Capítulo 186: Encontro
Wu Ruo afastou o sorriso do rosto. Estava quase certo de que o Mestre de Ruan Zhizheng era quem havia salvado Wu Weixue.
Uma das razões era que Ruan Zhizheng o procurou logo após Hei Xuanyi ter sido ferido.
“Claramente, o plano de ameaçá-lo usando a vida de Wu Bufang não deu certo. Agora, eles devem ter criado um novo plano para atraí-lo para fora de casa e então matá-lo.”
Segundo sua dedução, Ruan Zhizheng viria informá-lo de que seu Mestre queria conhecê-lo.
Wu Ruo não tinha certeza se o Mestre de Ruan Zhizheng era o mesmo que o matou em sua vida passada.
Mas, se ele realmente foi quem salvou Wu Weixue, então havia grandes chances de ter sido também quem o matou.
Afinal, ambos pareciam estar envolvidos no plano para assassiná-lo.
“Mas… quem exatamente é esse Mestre de Ruan Zhizheng? E por que ele quer me matar?”
Wu Ruo pensou com afinco, mas não conseguiu lembrar de ninguém chamado Shengzi em suas memórias.
Na hora do almoço, enquanto todos estavam reunidos, Wu Ruo perguntou:
— Alguém aqui já ouviu falar de alguém chamado Shengzi?
Todos o olharam com confusão.
— Você está falando no sentido de um decreto imperial? — Jixi o encarou, confuso. — Claro que conhecemos o decreto imperial. Vimos um há alguns dias.
— … — Wu Ruo revirou os olhos. — Não estou falando do decreto imperial emitido pelo imperador. Shengzi é um nome.
— Ah, então não. Não conheço — respondeu Jixi.
— Pai, e o senhor? — Wu Ruo perguntou a Wu Qianqing.
Wu Qianqing balançou a cabeça.
Guan Tong também balançou a cabeça, indicando que não sabia de quem se tratava.
Wu Zhu e Wu Xi também negaram com a cabeça.
Wu Ruo franziu o cenho.
— Pensem melhor, por favor.
— Quem é esse homem? — perguntou Wu Qianqing.
— Só quero saber se alguém aqui já o conheceu.
— Nunca conheci ninguém chamado Shengzi.
— E quanto a amigos com esse nome? Ou alguém que tenham encontrado só uma vez?
— Também não.
Numu sorriu e disse:
— Eu não conheço ninguém com o nome Shengzi, mas conheço alguém que exerce o papel de Filho Celestial, que representa o Shengzi. Ele é o anfitrião de todos os rituais de oferendas.
— Mas o seu clã não costumava ter uma Mulher Celestial? — perguntou Hei Xuanyi.
— Sim, costumávamos. Mas traidores se aliaram aos Domadores de Cabeças e mataram nossa Mulher Celestial.
Na época, só um jovem adolescente era qualificado para ser escolhido como Filho ou Mulher Celestial. Ele assumiu o papel provisoriamente, até que encontrássemos alguém mais apropriado.
Wu Ruo pensou por um instante e perguntou:
— Esse Filho Celestial ainda está no seu clã?
— Claro que está. O Filho ou a Mulher Celestial não podem deixar o clã, a menos que seja por algo realmente importante.
— … — Wu Ruo permaneceu em silêncio.
“Então deve ser outra pessoa.”
Após o almoço, Wu Ruo recebeu uma mensagem de Ruan Zhizheng.
Ele o convidava para almoçar no restaurante Yipinxiang, depois de amanhã, onde apresentaria seu Mestre.
Hei Xuanyi perguntou assim que voltaram para o quarto:
— Quem é esse tal de Shengzi que você mencionou?
Wu Ruo contou tudo o que Ruan Zhizheng havia lhe dito e compartilhou seus pensamentos com Hei Xuanyi.
— Você está dizendo que Shengzi pode ser a pessoa que tem lutado contra nós? — Hei Xuanyi perguntou.
— Sim, é bem provável — respondeu Wu Ruo.
— Vai encontrá-lo?
Wu Ruo apertou os lábios.
Apesar de estar plenamente consciente de que aquilo era uma armadilha — e de que o homem chamado Shengzi talvez nem aparecesse —, ele ainda queria ir.
“Não quero perder a chance de finalmente conhecer o homem que tem tentado me matar.”
— É uma boa oportunidade para nos livrarmos de Xiujun — acrescentou.
Hei Xuanyi enrolou uma mecha do cabelo de Wu Ruo nos dedos, mas não disse nada. Parecia estar pensando em algo.
Dois dias se passaram.
No dia 8 de dezembro, Wu Ruo chegou ao restaurante Yipinxiang, escoltado por Hei Gan, Hei Xin, Hei Yang, Hei Yin e outros doze guarda-costas.
Ruan Sheng já o esperava na porta do restaurante há algum tempo. Quando viu Wu Ruo descer da carruagem, avançou com um sorriso:
— Bom dia, Senhor Ruo.
— Onde está Zhizheng? — perguntou Wu Ruo.
Ruan Sheng olhou para o terceiro andar e respondeu:
— Ele está lá em cima.
Wu Ruo ergueu os olhos e viu Ruan Zhizheng acenando para ele com um sorriso junto à janela de um salão privado no terceiro andar.
— Ruo, venha!
Wu Ruo devolveu o sorriso e entrou no restaurante com Hei Gan, Hei Xin, Hei Yang e Hei Yin, seguindo Ruan Sheng.
O local estava movimentado, cheio de clientes e garçons indo e vindo.
Ruan Sheng abriu caminho até o terceiro andar.
Assim que entrou na sala privada, Wu Ruo deu uma olhada rápida ao redor e disse:
— Me desculpe pelo atraso.
— Não se preocupe. Acabei de chegar — respondeu Ruan Zhizheng com um sorriso. Hei Xin entrou logo atrás de Wu Ruo, enquanto os outros permaneceram do lado de fora.
— Onde está seu Mestre? — Wu Ruo se sentou e perguntou.
Ruan Zhizheng serviu-lhe uma xícara de chá e respondeu:
— Meu Mestre está ocupado com outro assunto. Chegará mais tarde. Tome um pouco de chá primeiro.
— Obrigado — disse Wu Ruo, pegando a xícara. Com o canto dos olhos, observou Ruan Zhizheng e percebeu que ele parecia um pouco nervoso.
Ele sorriu de forma sarcástica e soprou o vapor do chá:
— Está quente demais. Vou esperar um pouco para beber.
— Certo — respondeu Ruan Zhizheng, e então perguntou, olhando para Hei Xin de pé atrás de Wu Ruo: — Você não costumava andar com muita gente. Por que trouxe tantos guardas agora?
Wu Ruo suspirou:
— Meu marido tem ofendido muitas pessoas ultimamente. Ele exige que eu traga mais guardas para garantir minha segurança.
— Falando nisso, ainda não conheci seu marido.
Pelo que Ruan Zhizheng sabia, o marido de Wu Ruo era terrivelmente feio — tão feio que até os contadores de histórias zombavam dele.
Mas, ao chegar à Capital Imperial, ouviu dizer que o esposo de Wu Ruo era absurdamente bonito.
Até mesmo Wu Weixue, uma mulher extremamente bela, estava perdidamente apaixonada por Hei Xuanyi.
— Gostaria de trazê-lo para que você o conhecesse — disse Wu Ruo com um suspiro. — É uma pena que ele tenha se ferido recentemente. Não pode sair.
— Tão sério assim?
— Bastante. Seu campo espiritual foi destruído.
Ruan Zhizheng se sentiu honrado por Wu Ruo estar compartilhando algo tão sério com ele.
— Não se preocupe. Ele vai ficar bem.
Wu Ruo assentiu:
— Na verdade, também queria te apresentar meu Mestre. Infelizmente, ele está muito ocupado hoje. Mas prometo que em outro dia o apresentarei a você.
Ruan Zhizheng arregalou os olhos, surpreso:
— Você tem um Mestre? Nunca me contou. E ainda disse que me invejava por ter um Mestre que me deu espíritos fantasmas. Qual é, Ruo, somos irmãos ou não?
— Claro que somos irmãos. Eu só nunca falei sobre ele porque mal o vejo. Ele só me ensina habilidades médicas.
É uma pena que eu ainda não tenha aprendido muita coisa com ele. Por isso, nunca mencionei.
Mas agora que você vai me apresentar seu Mestre, é minha vez de apresentar o meu. Ele chegou à Capital Imperial há alguns dias, e eu queria aproveitá-lo por perto para fazer essa apresentação. Mas, infelizmente, hoje ele está indisponível — disse Wu Ruo, ainda que estivesse mentindo em parte. Ele misturou um pouco de verdade à mentira para fazer Ruan Zhizheng baixar a guarda.
Ruan Zhizheng se sentiu muito melhor e disse:
— Entendo. Ainda podemos nos encontrar algum dia no futuro, quando ele tiver tempo. Tome mais um pouco de chá. Já está na temperatura ideal.
Wu Ruo pegou a xícara e bebeu todo o chá, depois comentou com um sorriso:
— Agora estou me sentindo bem mais aquecido.
O sorriso de Ruan Zhizheng se alargou quando viu a xícara vazia. Ele rapidamente serviu outra porção para Wu Ruo.
Wu Ruo olhou pela janela e disse:
— Zhizheng, seu Mestre ainda não chegou. Será que algo o impediu?
Parecia que o tal homem chamado Shengzi realmente não apareceria.
— Provavelmente sim — respondeu Ruan Zhizheng, apontando para os doces sobre a mesa. — Se estiver com fome, coma um pouco de dim sum. Podemos começar o almoço assim que meu Mestre chegar.
— Acho que não seria apropriado fazer isso sem ele — Wu Ruo recusou com um gesto de mão.
— Tudo bem. Então tome mais um pouco de chá.
Wu Ruo pegou a xícara, mas a colocou de volta na mesa.
— Não estou me sentindo bem — disse, franzindo o cenho.
— Está se sentindo tonto? — perguntou Ruan Zhizheng.
— Sim, parece que sim…
— Senhor, quer ir para casa descansar? — sugeriu Hei Xin.
— Tem uma cama aqui na sala. Ruo, você pode descansar ali mesmo — Ruan Zhizheng lançou um olhar severo para Hei Xin.
— Tudo bem. Vou descansar aqui. Zhizheng, quando seu Mestre chegar, por favor, me acorde.
— Entendido.
— Senhor Ruo, permita que o ajudemos — disseram Ruan Sheng e Ruan Ying, empurrando Hei Xin para o lado e segurando Wu Ruo pelos braços, levando-o para o quarto interno.
Ruan Zhizheng e Hei Xin os seguiram.
Wu Ruo adormeceu assim que se deitou na cama.
Ruan Zhizheng trocou olhares com Ruan Sheng e Ruan Ying.
Ruan Ying entendeu o recado e disse a Hei Xin, sorrindo:
— É melhor deixarmos o Senhor Ruo sozinho para que ele possa tirar uma boa soneca.
— Ficarei aqui para protegê-lo — respondeu Hei Xin com calma.
— Meu Mestre vai ficar aqui para proteger. Não se preocupe com isso.
Hei Xin hesitou, mas acabou saindo do quarto com eles.
Assim que os três deixaram o quarto interno, Ruan Zhizheng se aproximou de Wu Ruo e sussurrou:
— Ruo… Ruo…
Wu Ruo não respondeu.
Ruan Zhizheng deu leves tapinhas em seu rosto e zombou:
— Wu Weixue me disse que você é inteligente e cheio de truques. Mas, aos meus olhos, você é só um idiota. Como pode não desconfiar de mim nem um pouco?
Ele retirou um bracelete gravado com runas de selamento.
— Ruo, não me culpe por jogar pesado com você. É o meu Mestre quem te odeia profundamente. Como discípulo dele, sou obrigado a resolver seus problemas.
Ruan Zhizheng abriu o bracelete e estava prestes a colocá-lo no pulso de Wu Ruo.
De repente, Wu Ruo abriu os olhos e encarou Ruan Zhizheng, que ficou completamente chocado.
— Ruo… Ruo… Você…
Wu Ruo pegou o bracelete das mãos dele e o prendeu no pulso de Ruan Zhizheng. Em seguida, usou sua habilidade de congelamento fantasma para paralisar completamente seus movimentos.
— Você não deveria estar inconsciente? — Ruan Zhizheng perguntou, apavorado.
Wu Ruo deu alguns tapinhas no rosto dele, da mesma forma como Ruan Zhizheng havia feito momentos antes, e disse:
— Decepcionado por eu não ter desmaiado? Só pra constar, eu não bebi o chá.
— Impossível! Eu vi você bebendo com meus próprios olhos! — exclamou Ruan Zhizheng, arregalando os olhos. — Você usou uma ilusão pra me enganar e parecer que estava bebendo? Não… Isso não pode ser. Eu trouxe um artefato mágico que anula ilusões. Suas técnicas ilusórias não funcionam comigo!
— Não preciso te dar explicações — respondeu Wu Ruo com um sorriso sarcástico.
Na verdade, ele havia despejado a água do chá direto em seu espaço de armazenamento enquanto fingia beber. Por isso, Ruan Zhizheng achou que ele tinha ingerido tudo normalmente.
Ruan Zhizheng lançou um olhar sombrio e questionou:
— O Mestre disse que não há como detectar essa droga sonífera apenas pelo cheiro. Então como você sabia que havia uma gota dela no chá?
— De fato, eu não percebi a droga pelo cheiro — zombou Wu Ruo.
Mesmo que não soubesse exatamente qual droga era, já havia previsto que o chá poderia estar adulterado. Por isso, fingiu que não estava se sentindo bem, sem especificar qual era o sintoma.
Ruan Zhizheng foi tolo ao perguntar se ele estava tonto — e Wu Ruo apenas seguiu o jogo, confirmando.
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Depois que Wu Ruo morreu, ele renasceu naqueles dias sombrios em que era o mais inútil e o mais gordo — justamente a versão de si mesmo que mais odiava.
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