Capítulo 240: Vou te roubar!
Depois que saíram do Palácio de Yuxiang, Wu Ruo, com Eggie nos braços, e Hei Xuanyi caminavam por uma trilha tranquila. Não havia eunucos nem criadas os acompanhando — apenas guardas patrulhavam ocasionalmente ao redor.
— Alguém te contou o que aconteceu hoje? — perguntou Wu Ruo.
Hei Xuanyi assentiu:
— Meu compatriota me contou depois que Miaoyi deixou o palácio.
Wu Ruo ficou comovido. Para confortá-lo, a primeira coisa que Hei Xuanyi fez ao receber a notícia foi contar à sua família que Eggie era seu filho.
— Por que você tem tanta certeza de que Eggie tem seu sangue e minha carne?
Eggie, ao ouvir seu nome, olhou para Wu Ruo enquanto brincava com seus brinquedos. Piscou os olhos e voltou a se concentrar. Hei Xuanyi inclinou o rosto até a carinha fofa do filho e explicou:
— As crianças criadas pela Pedra Sanqi protegem muito bem seus pais.
Wu Ruo parou de andar e perguntou:
— Você sabe exatamente como Eggie nasceu?
Hei Xuanyi olhou diretamente para Wu Ruo e respondeu:
— Posso adivinhar.
Wu Ruo ficou surpreso.
Se só existia uma Pedra Sanqi no mundo, era fácil deduzir de onde viera a outra. Além disso, Hei Xuanyi era extremamente inteligente e, com certeza, poderia ter pensado além disso.
Hei Xuanyi colocou uma mecha do cabelo de Wu Ruo atrás da orelha.
— Vou anunciar a todo o reino que Eggie é nosso filho depois do nosso casamento.
O coração de Wu Ruo derreteu só com essa declaração simples. Seu peito se encheu de amor e carinho, e ele começou a sorrir largo, os olhos brilhando.
— Eggie, cubra os olhos — disse ele.
Eggie obedeceu na hora e tampou os olhos com as mãos.
Wu Ruo passou os braços ao redor do pescoço de Hei Xuanyi e, puxando-o, beijou-o nos lábios.
Hei Xuanyi ficou surpreso no início, mas logo foi tomado por uma onda de emoção. Enlaçando a cintura de Wu Ruo, puxou-o para mais perto e intensificou o beijo, ainda mais apaixonado do que nas vezes anteriores.
Estavam tão mergulhados no beijo que nem perceberam os guardas passando por perto.
Eggie abriu os dedinhos para espiar por entre eles como seus pais se amavam. Sorriu e fez sinal de silêncio para os guardas.
Os guardas se divertiram com o quão fofo era o pequeno príncipe e com o quanto o príncipe herdeiro e sua esposa se amavam. Caminharam de pontas de pés, evitando fazer qualquer barulho.
Hei Xuanyi soltou os lábios de Wu Ruo e disse com uma voz baixa, sexy e provocante:
— Vamos voltar.
Wu Ruo prendeu a respiração e assentiu. Eles voltaram sorrateiramente ao Palácio Hengxing e deixaram Hei Xin encarregado de cuidar de Eggie. Em seguida, Wu Ruo e Hei Xuanyi foram juntos para o banho. Em pouco tempo, suspiros e gemidos começaram a ecoar.
Eles não faziam amor desde que haviam se separado durante a tempestade ao chegarem no Reino da Alma Morta. Depois de tanto tempo, redescobriram um ao outro. Era como se tudo fosse novo de novo. Por isso, não pararam após a primeira vez — foram do banho até o quarto, repetidas vezes.
As criadas coraram ao ouvir os gemidos e suspiros. Só terminou à meia-noite.
Wu Ruo dormiu a noite inteira deitado sobre o peito de Hei Xuanyi. Quando este se mexeu, ele conseguiu abrir os olhos cansados.
Hei Xuanyi deu algumas palmadinhas suaves em suas costas.
— Dorme mais um pouco.
Wu Ruo não queria que ele fosse embora.
— Aonde você vai tão cedo?
Hei Xuanyi o ajustou um pouco nos braços.
— Vou para as cidades abaixo do décimo terceiro andar.
— Me leva com você — a mente de Wu Ruo clareou de repente.
Hei Xuanyi ficou surpreso e perguntou:
— Tem certeza de que não quer dormir mais um pouco?
— Não precisa — Wu Ruo revirou os olhos e se vestiu rapidamente.
Hei Xuanyi o deteve e pediu que um criado trouxesse um conjunto de roupas apropriadas para Wu Ruo.
— Você vai usar esse tipo de roupa sempre que sair comigo.
Wu Ruo lançou um olhar para a máscara branca no topo da pilha de roupas. Entendeu que Hei Xuanyi estava tentando protegê-lo.
Os cidadãos não sabiam como era a aparência da princesa herdeira. Se saísse como Wu Ruo, ninguém o confrontaria ou o machucaria sem motivo. Mas se descobrissem que ele era a princesa herdeira, tanto ele quanto sua família estariam em sérios apuros.
Enquanto vestia as roupas, perguntou:
— Eles sabem que minha família também está aqui no Reino da Alma Morta?
— Ainda não — respondeu Hei Xuanyi, instruindo os criados a arrumarem o cabelo dele.
Depois do café da manhã, Hei Xuanyi colocou pessoalmente a máscara branca em Wu Ruo.
Wu Ruo se olhou no espelho e achou que estava com uma aparência muito misteriosa — especialmente com a máscara branca e as roupas brancas. Virou-se, ergueu o queixo de Hei Xuanyi e disse com uma voz grave:
— Vou te roubar!
— Roubar o quê? — perguntou Hei Xuanyi.
— Seu corpo.
— Já é seu — respondeu Hei Xuanyi com um sorriso, beijando a máscara.
— Assim tão fácil? — Wu Ruo estreitou os olhos. — Você daria seu corpo para outra pessoa?
— Só por cima do meu cadáver — disse Hei Xuanyi.
— Eu acredito em você — Wu Ruo sorriu e saiu do quarto ao lado de Hei Xuanyi.
Eggie correu até eles quando os viu saindo.
— Papai, pra onde vai?
— Seu pai e eu vamos visitar outros andares — disse Wu Ruo.
Eggie estendeu os bracinhos e abraçou as pernas de Wu Ruo, suplicando:
— Quero brincar com você!
— Não vamos brincar. E talvez você nem possa comer nada se vier comigo.
Eggie largou Wu Ruo imediatamente e disse:
— Papai, pai, cuidem-se!
— Só pensa em comida — Wu Ruo se divertiu com a fofura dele.
Hei Xuanyi acariciou a cabecinha de Eggie. Em seguida, ele e Wu Ruo deixaram o Palácio Hengxing e seguiram para o estacionamento das carruagens de bestas. Os oficiais já esperavam Hei Xuanyi ali havia algum tempo, entre eles Lou Qingluo.
Wu Ruo caminhava logo atrás, seguindo Hei Xuanyi de perto, como se fosse um guarda pessoal.
Mas nenhum guarda usava roupas tão refinadas. Por isso, ele atraiu imediatamente a atenção de todos os oficiais presentes. Ainda assim, Hei Xuanyi não tinha intenção de disfarçar Wu Ruo como guarda. Sem cerimônia, puxou Wu Ruo para dentro da carruagem, bem na frente dos oficiais.
Os oficiais trocaram olhares, intrigados com a identidade daquele homem vestido de branco. Afinal, até mesmo o nobre príncipe herdeiro o ajudara a subir na carruagem.
Lou Qingluo suspeitou que aquele poderia ser a princesa herdeira, já que o príncipe herdeiro jamais tocaria alguém de forma tão espontânea.
— Partam — ordenou Hei Xuanyi.
Os oficiais se viraram e subiram em outras carruagens, seguindo o comboio de Hei Xuanyi.
Hei Xuanyi e seu grupo chegaram ao décimo terceiro andar por meio da formação de transporte oficial. Inspecionaram os andares treze e catorze, constatando que a maioria dos moradores vivia na pobreza.
No entanto, apesar das dificuldades, levavam vidas pacíficas e estáveis. O maior sofrimento da população era a doença por deficiência de luz solar.
Eles não desceram da carruagem em nenhum momento até chegarem ao décimo quinto andar. A situação ali era um caos. Roubos, furtos e valentões estavam por toda parte, pois a extrema pobreza levava as pessoas ao desespero.
— Parem — disse Hei Xuanyi.
O comboio estancou.
Hei Xuanyi desceu da carruagem e se aproximou da porta para ajudar Wu Ruo a sair.
Wu Ruo recusou a ajuda. Saltou da carruagem por conta própria e ajeitou a máscara no rosto.
— Onde estamos?
— Vila Man, no décimo quinto andar.
Os oficiais também desceram das carruagens e pegaram seus cadernos e lápis de carvão. Alguns tinham a tarefa de registrar cada palavra dita por Hei Xuanyi; outros, de anotar tudo o que observassem e experimentassem ali.
Wu Ruo lançou um olhar aos cronistas atrás de Hei Xuanyi e decidiu não falar nada — não queria que os oficiais gravassem sua conversa.
Hei Xuanyi, então, ordenou que o cronista se afastasse.
— Acho que só o Imperador tem um cronista pessoal — sussurrou Wu Ruo.
Mas como Hei Xuanyi ajudava o Imperador na revisão dos documentos do reino, não era tão estranho que tivesse seu próprio cronista.
Hei Xuanyi explicou:
— O príncipe herdeiro do Reino da Alma Morta tem o mesmo poder que o Imperador. Por isso, o cronista precisa registrar tudo sobre o príncipe herdeiro.
— Até o que eu disser?
— Sim.
— Se eu disser que gosto de você… ou te beijar, ele vai registrar isso também? — Nesse caso, Wu Ruo achou melhor controlar seu comportamento, com receio de ser mal interpretado pelo cronista.
Hei Xuanyi sorriu. Na verdade, queria que o cronista registrasse aquilo — desde que Wu Ruo dissesse em voz alta, na frente dele.
Lou Qingluo notou o leve sorriso de Hei Xuanyi. Era tão belo e arrebatador quanto as flores frias que desabrocham no inverno. Ela não conseguia desviar o olhar. Infelizmente, Hei Xuanyi não sorria por causa dela.
— Quem é essa pessoa? Por que o príncipe herdeiro está sorrindo para ele? — sussurrou um dos oficiais.
— Deve ser a princesa herdeira.
— O príncipe herdeiro vai mesmo se casar com um homem? — o oficial comentou com desdém.
— Dizem que é para quebrar a maldição.
Ninguém disse nada, porque todos naquele momento estavam desesperados para quebrar a maldição o quanto antes. Mesmo que não gostassem da ideia de o príncipe herdeiro se casar com um homem, precisavam respeitar a princesa herdeira como se fosse um deus.
Wu Ruo e Hei Xuanyi também ouviram a conversa. Wu Ruo olhou ao redor e perguntou:
— O que devemos fazer agora?
— Distribuir arroz aos cidadãos — respondeu Hei Xuanyi.
Um dos guardas deu um passo à frente e disse:
— Alteza, carregamos uma carruagem cheia de arroz.
Hei Xuanyi assentiu e disse:
— Entreguem aos cidadãos.
— Sim, senhor.
Hei Xuanyi, Wu Ruo e os demais oficiais observaram atentamente enquanto os guardas levavam o arroz, porta a porta.
Foi algo que deixou Wu Ruo ainda mais intrigado. Normalmente, as pessoas correriam para disputar sua parte assim que soubessem da distribuição. Mas ali, tudo foi diferente. Os cidadãos fugiram assim que viram os guardas.
As ruas ficaram vazias num piscar de olhos. Por isso, os guardas foram obrigados a bater de porta em porta.
Os moradores abriam a porta apenas o suficiente para estender uma tigela grande ou uma panela através da abertura. Assim que recebiam o arroz, puxavam rapidamente o recipiente de volta e fechavam a porta na mesma hora. Agiam como se os guardas fossem portadores de alguma doença contagiosa.
Os guardas então marcavam a porta do cidadão, indicando que aquele lar já havia recebido sua porção de arroz.
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Depois que Wu Ruo morreu, ele renasceu naqueles dias sombrios em que era o mais inútil e o mais gordo — justamente a versão de si mesmo que mais odiava.
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