Capítulo 236: A Árvore Imortal
Wu Ruo passou a noite no palácio imperial para uma espécie de “pijamada” e, na manhã seguinte, foi convidado pelo doutor Yao a visitar o hospital imperial para estudar medicina. Só saiu de lá quando Hei Xuanyi foi buscá-lo na hora do almoço.
Wu Ruo saiu do hospital empolgado:
— Descobri que os médicos vêm de diferentes reinos! Me ensinaram a reconhecer tantas ervas que nunca vi antes, e até habilidades médicas de novas seitas!
Hei Xuanyi esperou pacientemente até que Wu Ruo finalmente parasse de falar sobre medicina, então comentou:
— Para tratar a doença causada pela deficiência de sol, contratamos muitos médicos famosos de diversos reinos. Agora temos médicos de pelo menos quinze reinos diferentes.
Wu Ruo franziu o cenho, confuso:
— Pelos gastos diários e outras despesas, parece que esse não é um reino pobre. Mas por que os cidadãos do décimo quinto andar pra baixo vivem na pobreza, diferente dos andares superiores?
— Os cidadãos abaixo do décimo quarto andar ainda são leais à antiga família real. Preferem viver na miséria a aceitar nossa ajuda. No entanto, de tempos em tempos, enviamos suprimentos essenciais para eles. Porque ainda os consideramos nossos compatriotas. Grande parte deles, na verdade, quer ficar do nosso lado, mas não consegue por causa das ameaças da antiga família. Além disso, o reino é extenso, e há lugares que podemos acabar negligenciando. Por isso, alguns cidadãos vivem na pobreza — Hei Xuanyi pensou um pouco e disse: — Depois do almoço, vou te levar para ver a superfície.
Depois da refeição, Hei Xuanyi levou Wu Ruo e Eggie até um cômodo conectado a uma formação de transporte no palácio imperial, que os levou até a terra firme.
Wu Ruo e Eggie respiraram fundo ao ver a luz do sol:
— Faz tanto tempo que não vemos o sol — disse Wu Ruo.
Eggie saiu correndo da sala, animado, e apontou para uma vista distante:
— Papai, o que é aquilo amarelo, verde e vermelho?
Wu Ruo saiu e percebeu que estavam no alto de uma torre, de onde podiam observar toda a terra se estendendo até o horizonte:
— Isso se chama terra de cultivo. Aquilo colorido são vegetais.
Hei Xuanyi os levou até o outro lado da torre e apontou para uma árvore gigante azul à distância:
— Aquela é a nossa Árvore Imortal.
O poder espiritual que emanava da árvore era intenso, e Wu Ruo pôde senti-lo com facilidade. A árvore era gigantesca, altíssima. Sob o sol, sua luz azul cintilava de forma deslumbrante, tirando o fôlego.
— Vamos dar uma olhada! — Eggie pegou o cata-vento que Hei Xuanxi lhe deu e saiu voando.
Hei Xuanyi pulou levemente e levou Wu Ruo até a árvore. Apontando para uma fruta brilhante, disse:
— Aquilo é o fruto da Árvore Imortal.
Wu Ruo olhou para a árvore que resplandecia em tons prateados e azulados:
— É uma árvore maravilhosa!
As folhas da Árvore Imortal farfalharam, como se tivessem entendido o elogio de Wu Ruo.
— À noite ela é ainda mais linda, porque toda a terra de cultivo fica iluminada pela sua luz azul — disse Hei Xuanyi.
Wu Ruo se lembrou do que havia sonhado e perguntou:
— Você vai comer todas as frutas, não vai?
O rosto de Hei Xuanyi ficou sério. Ele assentiu levemente:
— Você está certo. A árvore produz cada vez menos frutos com o passar dos anos. Pode chegar o momento em que não dê mais fruto algum… e eventualmente morra.
Ele se adiantou e acariciou o tronco da árvore. Embora seu rosto não revelasse muita coisa, dava pra perceber que não queria que nada de ruim acontecesse com ela.
Hei Xuanyi se virou e perguntou:
— Quem te contou isso?
“…” Wu Ruo.
Foi Hei Xuantang quem lhe disse… em um sonho. Mas como ele poderia contar isso a Hei Xuanyi?
Wu Ruo não respondeu e, em vez disso, perguntou:
— Se a fruta te ajuda a controlar o poder da maldição, e quanto a Xiujun? O que fizeram para conseguir ir ao Reino de Tianxing?
— Já enviaram clãs fantasmas para tentar roubar as frutas.
Wu Ruo disse:
— Quando usei Ruan Zhizheng para me livrar de Xiujun, ele poderia ter aproveitado a chance para fugir… mas voltou para tentar me matar, sacrificando a própria vida. E ainda disse que você estava me usando. Ele estava com medo de que conseguíssemos romper a maldição?
Hei Xuanyi respondeu friamente ao ouvirem falar da antiga família:
— Sim. Ele trabalhava para a antiga família. Eles tiveram muito trabalho para te tirar da Mansão Hei naquela época. Se perdessem a chance de te matar, não teriam outra. Porque uma vez que eu me recuperasse, seria impossível te matarem. Por isso ele se explodiu para te matar, mesmo que a chance de sucesso fosse de apenas meio por cento.
— Eu não entendo. Como você mesmo disse, romper a maldição permitiria voltar a ver a luz do sol e sair do reino para sempre. Isso pode até não ajudar a antiga família, mas com certeza também não prejudica — questionou Wu Ruo.
— Dizem que, quando a maldição for quebrada, a antiga família vai desaparecer e virar cinzas sob a luz do sol.
O corpo de Wu Ruo estremeceu. Foi exatamente assim que Hei Xuanyi morreu em seu sonho.
Hei Xuanyi percebeu que algo estava errado com ele. Caminhou até seu lado:
— O que foi?
— Nada. Eu estou bem — Wu Ruo respirou fundo e disse: — Só me lembrei de algo horrível. Mais uma pergunta. Qual é a sua relação com os fantasmas? Por que eles recebem ordens suas?
— Tem certeza de que está bem? — Hei Xuanyi segurou suas mãos frias e perguntou.
— Estou sim. Mas você ainda não respondeu minha pergunta.
Hei Xuanyi aqueceu suas mãos entre as dele e explicou:
— Você sabe que o povo do clã fantasma, na verdade, não são fantasmas. São híbridos, nascidos da união entre fantasmas e humanos, ou entre dois fantasmas. As pessoas do Reino da Alma Morta são especialistas em manipular fantasmas e almas. Por isso, os ancestrais deles — fantasmas de verdade — já foram controlados por nós.
— Para reencarnar no submundo, eles firmaram um contrato com o Reino da Alma Morta. O acordo diz que os descendentes deles devem obedecer às ordens da nossa família real.
— Qualquer outro cidadão que quiser manipular fantasmas, precisa firmar um contrato diretamente com o fantasma — explicou Hei Xuanyi.
— Xiujun e seu povo também conseguiam manipular fantasmas. Se vocês dois entrarem em conflito, os fantasmas vão acabar brigando entre si — comentou Wu Ruo.
— Nesse caso, seria uma guerra interna entre nós e a antiga família — disse Hei Xuanyi.
— Quando você me contou sobre sua inimizade, estava se referindo à antiga família?
— Sim.
Wu Ruo já conhecia o pano de fundo geral do Reino da Alma Morta.
— Papai, posso comer isso? — perguntou Eggie, apontando para uma fruta prateada enquanto voava até a árvore.
— Essa fruta tem muito significado pro seu pai. Você não pode comê-la.
Eggie ficou decepcionado.
As folhas da Árvore Imortal voltaram a farfalhar. A fruta que Eggie havia apontado caiu no chão como uma estrela cadente.
— Papai, eu não toquei nela! — Eggie se apressou em explicar.
“…” Wu Ruo tinha visto tudo com os próprios olhos.
— A árvore tem um espírito imortal. Talvez tenha sentido que o Eggie gostou da fruta e a deixou cair como presente para ele — Hei Xuanyi pegou a fruta sorrindo e a jogou para Eggie. — É um presente da Árvore Imortal. Cuide bem dela. Não vá comendo logo de cara.
A fruta era extremamente rara. Eggie poderia comê-la como um lanche especial.
Os olhos de Eggie brilharam intensamente ao segurá-la.
— Obrigado, pa… ah, bastardo!
Os olhos de Hei Xuanyi se contraíram.
Teria dado umas palmadas no garoto se Wu Ruo não estivesse por perto.
— Chama ele de pai — disse Wu Ruo com um sorriso.
— Posso chamá-lo de pai agora? — perguntou Eggie.
— Pode.
— Isso significa que você o perdoou? — Eggie riu.
— Mm — respondeu Wu Ruo, olhando para Hei Xuanyi.
Hei Xuanyi segurou o braço dele e o beijou nos lábios.
Wu Ruo o interrompeu com uma das mãos:
— A Árvore Imortal está olhando pra gente.
— Ela não sabe o que estamos fazendo.
Wu Ruo revirou os olhos:
— Você acabou de dizer que ela tem um espírito imortal.
“…” Hei Xuanyi.
Lá de cima de um galho, Eggie gritou:
— Eu vi vocês se beijando! Tão tímidos!
A árvore farfalhou novamente, como se respondesse às palavras de Eggie.
— Vamos nos beijar em outro lugar — Hei Xuanyi levou Wu Ruo para longe da árvore.
Wu Ruo olhou para trás, na direção da Árvore Imortal. Talvez fosse a luz… ou o sol… mas ele achou ter visto uma figura translúcida parada debaixo da árvore. Parecia um homem.
— Xuanyi, você viu o homem debaixo da árvore? — perguntou, apontando.
No instante em que Hei Xuanyi se virou, a figura desapareceu. Logo depois, uma pessoa voou até o local onde ela estivera e sorriu para Hei Xuanyi e Wu Ruo.
— Que estranho… ele sumiu — Wu Ruo estava confuso. — Por que o Grande Mestre Espiritual está aqui?
Hei Xuanyi explicou:
— Ele vem aqui todos os dias para regar, afastar pragas e fertilizar a árvore. Meu bisavô costumava dizer que ele tinha uma aparência jovem porque a Árvore Imortal lhe injeta um pouco de poder espiritual imortal.
— Ele tem um vínculo profundo com a árvore.
— Sim. Ficou deprimido por muito tempo quando soube que a Árvore Imortal não sobreviveria por muitos anos.
Chegou até a forçar os médicos imperiais a criarem um remédio para prolongar a vida da árvore.
Mas os médicos imperiais são apenas mortais. Como poderiam estender a vida de uma árvore imortal?
Mais tarde, o Grande Mestre Espiritual parou de insistir para que tratassem a árvore… sem dar nenhuma explicação.
Assim que Hei Xuanyi e Wu Ruo voaram para longe da árvore, Eggie pulou do galho e se lançou nos braços do Grande Mestre Espiritual.
— Você trouxe bolos, Grande Mestre Espiritual?
O velho apertou o nariz do menino e disse:
— Tudo que você pensa é em comida. Não trouxe nada pra comer agora. Mas tenho alguém pra te apresentar.
Eggie o olhou, confuso.
O Grande Mestre Espiritual apontou para a Árvore Imortal:
— Esse é o vovô Árvore Imortal.
A árvore sacudiu o tronco, como se estivesse insatisfeita com aquilo.
O Grande Mestre Espiritual riu e perguntou:
— Eggie, ouviu isso?
— Eu ouvi a árvore falar — disse Eggie, curioso.
Ele tinha escutado: “Não me chame de vovô.”
— Você é um produto do poder espiritual. Claro que ouviu. Eu mesmo só consegui ouvir quando fiz cem anos.
— Porque você era burro — disse a árvore.
— É verdade. Eu era mesmo. Agora que consigo te ouvir… quer dizer que fiquei inteligente? — O Grande Mestre Espiritual acariciou o tronco. — Temos esperança de romper a maldição, graças aos seus frutos. Mas você perde seu poder espiritual por causa disso.
Ficou um pouco abatido, mas logo sorriu:
— Quando a maldição for rompida, você e eu vamos viajar por todos os reinos. O que acha?
A árvore farfalhou suavemente, como se estivesse satisfeita com a sugestão.
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Capítulo 236: A Árvore Imortal
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Comeback of the Abandoned Wife
Depois que Wu Ruo morreu, ele renasceu naqueles dias sombrios em que era o mais inútil e o mais gordo — justamente a versão de si mesmo que mais odiava.
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