é transformar Ba Se em uma marionete do jeito que ele mais gosta.
Ba Se teria que provar do próprio veneno — sentir na pele o que Wu Xi havia vivido ao virar marionete.
Todo o corpo de Ba Se começou a tremer. Ele sentiu no tom de voz de Wu Ruo que ele não estava brincando.
— Ugh… — Ele lutava com mais força, emitindo sons de puro desespero.
O que o deixava confuso era por que Wu Ruo o mataria sem um motivo aparente. Não podia ser por algo feito em Gaoling, já que seus planos nem tinham dado certo.
Sang Lun ficou um pouco surpreso.
— Vai fazer ou não? — o fantasma o empurrou.
— Ugh… — Ba Se virou-se para Sang Lun e balançou a cabeça, negando.
Wu Ruo olhou para Ba Se com um desprezo nítido no canto da boca.
— Não era divertido e emocionante fazer marionetes? Agora está com medo de virar uma?
— Tá bom! Eu faço — disse Sang Lun, rangendo os dentes.
As palavras de Sang Lun desabaram sobre Ba Se.
Mas era a escolha mais natural para qualquer ser humano: quando a vida está em risco, todo mundo pensa primeiro em si mesmo.
— Então comece — ordenou Wu Ruo.
— Mas eu não tenho ferramentas suficientes pra fazer marionetes — disse Sang Lun, franzindo o cenho.
— Essas aqui servem? — Wu Ruo mandou os guardas devolverem a bolsa de Sang Lun.
— Sim, servem — disse ele, segurando a bolsa com firmeza.
— Nem pense em me enganar. Estamos cercados de fantasmas e servos mortos. Você sabe que seus vermes não podem fazer nada contra eles — Wu Ruo o alertou.
— … — Sang Lun.
Wu Ruo ordenou que um dos guardas retirasse a venda dos olhos de Ba Se e o pano de sua boca.
Ba Se gritou para Wu Ruo, que já saía da sala:
— Wu Ruo! Eu nunca te fiz mal desde que nos conhecemos. Por que quer me matar agora?
— Faço isso pela justiça. É uma boa razão, não é? — respondeu Wu Ruo, olhando brevemente por cima do ombro.
— … — Ba Se.
Os fantasmas arrancaram toda a roupa de Ba Se, o amarraram em uma mesa e disseram a Sang Lun:
— Pode começar.
Sang Lun se aproximou de Ba Se e disse:
— Me desculpe, mestre.
Ba Se falou em desespero e pavor:
— Sang Lun! Eu sou seu mestre! Você não pode me transformar numa marionete!
Sang Lun não respondeu.
— Sang Lun! Você sabe que meu pai nunca vai poupar sua vida se fizer isso comigo!
Sang Lun tremeu levemente, mas retirou de sua bolsa as ferramentas para transformar alguém em marionete.
O rosto de Ba Se empalideceu.
Ele implorou, com a voz trêmula:
— Sang Lun, você não pode fazer isso comigo. Não pode me transformar em marionete!
— Mestre… Se o senhor não morrer, nós dois morremos.
Ba Se começou a chorar e implorar para Wu Ruo, que já havia saído do recinto:
— Wu Ruo! Por favor, estou te implorando. Me deixa ir. Eu faço o que você quiser. Juro! Prometo!
Wu Ruo olhou friamente para o homem que chorava e implorava.
— Termina logo com isso.
Sang Lun começou a cortar o corpo de Ba Se nos dedos dos pés, tornozelos, joelhos, dedos das mãos, pulsos, cotovelos e braços. Em seguida, retirou alguns vermes negros, sem carapaça, que secretavam uma película viscosa, e os colocou sobre os cortes.
Esses vermes rapidamente se enfiaram nas feridas, atraídos pelo cheiro de sangue fresco, e começaram a devorar o corpo de Ba Se por dentro.
— AAAAAHH! AAAAHHH!
Os gritos de Ba Se, de dor extrema, ecoaram pela noite. Os vermes logo se enfiaram sob a pele.
Os fantasmas ao lado podiam ver os vermes pretos se movendo por dentro dos olhos de Ba Se, uma visão arrepiante que fazia qualquer um ficar arrepiado.
Logo, círculos avermelhados começaram a surgir ao redor dos cortes pelo corpo de Ba Se.
De repente, Wu Ruo não conseguia mais ver nada.
— Já chega — disse Hei Xuanyi, cobrindo os olhos dele. Não gostava da ideia de o marido ficar olhando para um homem nu por tanto tempo.
— Mm. — O humor de Wu Ruo, naquele momento, oscilava entre o calor e o gelo. Ele se virou, abraçou Hei Xuanyi, lhe deu um beijo na bochecha, depois se aninhou em seus braços e disse: — Por que ele continua gritando desse jeito?
Sang Lun entendeu a indireta e fez um corte direto no cérebro de Ba Se.
Hei Xuanyi lançou um olhar gelado aos demais e saiu levando Wu Ruo nos braços.
— Minha senhora, capturamos dois homens — disse Hei Yin.
— Quem são eles? — perguntou Wu Ruo.
— São da Família Wu da Cidade de Gaoling. Os irmãos que já competiram com você no gelo.
— Pode deixá-los ir — disse Wu Ruo.
— Sim, senhora.
Hei Yin libertou Wu Sheng e Wu Xia.
No instante em que viu Wu Ruo, Wu Xia puxou uma espada e a apontou para ele:
— Wu Ruo, você não precisa fingir ser um bom homem comigo. Nem precisa se vingar por mim. Eu vou cuidar de Ba Se pessoalmente!
Eles haviam sido trancados no cômodo ao lado, por isso escutaram toda a conversa entre Wu Ruo, Sang Lun e Ba Se.
Hei Yin deu um chute na espada dele.
— Está enganado — disse Wu Ruo, com um sorriso de desprezo. — Eu não me vingo de quem já me fez mal. Hei Yin, leve-os daqui.
Os fantasmas vieram e arrastaram Wu Sheng e Wu Xia para fora.
Os gritos dentro da sala ainda continuavam, e demorou um tempo até que cessassem por completo.
Quando Ba Se finalmente se transformou em uma marionete, Wu Ruo e Hei Xuanyi já dormiam tranquilamente.
Quando Wu Ruo viu Ba Se com a mente em branco, ficou satisfeito com o resultado — mas não exatamente feliz.
Por um lado, ele queria que a tentativa falhasse, como Ba Se falhou ao tentar transformar Wu Xi em uma marionete em sua vida passada. Mas por outro lado, Ba Se ainda precisava continuar vivo… porque ainda era útil para o Mestre Numu.
Sang Lun entregou um pequeno sino a Wu Ruo e disse:
— Ele vai obedecer qualquer ordem sua assim que ouvir o som desse sino.
— Se joga no chão e lambe — disse Wu Ruo, chacoalhando o sino.
Ba Se se atirou ao chão sem hesitar e lambeu a terra como um cão.
— … — Sang Lun ficou em silêncio.
Pela primeira vez, ele viu um Mestre tão orgulhoso ser tão humilhado.
— É um grande sucesso — Wu Ruo não impediu Ba Se de continuar lambendo o chão e seguiu conversando com Sang Lun. — Sou o único que pode controlá-lo?
— Sim — Sang Lun explicou para provar que estava dizendo a verdade: — O sino dentro do corpo dele é a outra metade do que você tem na mão. É único no mundo.
Wu Ruo assentiu.
— Posso ir agora? — perguntou Sang Lun.
Wu Ruo olhou para o céu. Ainda não eram cinco da manhã. As ruas deviam estar desertas naquele momento. Seria seguro para ele ir.
— Pode ir agora.
Sang Lun ficou surpreso por Wu Ruo deixá-lo ir tão facilmente. Sem perder tempo, deixou a Mansão Hei.
Wu Ruo disse a Hei Gan:
— Espalhe a notícia de que Sang Lun está com a Arma Celestial. Depois, mande pessoas caçarem Sang Lun em nome de Wu Chenzi e o obriguem a entregar a arma. Lembre-se: não o matem. Ele precisa estar vivo.
— Entendido.
Depois de resolver tudo isso, Wu Ruo voltou ao quarto para pentear o cabelo de Hei Xuanyi e vesti-lo.
Hei Xuanyi ficou surpreso ao ver Ba Se lambendo o chão ao sair.
— Vamos tomar café da manhã depois de entregá-lo ao Mestre — disse Wu Ruo, apontando para o homem que lambia o chão.
— Mm — Hei Xuanyi concordou.
Wu Ruo disse a Ba Se enquanto agitava o sino:
— Lata como um cão e nos siga.
— Au! Au! — Ba Se latiu e engatinhou de barriga no chão atrás de Wu Ruo até o pátio de Numu.
Quando Numu viu Ba Se latindo, ficou chocado.
— O que aconteceu com ele?
— Pedi para Sang Lun transformá-lo em uma marionete — Wu Ruo respondeu brevemente.
Numu ficou boquiaberto e depois caiu na gargalhada.
— Ba Se, você nunca imaginou que este dia chegaria, não é?
Wu Ruo entregou o sino a Numu:
— Mestre, agora ele é todo seu. Pode matá-lo quando não precisar mais dele.
Dessa forma, Wu Ruo vingava Wu Xi por tudo o que havia sofrido em sua vida passada.
Numu pegou o sino e o balançou:
— Venha lamber meus sapatos.
Ba Se correu até Numu e lambeu os sapatos dele.
Wu Ruo disse, lançando um olhar rápido para Ba Se:
— Mestre, não confio totalmente em Sang Lun. Então, use seus vermes encantados para garantir que você possa controlá-lo.
— Você tem razão — Numu tirou um verme parecido com uma centopeia do bolso do cinto e o colocou na boca de Ba Se. Depois, disse aos companheiros para ficarem de olho nele enquanto ele, Wu Ruo e Hei Xuanyi iam ao refeitório tomar café da manhã.
Pouco depois, um porteiro veio informar:
— Senhor, senhora, tem gente gritando lá fora dizendo que Sua Senhoria matou o filho Yu. Estão esperando do lado de fora com o corpo dele.
Wu Ruo sabia que era Wu Qianli.
Isso significava que Wu Yu estava morto agora. Sua vingança por Wu Zhu, da vida passada, também havia sido concluída com sucesso.
Irmão, Xi… agora vocês podem descansar em paz.
A seguir, ele se vingaria do restante da Família Wu, de Ruan Zhizheng e de seu Mestre.
Ao pensar em Ruan Zhizheng e no Mestre dele, os olhos de Wu Ruo se tornaram frios. Ele não fazia ideia de onde eles estavam.
— Não se preocupe com eles — disse Hei Xuanyi.
— Sim.
O porteiro voltou ao seu posto no portão, ignorando Wu Qianli e Ruan Lanru.
Ruan Lanru gritou em voz alta:
— Wu Ruo, você é cruel e sem coração por matar seu primo! Vai arder no inferno!
Outro porteiro gritou de volta:
— E quem disse que foi minha senhora que matou seu filho?
— O corpo do meu filho foi enviado por Wu Ruo! — gritou Wu Qianli.
— Obviamente ele foi incriminado. Mesmo que minha senhora tivesse matado seu filho, você acha que ele seria tão idiota a ponto de mandar o corpo dizendo que foi ele quem o matou? Isso faz sentido pra você? Você é idiota de acreditar em quem mandou o corpo. Sabia que está ajudando o verdadeiro assassino? — zombou o guarda.
— … — Wu Qianli ficou em silêncio.
— … — Ruan Lanru também.
— … — Wu Anyi, igualmente.
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Capítulo 164: Lamber o chão
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Comeback of the Abandoned Wife
Depois que Wu Ruo morreu, ele renasceu naqueles dias sombrios em que era o mais inútil e o mais gordo — justamente a versão de si mesmo que mais odiava.
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