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I Have a Sword to Ask the Heavens

Capítulo 21

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🟡 Em breve

A colher pairava perto de sua boca, mas Xia Shi não conseguiu se forçar a aceitar. Inclinando-se para trás, ela pegou a tigela das mãos de Suiyin.

— Eu consigo sozinha.

A sopa, preparada com ervas espirituais, emanava calor enquanto ela bebia. Xia Shi engoliu três goles direto da borda; sua palidez melhorou visivelmente — o efeito foi imediato.

Suiyin observava com um sorriso satisfeito.

— Funciona mais rápido do que imaginei.

Depois de guardar a tigela vazia, ela desceu as escadas com a caixa de alimentos.

Sozinha na cama, os pensamentos de Xia Shi se embolavam como fios enredados — sem começo nem fim.

Será que elas realmente dividiriam a cama naquela noite?

Ela olhou para a janela. A luz da lua banhava as estrelas esparsas, fazendo o telhado do outro lado parecer convidativo.

A porta rangeu ao se abrir novamente. Suiyin entrou com dois cobertores e um embrulho disforme apertado contra o peito.

Xia Shi piscou.

— …O que é isso?

— Vou fazer uma cama no chão — respondeu Suiyin, estendendo um dos cobertores ao lado da cama e puxando um travesseiro. Seu sorriso suavizou. — Eu me mexo dormindo. Não quero te esmagar.

— ……

O sorriso sincero de Suiyin desarmou Xia Shi. Ela, que estava se perdendo em conjecturas, enquanto Suiyin transbordava genuinidade.

A escuridão engoliu o quarto quando as luzes se apagaram. Nenhuma das duas dormia. Xia Shi ouvia a respiração inquieta de Suiyin.

Virando-se para a beirada, ela espiou através do fraco brilho vindo da janela. Um vulto em forma humana jazia rígido no chão — mãos sobre o estômago, postura artificialmente imóvel.

Até parece que se mexe dormindo.

— Ainda está acordada? — A voz de Suiyin se voltou para ela na penumbra.

— Eu…

As palavras emperraram na garganta de Xia Shi.

— Não tenho família. Nem amigos. A Tia Yan foi minha única companhia desde a infância — sussurrou Suiyin, rompendo o silêncio. — Você é a primeira pessoa que me soa… familiar. A Tia Yan diz que eu esqueci de algo. Uma pessoa? Uma lembrança? Eu não sei.

Pausa. Então, mais suave —

— Xia Shi. Nós… já nos conhecemos no passado?

A voz de Suiyin era branda, mas atingiu os ouvidos de Xia Shi como um trovão.

Seu coração, antes compassado, de repente acelerou.

Ela se lembrou da formação ilusória no Pavilhão Linglong, antes da tribulação do trovão. Havia alguém que a seguia constantemente, grudada ao seu lado, e que no fim a atravessara com a Espada Impiedosa.

Sem aquela ilusão, jamais teria sabido da existência daquela pessoa, nem teria descoberto a anomalia durante sua tribulação.

Suas memórias haviam sido apagadas.

As palavras de Suiyin agora faziam Xia Shi sentir como se tivesse sido mergulhada em água gelada.

Ilusões não incluem pessoas não relacionadas — Suiyin havia entrado apenas alguns instantes depois dela.

Naquelas memórias perdidas, seria Suiyin a companheira que a traiu?

Xia Shi se recusou a pensar mais. Enterrando as unhas na palma, virou-se para a parede.

Ao ouvir o movimento, mas sem receber resposta, Suiyin se apressou até a beirada da cama na escuridão. Quando sua mão se estendeu em direção à figura sob os cobertores, uma luz fria brilhou.

A energia cortante da espada passou rente à sua bochecha, cortando uma mecha de cabelo.

Meio centímetro mais perto, teria sido a morte.

————

Reino Sanqing, Pico Wentiang.

Xia Shi mal conseguiu retornar usando a formação de teletransporte de emergência. A formação pré-configurada em seu quarto impediu a exaustão espiritual completa.

Cristais de gelo se formavam entre suas sobrancelhas enquanto o frio invadia seus ossos.

Ventos uivantes congelavam seus meridianos, enquanto a neve castigava o pico.

Caída no chão congelado, ela não conseguia nem mexer um dedo antes que a escuridão a engolisse.

A mulher sem rosto da ilusão reapareceu em seus sonhos. Sentavam-se lado a lado, rindo enquanto conversavam.

Como uma espectadora, Xia Shi assistia à jornada de vida ou morte das duas, que terminava no Domínio Sombrio. Xia Wuwei erguia uma barreira contra a tribulação do trovão, enquanto a mulher preparava formações protetoras.

Apesar de estar sem espada há quatrocentos anos, Xia Shi reconheceu as formações de imediato. Aquelas não eram protetoras — eram padrões de teletransporte massivo, que forçariam a relocação de tudo ao redor.

Ela ergueu a cabeça bruscamente quando a mulher dos sonhos terminou a formação. Ao se virar lentamente, seus traços surgiram:

Sobrancelhas afiadas acima de um nariz retilíneo, lábios talhados como aço — um rosto armado de severidade, tão aterrador quanto uma lâmina desembainhada.

O reconhecimento a atingiu quando o rosto se revelou por completo. Xia Shi despertou engasgando com sangue.

Um cheiro amargo invadiu suas narinas. Piscando para as ervas penduradas, percebeu que estava deitada na Floresta do Outono — o domínio dos cultivadores medicinais.

Cada membro doía enquanto ela cuspia sangue escuro. A revelação do sonho a aterrorizava — aquela expressão cruel deformando os traços familiares de Suiyin.

— Pacientes acordados não devem se agitar tanto — disse uma voz. — Se desmaiar de novo, como poderei encarar o líder da seita?

A voz da mulher era gentil ao se aproximar com uma tigela de remédio negro como breu. Ao ver a poça de sangue ao lado da cama, ela pareceu aliviada.

— Ainda bem que colocou para fora. Caso contrário, teria dormido por dias. Beba.

Ela ajudou Xia Shi a se sentar e ofereceu a tigela do remédio.

Xia Shi não a pegou. Fitando o líquido escuro como tinta, murmurou roucamente:

— Irmã sênior, eu…

Shen Huaiwen sorriu de leve, com uma das sobrancelhas se arqueando.

Xia Shi reconheceu aquela expressão desde a juventude — sempre significava encrenca para alguém.

Certa vez, o filho de um nobre que estudava no Reino Sanqing as insultara repetidamente. Elas toleraram até ele ultrapassar os limites, incendiando os campos de ervas da irmã na Floresta do Outono certa noite.

Xia Shi se lembrava perfeitamente de como sua irmã sênior usara exatamente aquela expressão na manhã seguinte, enquanto observava a terra queimada.

Dentro de poucos dias, criaturas venenosas morderam o jovem enquanto dormia. Quando carregaram seu corpo inchado até a Floresta do Outono, ele passou seis meses sob os “cuidados” de Shen Huaiwen antes de fugir para casa, aterrorizado por rostos sorridentes.

Ao ver aquele sorriso novamente, depois de um século, Xia Shi estremeceu. A versão amadurecida era ainda mais assustadora.

Ela engoliu o remédio obedientemente. Um fogo explodiu em sua garganta, o amargor picante se espalhando por sua língua. Agarrando-se à moldura da cama, ela resmungou:

— Por que está picante?

Ela esperava amargor, não aquela ardência!

Lágrimas brotaram quando ela soltou um chiado, olhando freneticamente ao redor do quarto.

Shen Huaiwen deu uma risadinha, oferecendo água preparada e frutas cristalizadas.

Depois de engolir dois goles e chupar os doces, a testa de Xia Shi ficou úmida de suor.

— A líder da seita mandou chamar você no pico principal assim que puder se mexer.

Sabendo que levaria uma bronca, Xia Shi se largou fraca sobre os travesseiros.

— Irmã sênior… Eu não consigo ir…

Shen Huaiwen a tocou com um pergaminho — uma repreensão leve como uma pluma.

— Direi que ainda está inconsciente.

— Obriga—

A escuridão preencheu o vão da porta.

— Desnecessário.

Ye Xiao estava emoldurada na entrada, irradiando autoridade.

— Huaiwen, deixe-nos.

Shen Huaiwen se aproximou dela.

— Não seja dura demais.

— Eu conheço meus limites.

Xia Shi se sentou imediatamente, a cabeça baixa.

— Xia Wuwei! — a voz de Ye Xiao rachou como gelo. — Ainda acha que sua espada pode desafiar os céus? Eu não proibi você de sair do Reino Sanqing sem permissão? Ah, mas sem o Mestre aqui, por que obedecer a alguém? Gênio favorecida pelos céus!

— Você volta meio morta. O Reino Sanqing lhe deve algo? Há quatrocentos anos protegemos você das seitas líderes. E agora vem com mais problemas?

— Irmã júnior! — Shen Huaiwen voltou, a expressão carregada. — Isso é demais!

— Demais? — Ye Xiao encarou a cabeça abaixada. — Estou sendo gentil. Se não fosse pela ordem do Mestre, ela nem estaria aqui!

Shen Huaiwen prendeu a respiração e gritou com firmeza:

— Ye Xiao!

— Chega.

Ye Xiao se virou abruptamente.

Shen Huaiwen suspirou e se aproximou para acariciar os cabelos de Xia Shi. Após um longo silêncio, murmurou:

— O coração dela é mais suave do que as palavras. Quando trouxe você ontem à noite, seus olhos estavam inchados de tanto chorar. Ela ficou vigiando a porta até o amanhecer, só saiu quando sua condição estabilizou.

— Não se prenda à dureza dela.

Xia Shi balançou a cabeça fracamente.

— Ela está certa. A culpa é minha.

Uma dor surda se espalhou pelo peito de Shen Huaiwen. A lembrança da sua outrora orgulhosa Irmã Júnior parecia se esvair ainda mais.

Ela se curvou para abraçar Xia Shi, sentindo as lágrimas quentes encharcarem sua túnica. Os soluços abafados da mais jovem foram gradualmente silenciados quando o sono voltou a dominá-la.

Depois de cobri-la com o cobertor, Shen Huaiwen saiu do quarto. Ao descer dois degraus da escada de madeira, viu Ye Xiao apoiada contra uma pilastra.

— Era necessário tanta crueldade? Esses anos também não foram gentis com ela.

A rigidez anterior de Ye Xiao havia diminuído.

— A imprudência dela me enfurece. Se ela simplesmente ficasse quieta em vez de buscar o desastre, eu poderia protegê-la de verdade.

— Você sabe que ela não consegue. Quatrocentos anos no caminho da tranquilidade não domaram o espírito dela. — A testa de Shen Huaiwen se franziu. — Ela está começando a se lembrar.

— Daquele incidente? — Ye Xiao enrijeceu.

Diante do aceno sombrio de Shen Huaiwen, ela soltou um suspiro agudo.

— O Mestre avisou que esse dia chegaria. As escolhas agora são dela. — Sua espada vital materializou-se com um movimento de pulso. — Proteja-a.

————

Qingshou, Vale dos Dragões Subjugados

Suiyin prendeu a bolsa com os frutos de sangue, os pés deslizando sobre a superfície da água como um martim-pescador veloz.

— Ficou maluca? — o grito de Lu Ciyou ecoou pelo lago. — Ela te abandonou!

Uma sombra escamosa emergiu atrás deles. As mandíbulas do dragão negro se fecharam exatamente onde Suiyin estivera momentos antes.

— Eu preciso de respostas! — Suiyin desviou, os olhos em chamas.

— Então pergunte aos vivos, não cave frutos podres!

A discussão enfureceu a fera. Trombas d’água explodiram quando o dragão ascendeu, seu rugido sacudindo céu e terra.

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Na grande competição do Reino Sanqing, Suiyin conquistou o primeiro lugar em esgrima, recebendo a rara oportunidade de escolher seu mestre. Selecionar um mestre digno significava...

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